PRÉ-CANDIDATURA DE GUSTTAVO LIMA À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA REVELA ESTRATEGISMO PERIGOSO DA EXTREMA-DIREITA
RONALDO CAIADO APADRINHA A POSSIBILIDADE DO BREGANEJO GUSTTAVO LIMA SER CANDIDATO À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA.
O anúncio do cantor breganejo Gusttavo Lima para se candidatar à Presidência da República em 2026 revela uma habilidade estratégica da extrema-direita em diversificar suas opções e pulverizar o jogo eleitoral.
Diferente dos lulistas, que apostam na velha opção de Lula, que busca reeleição, numa arriscada iniciativa de investir num idoso para conduzir o futuro do Brasil, os extremo-direitistas buscam renovar e diversificar as opções, buscando atrair o público jovem e as classes populares.
O caso de Pablo Marçal, influenciador e empresário, mas representante do brasileiro “indignado”, foi um teste adotado na campanha para a Prefeitura de São Paulo. É uma tendência perigosa, que mostra a habilidade dos extremo-direitistas em jogar pelo improviso. Eles podem ser patéticos no conjunto da obra, mas são muito, muito habilidosos em suas estratégias.
O Brasil vive um cenário viciado de polarização política. É o maniqueísmo entre o sonho, representado por Lula, e o pesadelo, representado por Jair Bolsonaro e afins. Um ciclo vicioso no qual um tenta se oferecer como a solução para o outro, sem que o nosso país possa ser beneficiado com isso.
A hegemonia do lulismo no cenário político e nas narrativas nas redes sociais dá a falsa impressão de que somente o presidente Lula representa a salvação para o país. Não representa. Desde que o petista se articulou com a direita moderada, seu projeto progressista se reduziu a simulacros, retóricas, artifícios e aparatos, sustentados por relatórios que trazem supostos resultados fantásticos do atual mandato de Lula.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na gestão de Márcio Pochmann, andou sendo duramente criticado pelos resultados fabulosos divulgados em seus levantamentos. Os chamados "recordes históricos", num contexto do Brasil em reconstrução, causaram muita estranheza e geraram críticas duras mesmo por parte das esquerdas.
Mas a reação dos lulistas veio quando o ex-presidente Jair Bolsonaro pegou carona nessas críticas e passou a contestar os métodos de pesquisa do IBGE. Isso fez com que os seguidores de Lula, a partir da própria entrevista de Pochmann, classificarem as críticas aos atuais relatórios como "um movimento de descrédito das instituições, que visa colocar em xeque a democracia", que procura "criar a sociedade da desilusão".
Pochmann defendeu seus relatórios e disse que os métodos são os mesmos adotados desde 2012 (mas interrompidos no período golpista de 2016-2022). Só que não dá para acreditar nesses "recordes históricos", uma vez que, no cenário devastado do Brasil, quando se pede que um presidente priorize o foco da política externa e evite criar um clima de festa na reconstrução do país, preferiu começar o atual mandato com uma ênfase desnecessária e supérflua da política externa.
Os resultados não vêm da noite para o dia. Não podemos viver no mundo do sonho e da magia, e o perigo está sempre na contraposição eterna e na troca de inversões entre o sonho lulista e o pesadelo bolsonarista (ou de qualquer coisa derivada).
É muito fácil lançar resultados tão fabulosos, fáceis e rápidos, através de relatórios impressionantes, mas a realidade não encontra respaldo ao que é dito e escrito. Não vemos os resultados fantásticos dos "recordes históricos" se traduzirem no cotidiano dos fatos.
Mas os lulistas investem na patética teimosia de exigir que a realidade obedeça ao que Lula quer e determina, que o sistema de comunicação do governo do presidente brasileiro age para impor à realidade que se adeque às perspectivas do governo e às vontades pessoais do chefe da Nação.
É por conta desse mundo fabuloso no qual a realidade se torna escrava da fantasia - é famosa a frase de campanha de Lula prometendo "fazer o brasileiro voltar a sonhar" - que surge o contraponto "rebelde" da direita alternativa (do inglês alt right), espetaculosa e provocativa, que pode ser retrógrada em ideias, repressiva em valores e violenta em métodos, mas consegue se comunicar perfeitamente com o público indignado em não poder receber a fatia de bolo do "Clube de Assinantes VIP" da "democracia" lulista.
A revolta daqueles que, com todas as ideias ao mesmo tempo atrasadas e sem nexo que possuem, conseguem ver o erro da "democracia de um homem só" manifesta por Lula, torna-se perigosa na medida em que não se há escolhas além dessa polarização, com a vantagem de que os extremo-direitistas são mais estratégicos, diferente da pieguice triunfalista dos lulistas que, só por se acharem os "bons", creem que o destino agirá sempre a seu favor.
Só que, enquanto o lulismo aposta num idoso de 80 anos para conduzir o futuro do Brasil, a direita raivosa aposta em vários e novos rostos, e pouco importa se os bolsonaristas, marçalistas ou gusttavistas ou, talvez, algum viúvo da Operação Lava Jato que puser a cabeça para fora, estão se divergindo e trocando farpas e tretas.
Afinal, essas aparentes tretas podem representar a diversidade desses novos rostos golpistas que irão pulverizar a disputa política, dentro de uma competitividade sonegada pelas esquerdas "democráticas", que apostam na "união" em torno de um político de carreira já antiga, bastante idoso e com ideias "positivamente" conservadoras.
A campanha de 2022 já deu o seu recado com a "democracia de um homem só" da candidatura de Lula que, mais preocupado em chamar os divergentes para sua frente ampla, viu os convergentes abandonarem o petista. E. de aliança em aliança, Lula teve que abrir mão de seu projeto progressista para investir somente no "mínimo denominador comum" do neoliberalismo combinado ao assistencialismo paliativo.
E aí se fala em termos que levar a sério os relatórios dos "recordes históricos" de Lula. Tá, mas esses relatórios não refletem na realidade concreta dos pobres da vida real. Relatórios interpretam a realidade, mas a realidade não é escrava dos relatórios. E os relatórios fantásticos não enchem a barriga de pessoa alguma.
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