FOTO DO GOVERNO DOS EUA QUE MOSTRA MIGRANTES ILEGAIS SENDO DEPORTADOS PARA DIVERSOS PAÍSES, EMBARCANDO EM UM AVIÃO MILITAR.
O assunto que dominou os noticiários de ontem foi o tratamento degradante que o governo dos EUA deu aos migrantes considerados "ilegais", ou seja, que não haviam regularizado sua situação de permanência no poderoso país da América do Norte
Algemados e com as pernas acorrentadas, os forasteiros ainda receberam maus tratos dos agentes de segurança, na hora da inspeção. Um avião com vários desses estrangeiros, num total de 158 pessoas das quais 88 são brasileiras, teve como destino o aeroporto de Confins, em Contagem, na Grande Belo Horizonte, mas teve que pousar em Manaus, para reabastecimento.
Humilhados, os brasileiros já foram libertados de algemas e correntes assim que desembarcaram na capital amazonense. Foram assistidos por membros do Corpo dos Bombeiros e de entidades de Direitos Humanos, além de terem recebido apoio da Prefeitura de Manaus e do Governo do Amazonas, antes de voltarem para o avião com destino a Minas Gerais.
Com toda a certeza, trata-se de um tratamento vergonhosamente agressivo e fruto do cinismo de Donald Trump. A deportação é fruto de um acordo que Trump firmou com Michel Temer em 2017 e que desde então vários brasileiros já foram deportados, mas sem a atitude degradante dos últimos dias.
No entanto, setores do lulismo exageraram ao comparar a humilhação como se fossem escravos em navios negreiros. Não há como comparar, pois no caso dos navios negreiros, os escravos tinham que enfrentar sujeira e doença intensas, que, de tão sufocantes e doentias, matavam muitos africanos antes deles chegarem ao solo brasileiro. Havia também desconforto e certos aposentos nesses navios não davam sequer para ficar em pé, de tão baixos.
Bem ou mal, os brasileiros que buscavam se aventurar no exterior são pessoas geralmente abastadas. Em certos casos, são até ricas. Com todo o respeito e toda a consideração que essas pessoas merecem e necessitam receberem, e aqui vemos que o governo Lula e as autoridades estaduais envolvidas agiram de maneira correta no socorro aos deportados, devemos admitir que essas pessoas já possuem alguma posição social próspera.
Por outro lado, a opressão ocorre nas favelas, que, por trás da imagem gourmetizada de "paisagens de consumo", continua existindo o pesadelo da vida real, quando favelados ficam traumatizados ao ouvirem, assustados, qualquer som de sirene de carro de polícia.
No Rio de Janeiro, a violência policial, combinada com a ação de traficantes e milicianos, ameaça as vidas de quem nada tem a ver com essas três forças em conflito. E esse conflito chega a ameaçar quem passa pela Avenida Brasil, com vários tiroteios com balas perdidas atingindo ou ameaçando passageiros e motoristas.
Em São Paulo, a instalação de um muro na Cracolândia, na altura da Estação da Luz, isolando seus consumidores, se seguiu a um tiroteio que feriu um PM e matou um suspeito. A iniciativa do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, em construir o muro foi contestada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, e parlamentares do PSOL entraram com uma ação na Justiça para demolir a construção.
O problema é que, por outro lado, não há uma política de recuperação social dos usuários de crack nem de assistência social efetiva para pessoas em situação de rua. Mesmo as esquerdas parecem indiferentes à situação de rua, achando que os desabrigados miseráveis têm "liberdade" para decidir se ficam ou saem das ruas. Os miseráveis em situação de rua só conseguem ser assistidos com alguma regularidade recebendo refeições em marmitas, oferecidas por diversas instituições sociais.
A situação anda complicada no Brasil e os brasileiros abastados devam parar para pensar se realmente querem viver no exterior. A histeria de 2023 criou a ilusão de que o Brasil iria dominar o mundo, mas os infortúnios que os brasileiros estão vivendo lá fora - como alguns que perderam as casas no bairro de Pacific Palisades, em Los Angeles, por causa dos incêndios florestais, fato que destruiu várias mansões de famosos - fazem com que se pense na ideia de preferir ficar no Brasil e lutar por uma vida melhor dentro do nosso país.
Manifestamos nossa solidariedade aos brasileiros que, deportados, sofreram humilhações degradantes, mas devemos pensar também nos favelados e miseráveis em situação de rua que sofrem coisas piores há muito tempo, convivendo com tiroteios e eventuais tempestades, entre outros malefícios sociais. Estes precisam ainda mais de socorro e apoio, além de divulgarmos a ideia de que a pobreza não é "coisa linda de se ver".
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