Um dos lamentáveis fenômenos do "funk" nos últimos tempos é um astro mirim, chamado MC Pedrinho, um ícone do "funk ostentação" paulista que está causando sérios problemas para a sociedade.
Com apenas 12 anos, ele tem uma média de 20 apresentações por mês, em várias partes do país. Lançou o CD Geometria da Putaria, e tenta mesclar temáticas escolares com baixarias de alto teor pornográfico e desbocado.
O menino leva às últimas consequências aquilo que se temia com o "funk" e outros ritmos de baixaria, simbolizados por nomes como É O Tchan. Abertamente tocados para o público infantil, eles acabam trazendo péssimos exemplos e criando uma sexualidade impulsiva que reflete atualmente nos homens e mulheres que consomem o mais grotesco do brega-popularesco.
O Ministério Público já age para cancelar apresentações de MC Pedrinho e pelo menos duas delas deixaram de ser realizadas, uma em Fortaleza, outra em Araçatuba, no interior paulista. Há também um esforço para investigar o caso de se associar um menor à expressão de baixarias e mensagens pornográficas.
MC Pedrinho tem praticamente a idade de toda a campanha midiática feita pelos defensores do "funk". Tentando se projetar em modismos de temporada - como em 1990, quando surgiu o "movimento", no fundo um ritmo dançante meramente comercial , e em 1999 e 2001 - , os ideólogos do "funk" decidiram mudar o discurso a partir de 2002.
Criando uma retórica "socializante", utilizando de clichês dos estereótipos ativistas, intelectuais e folclóricos, os ideólogos do "funk" tentaram empurrar o ritmo para o público intelectualizado, atraindo para si um habilidoso lobby de acadêmicos e jornalistas.
ANITTA DANDO MAU EXEMPLO PARA AS MENINAS.
A blindagem midiática e intelectual foi tão habilidosa que as reportagens, monografias e documentários de "funk" chegaram mesmo a usar recursos discursivos inspirados no Novo Jornalismo de Tom Wolfe, jornalismo com narrativa literária, e da História das Mentalidades de Marc Bloch, que conta a História pelo ponto de vista de gente anônima.
O discurso poderia, no conteúdo, ser confuso e cheíssimo de contradições. A maior delas era que o "funk" posava de coitadinho na mídia de esquerda, enquanto se celebrava como vitorioso na mídia direitista. Mas se as ideias eram contraditórias, confusas e cheias de omissões, o discurso, mesmo assim, era bastante sutil e engenhoso.
Muitas desculpas eram feitas para se permitir as baixarias funqueiras. Os intelectuais associados alegavam que eram um "outro tipo de moralidade" adotado nas periferias, e que o conteúdo pornográfico seria "uma forma intuitiva de educação sexual dos jovens pobres". Pasmem, a desculpa esfarrapada conseguiu convencer e arrancar o apoio de muita gente boa.
Os intelectuais se contradiziam em defender um "discurso direto" que corresponde justamente às baixarias que a mesma elite pensante reprovaria se fosse expressa em comerciais de TV ou em páginas de revistas de moda.
A campanha, com todas as suas variantes, sempre se apoiava na choradeira retórica de "lutar contra o preconceito", desculpa para que se aceitasse o "funk" sem qualquer contestação. Ou seja, para "rompermos o preconceito", teríamos que ser preconceituosos, já que teríamos que aceitar sem verificar, em vez de rejeitar verificando e analisando.
Com as baixarias que o É O Tchan, antecessor do "funk" nas apelações pornográficas, lançou, vemos hoje que muitos jovens acabaram se tornando sexualmente impulsivos, vide muitos homens envolvidos em estupros, em "pegação" e infidelidades amorosas, e muitas mulheres que só vivem de mostrar o corpo, mesmo quando não há contexto nem necessidade para isso.
E aí chega a aberração chamada MC Pedrinho, que, segundo a intelectualidade "bacana", é um "artista inocente", apenas comprometido com a "educação sexual dos jovens pobres", dentro de uma "moral elevada" a qual as pessoas mais instruídas "não são capazes de compreender".
Os intelectuais "bacanas", que acham genial até funqueiro dando peido, devem achar também que MC Pedrinho nada faz de grave, achando que ele apenas é o "novo Gregório de Matos" daquilo que entendem como "MPB com P maiúsculo".
Só que, na prática, o que ocorre é pedofilia, uma vez que o mercado funqueiro usa uma criança para ser porta voz - independente das músicas serem atribuídas ou não à autoria do menino, já que é muito comum produtores de "funk" comporem músicas e atribuírem o crédito de autoria para cada intérprete - para expressar baixarias e outros conteúdos impróprios para menores de idade.
Somos capazes, sim. E isso é preocupante. Sob o rótulo do "popular", intelectuais promoveram toda baixaria e defenderam ferrenhamente a degradação cultural sob o papo de "cultura das periferias", "MPB com P maiúsculo" e outros adjetivos cínicos. Daí o efeito drástico: um menor de idade associado às piores grosserias, num exemplo claramente vergonhoso para o país.
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