"DEMOCRACIA SEM POVO" - Com as classes populares se sentindo traídas e abandonadas, não foi possível esconder o fracasso do evento que consagraria a "democracia de um homem só" de Lula.
O negacionista factual sente feliz com a zona de conforto da “democracia” lulista. Pode cruzar os braços, consumir o que seus impulsos pedirem, exibir nas redes sociais seu pedantismo pseudo-intelectual cheio de juízos de valor e esperar que um homem de 80 anos conduza o futuro dos brasileiros.
Para ele, só vale a “democracia” lulista. Essa profissão de fé é recente, já que ele quebrou levemente a tradição direitista e golpista de seus antepassados e viu que Lula podia fornecer subsídios estatais para a elite do atraso, que da noite para o dia alegou que “era mais feliz” quando o Brasil era governado pelo petista.
Daí que, enquanto o proletariado, abandonado por Lula - realidade que o negacionista factual se recusa a admitir - , segue com sua batalha diária pela sobrevivência sob um mínimo de dignidade, a burguesia que era raivosamente antipetista, salvo uns radicais que compuseram a multidão bolsonarista, foi perseguir a “felicidade” dando apoio a Lula.
Essa burguesia passou q viver no mimetismo de se passar por “gente simples”, a ponto da notícia da “volta da classe média”, retórica do período da crise do governo Dilma Rousseff, ser agora ressignificada como a “ascensão do povo pobre que conquistou qualidade de vida”.
Dentro desse contexto de contos de fadas, com uma esquerda cada vez mais infantilizada e identitária, houve anteontem a cerimônia do abraço na lembrança dos dois anos do Oito de Janeiro, agora convertido no “Dia da Luta em Defesa da Democracia”.
Em Brasília, na Praça dos Três Poderes, Lula fez um discurso e promoveu o tal “abraço da democracia”, superestimando a gravidade do golpe de 2016, como se os golpes de 1964 e 2016 não tivessem tido importância. Os presentes, quando Lula desceu a rampa do Palácio do Planalto, simbolicamente gritaram "Sem anistia!", dando recado aos bolsonaristas que provocaram a desordem dois anos antes.
Mais uma vez agindo como "dono" da democracia, Lula disse, em seu discurso:
"Hoje é dia de dizermos em alto e bom som: ainda estamos aqui. Estamos aqui para dizer que estamos vivo e que a democracia está viva, ao contrário do que planejavam os golpistas de 8 de janeiro de 2023. Estamos aqui porque é preciso lembrar, para que ninguém esqueça, para que nunca mais aconteça", prosseguiu o presidente".
O evento teve baixa adesão, coisa que nem o fotógrafo de Lula, Ricardo Stuckert, pôde esconder em sua imagem aérea, e só foram os apoiadores incondicionais do presidente Lula, além de membros como o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, alguns deputados e senadores, dois netos do deputado Rubens Paiva e a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja.
A palavra "Democracia" foi montada com flores e algumas peças recuperadas do material destruído pelos bolsonaristas em 08 de janeiro de 2023 foram exibidas, como um quadro de Di Cavalcânti e um relógio histórico do século XVI trazido por Dom João VI quando visitou o Brasil em 1808.
O ato pela "democracia", no entanto, além de tentar se apropriar da repercussão do filme Eu Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, descontextualizando a tragédia de Rubens Paiva, a manifestação, claramente feita para promoção pessoal de Lula, se contradisse em dois aspectos: o desprezo do presidente brasileiro com a memória da ditadura militar (ele evitou comemorações dos 60 anos do golpe, além de cancelar um memorial das vítimas da ditadura), ele substituiu, na Secretaria de Comunicação do governo, o ministro Paulo Pimenta pelo publicitário Sidônio Palmeira, responsável pela campanha de Lula em 2022.
O tom piegas das campanhas de Lula mostra o quanto o atual mandato é decepcionante e o quanto a “democracia de um homem só” é uma ilusão. Somente o presidente decidindo e o povo convidado somente a festejar, dançar, brincar e “bebemorar”. Um idoso tido como o “único responsável” para conduzir o futuro do Brasil. Um Brasil de contos de fadas, no qual os lulistas acham que podem tudo.
Uma fantasia se sobrepondo à realidade. A realidade escrava da fantasia. A reconstrução que ainda não ocorreu, pois até agora o Carnaval está no lugar de canteiro de obras. Se comemorou demais e antes de qualquer trabalho. E o negacionista factual dormindo tranquilo porque o Jornalismo foi substituído pelos contos de Cinderela.
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