Com a repercussão da premiação dada a Fernanda Torres, atriz protagonista do filme Eu Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, os lulistas de repente passaram a descontextualizar a figura do político Rubens Paiva.
A euforia dos lulistas e seu protagonismo artificial já criaram “pérolas”, como o silêncio em torno do legado maldoso de Michel Temer, que fez com que o presidente Lula e seus seguidores passarem a adotar posturas estranhas em relação ao ideário esquerdista, posições que são adotadas sob o eufemismo de “democracia”.
Com isso, a direita moderada passou a ser aceita, assim como parte do seu legado. As esquerdas médias já ensairam isso com os “brinquedos culturais”, tentariva de ressignificar valores e ídolos da direita ditatorial ou neoliberal para o contexto pretensamente progressista.
E aí vemos certas narrativas das esquerdas lulistas nas quais Jair Bolsonaro teria sido “educado para odiar Rubens Paiva”, o que é um absurdo, pelas razões históricas e factuais que se conhece.
Por pior, nefasto e nocivo que seja Bolsonaro, devemos lembrar que ele foi um subproduto de um culturalismo reacionário que também produziu funqueiros e “médiuns” feitos para ludibriar a sociedade através da domesticação do povo pobre. Um culturalismo que exaltou a bregalização cultural, a degradação das classes populares sob o rótulo oportunista do “combate ao preconceito”.
Bolsonaro foi apenas um operador do golpe político de 2016 e nem foi seu mentor. Foi apenas um ator de roteiro alheio, um intérprete de obras de outros autores, vários deles fugindo do julgamento da História agora se passando por “democráticos”.
Se observarmos a relação da ditadura militar, Bolsonaro era muito jovem para ter alguma influência no poder ditatorial e, como um cidadão ocupado com sua vida juvenil na época so aige da repressão, a última coisa que ele poderia saber era a respeito de Rubens Paiva.
A imprensa, na época do desaparecimento do pai de Marcelo Rubens Paiva, vivia sob o fardo pesado do AI-5. O ex-deputado Rubens Paiva “inexistia” na imprensa, a censura não permitia que a repressão fosse noticiada. Se Rubens Paiva era um “completo estranho” para o brasileiro médio nos anos de chumbo, imagine para um adolescente conservador do subúrbio de Bento Ribeiro, no Rio de Janeiro, ocupado com os interesses pessoais.
Os jornalistas da mídia alternativa, às vezes brincando de serem historiadores e poetas, não entendem que Bolsonaro não é um ícone clássico da ditadura militar, mas uma fogura menor, perigosa e nociva à sua maneira, mas que nunca deve ser supervalorizada como se fosse a única encarnação do Mal em toda a História do Brasil.
Bolsonaro não é o Criador do Mal. Ele é uma criatura, que hoje é superestimada pelo imaginário lulista, parecendo um gigante monstruoso. Mas a distância do tempo, daqui a vários anos, mostrará Bolsonaro num micróbio político perdido no desprezo das futuras gerações.
Quanto às relações entre Jair Bolsonaro e Rubens Paiva, elas foram apenas plantadas pelas narrativas movidas pelas circunstâncias. Mas a verdade é que os dois têm a distância relacional de um universo, nada havendo um com outro. São apenas dois estranhos forçadamente ligados pelas narrativas tendenciosas da hora.
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