"RÁDIOS ROCK" CONTINUAM CONTROLADAS POR GENTE NÃO MUITO DIFERENTE DO CELSO PORTIOLLI.
Os funqueiros e "sertanejos universitários" agradecem. Se eles estão decadentes, eles adiaram a decadência para mais um tempo. Isso porque o quadro da cultura rock ainda está de mal a pior, E mais uma vez uma reportagem de O Globo reflete a mesma visão de tempos atrás.
Hoje foi publicada uma reportagem do Segundo Caderno do referido periódico que repete o que já foi dito uns meses atrás, de que o rock saiu das 100 mais tocadas do país, que o "sertanejo universitário" impera etc etc. Em outras palavras, o rock brasileiro ficou trancado no frizer midiático, sem algum lugar nobre no mercado.
Do lado "otimista", há aquele lero-lero dizendo que a 89 FM e a Rádio Cidade são "iniciativas heroicas", que "poderão contribuir" para o fim do atual ciclo e colocar o rock em alta nas rádios e no gosto popular, como nos "bons tempos".
Que "bons tempos"? Meados dos anos 90? Com bandinhas mais preocupadas com a piada e com o suporte empresarial do que o som? Grupos que não tinham metade do talento e da visceralidade de Titãs, Legião Urbana, Ira! e Fellini, que faziam sucesso só entre a rapaziada que só queria saber de pular e mostrar sinal de "demo" com as mãos, sem ter ideia do que está ouvindo?
Aqueles "bons tempos" não passavam de um clima de clientelismo entre jornalistas, radialistas, assessores de imprensa de organizadoras de eventos e repórteres de TV. Todos elogiando uns aos outros, um chamando produtor fonográfico tal de "genial" para receber seu CD de graça, outro elogiando festival isso ou aquilo para receber ingresso sem pagar.
Não dá para fingir que aquelas bandas horrorosas com vocalistas cantando igual o Supla e perdidas em fórmulas caricatas de punk-reggae-ska-ou-qualquer-coisa e mais preocupadas em ter um bom empresário e uma boa piada nas mãos - apesar de se dizerem "sérias" e odiar o termo "engraçadinho" - eram geniais, só porque a imprensa especializada da época fez altos elogios às mesmas.
E que "iniciativa heroica" pode se esperar em rádios que se dizem "de rock" e querem ser levadas a sério, mas contratam locutores do mesmíssimo perfil "engraçadinho" da Jovem Pan 2 e que não tem qualquer especialização verdadeira de rock?
E tem os ouvintes e fanáticos dessas rádios, que agora dizem que sempre foram roqueiros desde que ainda estavam nas barrigas de suas mães, mas que em 2007 faziam questão de rodar com seus carrões tocando CD de Zezé di Camargo & Luciano em altos volumes e a "patrulhar" quem chamava funqueiro de grosseiro.
É até compreensível que, em terra de cego, quem tem um olho é rei. Num país de supremacia brega-popularesca, o pessoal endeusa a cultura rock sem saber a diferença de um som de guitarra elétrica com o de uma furadeira de parede. Mas que, erroneamente, acha diferença entre locutores da Mix FM que falam "alô galera" e os da Cidade que também falam "alô galera", do mesmíssimo jeito.
Não, não existe diferença. Esses locutores falam e pensam igualzinho. Fantoches midiáticos, eles usam o mesmo discurso, só precisando substituir Anitta por Pitty, Backstreet Boys por Pearl Jam e Exaltasamba por Raimundos. Mas, no grosso, são as mesmas vozes enjoadas e afetadíssimas, como se os locutores treinassem para peça de teatro infantil.
Cadê aqueles locutores que falavam feito gente? Cada aquela programação que priorizava o rock, e não piadinhas e muito menos esportes que NADA têm a ver com o rock, como o futebol? Cadê o repertório roqueiro que não se prendia a indigências como Smash Mouth e não tinha preconceito entre o que era novo ou antigo, tocando o que é bom e não necessariamente "sucesso na Billboard"?
Ainda existe uma visão infantiloide da cultura rock que nos faz refletir se esse pessoal curte mesmo rock ou só conheceu o rock a partir daquelas caricaturas interpretadas por Xuxa Meneghel e pelo Trem da Alegria décadas atrás.
Com seus equivalentes a Celso Portiolli comandando os microfones das "rádios rock" e até mesmo coordenando programações, não há como esperar que um novo Renato Russo surja nas ondas dessas emissoras. Sabemos que o toca-CD é o único entendedor de rock existente nessas rádios tomadas de locutores poperó, comediantes enrustidos e produtores fantoches de gravadoras.
O rock, mais do que espaço, merece respeito, porque rock é muito mais do que barulheira de guitarras e de gestos pseudo-rebeldes. Se a cultura rock ficar nessa ideologia de moleques se esperneando na cama e fazendo sinal do "demo" com as mãos, o "sertanejo universitário" e o "funk", que já roubaram muitos desses estereótipos, continuarão dominando o mercado.
O funqueiros e "sertanejos", com suas jaquetas de couro, cortes moicanos e poses de malvados, são os que mais estão agradecidos pela volta da Rádio Cidade e 89 FM.
Os funqueiros e "sertanejos universitários" agradecem. Se eles estão decadentes, eles adiaram a decadência para mais um tempo. Isso porque o quadro da cultura rock ainda está de mal a pior, E mais uma vez uma reportagem de O Globo reflete a mesma visão de tempos atrás.
Hoje foi publicada uma reportagem do Segundo Caderno do referido periódico que repete o que já foi dito uns meses atrás, de que o rock saiu das 100 mais tocadas do país, que o "sertanejo universitário" impera etc etc. Em outras palavras, o rock brasileiro ficou trancado no frizer midiático, sem algum lugar nobre no mercado.
Do lado "otimista", há aquele lero-lero dizendo que a 89 FM e a Rádio Cidade são "iniciativas heroicas", que "poderão contribuir" para o fim do atual ciclo e colocar o rock em alta nas rádios e no gosto popular, como nos "bons tempos".
Que "bons tempos"? Meados dos anos 90? Com bandinhas mais preocupadas com a piada e com o suporte empresarial do que o som? Grupos que não tinham metade do talento e da visceralidade de Titãs, Legião Urbana, Ira! e Fellini, que faziam sucesso só entre a rapaziada que só queria saber de pular e mostrar sinal de "demo" com as mãos, sem ter ideia do que está ouvindo?
Aqueles "bons tempos" não passavam de um clima de clientelismo entre jornalistas, radialistas, assessores de imprensa de organizadoras de eventos e repórteres de TV. Todos elogiando uns aos outros, um chamando produtor fonográfico tal de "genial" para receber seu CD de graça, outro elogiando festival isso ou aquilo para receber ingresso sem pagar.
Não dá para fingir que aquelas bandas horrorosas com vocalistas cantando igual o Supla e perdidas em fórmulas caricatas de punk-reggae-ska-ou-qualquer-coisa e mais preocupadas em ter um bom empresário e uma boa piada nas mãos - apesar de se dizerem "sérias" e odiar o termo "engraçadinho" - eram geniais, só porque a imprensa especializada da época fez altos elogios às mesmas.
E que "iniciativa heroica" pode se esperar em rádios que se dizem "de rock" e querem ser levadas a sério, mas contratam locutores do mesmíssimo perfil "engraçadinho" da Jovem Pan 2 e que não tem qualquer especialização verdadeira de rock?
E tem os ouvintes e fanáticos dessas rádios, que agora dizem que sempre foram roqueiros desde que ainda estavam nas barrigas de suas mães, mas que em 2007 faziam questão de rodar com seus carrões tocando CD de Zezé di Camargo & Luciano em altos volumes e a "patrulhar" quem chamava funqueiro de grosseiro.
É até compreensível que, em terra de cego, quem tem um olho é rei. Num país de supremacia brega-popularesca, o pessoal endeusa a cultura rock sem saber a diferença de um som de guitarra elétrica com o de uma furadeira de parede. Mas que, erroneamente, acha diferença entre locutores da Mix FM que falam "alô galera" e os da Cidade que também falam "alô galera", do mesmíssimo jeito.
Não, não existe diferença. Esses locutores falam e pensam igualzinho. Fantoches midiáticos, eles usam o mesmo discurso, só precisando substituir Anitta por Pitty, Backstreet Boys por Pearl Jam e Exaltasamba por Raimundos. Mas, no grosso, são as mesmas vozes enjoadas e afetadíssimas, como se os locutores treinassem para peça de teatro infantil.
Cadê aqueles locutores que falavam feito gente? Cada aquela programação que priorizava o rock, e não piadinhas e muito menos esportes que NADA têm a ver com o rock, como o futebol? Cadê o repertório roqueiro que não se prendia a indigências como Smash Mouth e não tinha preconceito entre o que era novo ou antigo, tocando o que é bom e não necessariamente "sucesso na Billboard"?
Ainda existe uma visão infantiloide da cultura rock que nos faz refletir se esse pessoal curte mesmo rock ou só conheceu o rock a partir daquelas caricaturas interpretadas por Xuxa Meneghel e pelo Trem da Alegria décadas atrás.
Com seus equivalentes a Celso Portiolli comandando os microfones das "rádios rock" e até mesmo coordenando programações, não há como esperar que um novo Renato Russo surja nas ondas dessas emissoras. Sabemos que o toca-CD é o único entendedor de rock existente nessas rádios tomadas de locutores poperó, comediantes enrustidos e produtores fantoches de gravadoras.
O rock, mais do que espaço, merece respeito, porque rock é muito mais do que barulheira de guitarras e de gestos pseudo-rebeldes. Se a cultura rock ficar nessa ideologia de moleques se esperneando na cama e fazendo sinal do "demo" com as mãos, o "sertanejo universitário" e o "funk", que já roubaram muitos desses estereótipos, continuarão dominando o mercado.
O funqueiros e "sertanejos", com suas jaquetas de couro, cortes moicanos e poses de malvados, são os que mais estão agradecidos pela volta da Rádio Cidade e 89 FM.
Comentários
Postar um comentário