O EMPRESARIADO PENSA QUE COMPRAR IMÓVEIS E PLANOS DE INTERNET É IGUAL A COMPRAR PÃO NOS FINS DE SEMANA E FERIADOS.
Sabemos que se tem que cumprir deveres e ter que aceitar trabalhar em fins de semana e feriados. Ainda que fosse em supermercados, restaurantes ou shopping centers, vá lá, mas certas funções não têm tanta necessidade assim de exigirem serviços nos dias de folga.
O caso dos corretores de imóveis e dos profissionais de telemarketing, exigir trabalho em dias de folga é um abuso do qual os patrões tentam persuadir com um discurso envolvente, capaz de convencer o profissional iniciante, desesperado por uma remuneração.
Na corretagem, é muito comum gerentes dizerem aos estagiários de corretor de imóveis: “Enquanto muita gente gostaria de passar o Natal, o Ano Novo e o Carnaval em casa, dormindo, a gente trabalha nos horários de folga para conseguir uma venda”.
Alguns argumentos tentam convencer o (a) empregado (a)a abandonar esposa ou esposo, filhos, mãe doente e sacrificar horas de sono em prol de uma carga horária pesada, que vai das 08h45, horário da “roleta” - sorteio no qual se deyermina a ordem de atendimento de cada corretor - , até o fim da noite, em tese até as 22 horas.
O argumento chega a fazer narrativas fantásticas, nas quais o gerente conta uma estória na qual, no plantão de domingo, o gerente narra que, nas 23 horas, com a rua toda vazia, veio um comprador de bermudas e chinelo que fechou negócio e comprou um imóvel. Fato ou blefe?
Há também relatos de que, nos dias de temporal, o primeiro lugar que as pessoas pensam em usar como abrigo é um estande de vendas de uma incorporadora de imóveis e, do nada, surge uma intenção de comprar um imóvel de repente, naquela situação incômoda.
No telemarketing, cancela-se os feriados com a alegação de que, nos dias de Natal e Ano Novo, as pessoas, em tese, abririam mão do descanso para comprar coisas como um plano de Internet residencial.
A desculpa é que a empresa tem dificuldades e necessita de dias de trabalho para fechar vendas e obter lucros, sempre apostando na falácia de que, em dias de folga, as pessoas mais compram do que descansam. Típico argumento dos escravocratas pós-modernos, adeptos de aberrações como a escala 6x1.
O mercado insiste nessa ideia fantasiosa de que as pessoas compram imóveis, planos de Internet residencial e coisas parecidas com a urgência de alguém que compra pão de manhã cedo para sua refeição matinal.
Isso é absurdo. E a falácia toda faz com que corretores e operadores de telemarketing tenham que ficar à toa, esperando por uma venda que não se realiza. E, além disso, no caso dos corretores, ainda se permite dormir em serviço, quando o movimento de clientes é confirmadamente fraco e o dorminhoco seja, pelo menos, o terceiro nome da “roleta”. Mas no telemarketing não se pode dormir e o único descanso se dá em pausas de até vinte minutos.
Essa é uma realidade sombria que o negacionista factual não quer mostrar, porque para ele está tudo bem no Brasil atual. Vivemos numa “democracia”de um país feito um parque de diversões, e a “livre iniciativa” está certa em tudo e que nossas elites dirigentes são as “mais legais” e as “mais responsáveis” do mundo. Então tá.
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