INTELECTUALIDADE PRÓ-BREGA TENTOU EMPURRAR PARA AS ESQUERDAS NOMES NEO-CONSERVADORES COMO JOELMA DO CALYPSO E ZEZÉ DI CAMARGO.
Em muitos casos, o silêncio traz seu discreto testemunho das situações. E o silêncio que ocorre na mídia esquerdista, depois de uma fase apoiando tendências popularescas, entre 2005 e 2014, mostra o quanto a tendência gerou efeitos imprevistos e sangrou a reputação das forças progressistas que, depois de uma breve ascensão, abriram caminho para a retomada direitista.
O apoio ao brega-popularesco, principalmente o "brega de raiz" (Odair José, Waldick Soriano), o tecnobrega e o "funk", sob a alegação de "ruptura do preconceito", expôs as esquerdas às contradições que traumatizaram a experiência. Na falta de intelectuais esquerdistas especializados em cultura popular, as esquerdas preferiram ouvir as vozes de jornalistas e acadêmicos educados pelo poderio midiático e dele originalmente vinculados.
Muitos dos que eram apoiados acabaram adotando posturas direitistas, como Joelma da Banda Calypso e Zezé di Camargo & Luciano, fora as tentativas de esconder o passado direitista de Waldick Soriano, algo impensável até entre fãs dos Ramones.
Outros, como o grupo Raça Negra e todo o "funk", passaram confortavelmente a se aliar aos barões da grande mídia, traindo aqueles que pensavam ingenuamente que eles iriam defender a regulação da mídia. "Sabe nada, inocente", diz um sucesso do abominável, mas neste caso, sincero, É O Tchan.
Isso criou um impasse muito grave. Enquanto blogueiros esquerdistas cometiam gafes quando eventualmente defenderam ídolos popularescos, confiantes na sua visibilidade, os ídolos que eles defendiam reafirmava o poderio das rádios e TVs que promoveram seu sucesso, assim como o de patrocinadores desses ídolos "populares" que incluem de grandes latifundiários a dirigentes esportivos.
Através da cultura, um grupo de jornalistas culturais, antropólogos, historiadores e cineastas comprometidos com a bregalização do país fizeram, mesmo com sua suposta solidariedade às esquerdas, o que a chamada "urubologia" (classe de jornalistas políticos reacionários) não conseguia fazer.
Eram, portanto, os "inimigos de dentro", aliados de fachada, que dão tapas nas costas daqueles que "esfaquearão" na primeira oportunidade. Os intelectuais pró-bregalização usavam, no dizer de Ricardo Alexandre, uma retórica de esquerda para defender ideias de direita, e como adotavam um discurso aparentemente favorável ao pretexto do "popular", foram vistos como "progressistas" sem qualquer questionamento.
Isso até aparecer o Mingau de Aço, entre outros espaços que contestavam essa intelectualidade "sem preconceitos", mas muito preconceituosa, que no fundo queria que a "cultura de massa" com suas mentiras e irregularidades substituísse o antigo folclore popular e a verdadeira cultura popular, voltada para a produção de conhecimento e para a evolução dos valores sociais.
PROCURE SABER
Os intelectuais desse porte queriam uma "cultura" midiatizada, transmitida não pelos vínculos comunitários, mas verticalmente pelos "sucessos radiofônicos e televisivos", trabalhando seu discurso ideológico para ao menos minimizar a reputação de programadores e gerentes de rádio e TV, "rebaixados" para "investidores" ou mesmo "proletários" da "autossuficiência das periferias".
Entre algumas aberrações, a intelectualidade achava que o novo folclore brasileiro se baseava num sâmpler na mão e uma ideia na cabeça. Achavam que a vulgaridade das "mulheres-objetos" era um tipo de "feminismo" e o que elas faziam era "liberdade do desejo". Até a pedofilia do "funk" era vista como "saudável", como forma de "educação sexual" para os jovens pobres.
O discurso não convenceu, mas deu uma trabalheira para ser questionado. Mingau de Aço era o "patinho feio" da mídia esquerdista e tinha uma baixa visibilidade, inferior até ao desses intelectuais pró-brega. Era uma luta de Davi contra os Golias da bregalização, que faziam o serviço "frila" dos barões midiáticos mas tentavam atrair para si o apoio dos esquerdistas.
As circunstâncias é que favoreceram a derrocada dessa intelectualidade "bacana". O episódio do "Procure Saber" os desnorteou, fazendo com que a intelectualidade não soubesse mesmo dizer a que veio.
Dentro do fogo cruzado do Procure Saber X Turma do ECAD, os primeiros proibindo biografias não-autorizadas, os segundos reprovando o livre uso dos direitos autorais (apesar de serem "flexíveis" com as biografias), no qual Roberto Carlos, o antigo herói da intelectualidade "bacana", aparece como algoz, houve várias situações constrangedoras.
Chico Buarque, irmão de Ana de Hollanda (aliada ao ECAD), ex-ministra da Cultura, também virou vilão para a intelectualidade "bacana", embora Chico seja muito bem querido pelas esquerdas e muito mais solidário e fiel a elas do que os funqueiros, que, na primeira chance, traem as esquerdas e ficam com os barões da mídia.
Chegou-se ao ponto dos intelectuais "bacanas" preferirem apoiar os ídolos midiáticos Luan Santana e Thiaguinho do que Chico Buarque, sem qualquer explicação coerente. Mas seu momento mais patético viria depois.
Quando professores e curadores de exposições de arte foram abrir espaço para o grotesco do "funk" ou similares, a intelectualidade "bacana" decaiu sem explicar de forma coerente por que uma funqueira era "pensadora" ou o que um grupo de funqueiras estava fazendo numa exposição sobre Josephine Baker.
A intelectualidade "bacana", como quem apedreja a casa do vizinho e foge, deixou as esquerdas na mão. Hoje as esquerdas quase nada falam sobre cultura, envergonhadas com sua incompreensão sobre o popular.
Por sua vez, a intelectualidade "bacana" se escondeu nas calças dos barões midiáticos, depois que suas pregações abriram caminho para a réplica de direitistas como Rodrigo Constantino e Rachel Sheherazade.
Era o que, no fundo, a intelectualidade "bacana" queria. Eles destruíram os debates sobre cultura popular brasileira, com seus delírios pró-brega, e abriram espaço para direitistas se apropriarem de uma visão "realista" de cultura popular, numa conversa para boi dormir.
Afinal, tanto "bacanas" quanto "urubólogos" possuem a mesma visão elitista. Só tiveram maneiras diferentes de expressá-las.
Em muitos casos, o silêncio traz seu discreto testemunho das situações. E o silêncio que ocorre na mídia esquerdista, depois de uma fase apoiando tendências popularescas, entre 2005 e 2014, mostra o quanto a tendência gerou efeitos imprevistos e sangrou a reputação das forças progressistas que, depois de uma breve ascensão, abriram caminho para a retomada direitista.
O apoio ao brega-popularesco, principalmente o "brega de raiz" (Odair José, Waldick Soriano), o tecnobrega e o "funk", sob a alegação de "ruptura do preconceito", expôs as esquerdas às contradições que traumatizaram a experiência. Na falta de intelectuais esquerdistas especializados em cultura popular, as esquerdas preferiram ouvir as vozes de jornalistas e acadêmicos educados pelo poderio midiático e dele originalmente vinculados.
Muitos dos que eram apoiados acabaram adotando posturas direitistas, como Joelma da Banda Calypso e Zezé di Camargo & Luciano, fora as tentativas de esconder o passado direitista de Waldick Soriano, algo impensável até entre fãs dos Ramones.
Outros, como o grupo Raça Negra e todo o "funk", passaram confortavelmente a se aliar aos barões da grande mídia, traindo aqueles que pensavam ingenuamente que eles iriam defender a regulação da mídia. "Sabe nada, inocente", diz um sucesso do abominável, mas neste caso, sincero, É O Tchan.
Isso criou um impasse muito grave. Enquanto blogueiros esquerdistas cometiam gafes quando eventualmente defenderam ídolos popularescos, confiantes na sua visibilidade, os ídolos que eles defendiam reafirmava o poderio das rádios e TVs que promoveram seu sucesso, assim como o de patrocinadores desses ídolos "populares" que incluem de grandes latifundiários a dirigentes esportivos.
Através da cultura, um grupo de jornalistas culturais, antropólogos, historiadores e cineastas comprometidos com a bregalização do país fizeram, mesmo com sua suposta solidariedade às esquerdas, o que a chamada "urubologia" (classe de jornalistas políticos reacionários) não conseguia fazer.
Eram, portanto, os "inimigos de dentro", aliados de fachada, que dão tapas nas costas daqueles que "esfaquearão" na primeira oportunidade. Os intelectuais pró-bregalização usavam, no dizer de Ricardo Alexandre, uma retórica de esquerda para defender ideias de direita, e como adotavam um discurso aparentemente favorável ao pretexto do "popular", foram vistos como "progressistas" sem qualquer questionamento.
Isso até aparecer o Mingau de Aço, entre outros espaços que contestavam essa intelectualidade "sem preconceitos", mas muito preconceituosa, que no fundo queria que a "cultura de massa" com suas mentiras e irregularidades substituísse o antigo folclore popular e a verdadeira cultura popular, voltada para a produção de conhecimento e para a evolução dos valores sociais.
PROCURE SABER
Os intelectuais desse porte queriam uma "cultura" midiatizada, transmitida não pelos vínculos comunitários, mas verticalmente pelos "sucessos radiofônicos e televisivos", trabalhando seu discurso ideológico para ao menos minimizar a reputação de programadores e gerentes de rádio e TV, "rebaixados" para "investidores" ou mesmo "proletários" da "autossuficiência das periferias".
Entre algumas aberrações, a intelectualidade achava que o novo folclore brasileiro se baseava num sâmpler na mão e uma ideia na cabeça. Achavam que a vulgaridade das "mulheres-objetos" era um tipo de "feminismo" e o que elas faziam era "liberdade do desejo". Até a pedofilia do "funk" era vista como "saudável", como forma de "educação sexual" para os jovens pobres.
O discurso não convenceu, mas deu uma trabalheira para ser questionado. Mingau de Aço era o "patinho feio" da mídia esquerdista e tinha uma baixa visibilidade, inferior até ao desses intelectuais pró-brega. Era uma luta de Davi contra os Golias da bregalização, que faziam o serviço "frila" dos barões midiáticos mas tentavam atrair para si o apoio dos esquerdistas.
As circunstâncias é que favoreceram a derrocada dessa intelectualidade "bacana". O episódio do "Procure Saber" os desnorteou, fazendo com que a intelectualidade não soubesse mesmo dizer a que veio.
Dentro do fogo cruzado do Procure Saber X Turma do ECAD, os primeiros proibindo biografias não-autorizadas, os segundos reprovando o livre uso dos direitos autorais (apesar de serem "flexíveis" com as biografias), no qual Roberto Carlos, o antigo herói da intelectualidade "bacana", aparece como algoz, houve várias situações constrangedoras.
Chico Buarque, irmão de Ana de Hollanda (aliada ao ECAD), ex-ministra da Cultura, também virou vilão para a intelectualidade "bacana", embora Chico seja muito bem querido pelas esquerdas e muito mais solidário e fiel a elas do que os funqueiros, que, na primeira chance, traem as esquerdas e ficam com os barões da mídia.
Chegou-se ao ponto dos intelectuais "bacanas" preferirem apoiar os ídolos midiáticos Luan Santana e Thiaguinho do que Chico Buarque, sem qualquer explicação coerente. Mas seu momento mais patético viria depois.
Quando professores e curadores de exposições de arte foram abrir espaço para o grotesco do "funk" ou similares, a intelectualidade "bacana" decaiu sem explicar de forma coerente por que uma funqueira era "pensadora" ou o que um grupo de funqueiras estava fazendo numa exposição sobre Josephine Baker.
A intelectualidade "bacana", como quem apedreja a casa do vizinho e foge, deixou as esquerdas na mão. Hoje as esquerdas quase nada falam sobre cultura, envergonhadas com sua incompreensão sobre o popular.
Por sua vez, a intelectualidade "bacana" se escondeu nas calças dos barões midiáticos, depois que suas pregações abriram caminho para a réplica de direitistas como Rodrigo Constantino e Rachel Sheherazade.
Era o que, no fundo, a intelectualidade "bacana" queria. Eles destruíram os debates sobre cultura popular brasileira, com seus delírios pró-brega, e abriram espaço para direitistas se apropriarem de uma visão "realista" de cultura popular, numa conversa para boi dormir.
Afinal, tanto "bacanas" quanto "urubólogos" possuem a mesma visão elitista. Só tiveram maneiras diferentes de expressá-las.
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