O REPERTÓRIO DE IVETE SANGALO NÃO É UMA BOA PEDIDA PARA MULHERES QUE SÃO SOLTEIRAS CONVICTAS.
Que as mulheres solteiras do Brasil, em boa parte, precisam limpar seu toca-CDs, isso é verdade. O péssimo gosto musical que muitas delas mostram nas mídias sociais, não bastassem chiliques como o fanatismo religioso e esportivo exagerados, fazem a má imagem daquelas que vivem sem um companheiro.
No auge do Orkut, virou moda as solteiras despejarem referências de Bruno & Marrone, Exaltasamba e Zezé di Camargo & Luciano, para não dizer Ivete Sangalo, cujo repertório nada tem a ver com a vida de solteiras convictas, mas tão somente à solteirice momentânea das que no fundo não passam de umas namoradeiras enrustidas.
Do sambrega ao "funk", as solteiras sujam seu toca-CDs de tal maneira que mesmo quando elas tentam argumentar que "também gostam de MPB", a coisa acaba não convencendo. Afinal, o "também" fica tendo um gosto de algo secundário, quase desprezível, que mais parece com a ideia de que elas gostam de coisas boas, mas preferem as ruins. Se um canal de TV mostra um artista de Bossa Nova e o Domingão do Faustão mostra um ídolo do sambrega, a moça preferirá este último.
Claro, com essa MPB paralisada em homenagens intermináveis sem apresentar sangue renovado com novas e boas músicas - só há a carneirização de Marcelo Jeneci e Tulipa Ruiz, sub-Jovem Guarda metida a neo-tropicalista - , difícil dizer a essas moças que tipo de MPB que elas devem gostar.
O gosto musical delas não é livre. É determinado verticalmente pelas rádios e TVs dominantes. As solteiras convictas ficam felizes por não dependerem de homem para coisa alguma, mas acabam dependendo da escolha de meia-dúzia de homens que dita o que deve ser sucesso popular em todo o país ou num círculo limitado de regiões.
E elas também não são motivadas pela identificação musical quando decidem ouvir um Bruno & Marrone, Luan Santana ou César Menotti & Fabiano. Pelo contrário. Tudo mais parece uma catarse movida por situações infelizes.
Elas passaram a ouvir essas porcarias porque foi a única forma de encontrarem uma trilha sonora de desabafo diante de um "fora" de algum homem ou de algum problema pessoal. Não foi pelas melodias, tenebrosas, e pelos vocais, deploráveis, que elas passaram a ouvir um Bruno & Marrone ou um sucesso de "funk", "sertanejo", "pagode romântico" ou axé-music.
A catarse até piora porque tais intérpretes nem de longe fazem música protesto ou voltada a alguma proposta cultural arrojada. São apenas meros produtores de sucessos comerciais, mais voltados a uma alegria consumista do que qualquer outra qualidade nobre. E, queiram ou não queiram os intelectuais "bacaninhas", são produtos de mídia, suas músicas são meras mercadorias de consumo fácil e rápido.
Ainda que fosse um Joy Division, um Lloyd Cole & The Commotions (tipo a música "Lost Weekend", por exemplo), ou, só para citar um sambista, Monsueto (que em 1962 fez com brilhantismo o que Leandro Lehart tenta hoje de maneira desastrada) ou um músico nordestino, João do Vale, haveria um proveito nas audições em situações de desabafo ou fossa.
O brega entristece, embora crie uma falsa sensação de felicidade. Na verdade, o que as solteiras sentem ao ouvir brega é puro masoquismo, uma falsa sensação de bem-estar e alegria ouvindo músicas medíocres que não correspondem à sua realidade e, em muitos casos, são puro baixo astral.
Isso acaba refletindo mal, porque há por outro lado mulheres mais influentes e de perfil mais prestigiado que mantém seus ouvidos distantes da bregalhada, havendo casos de apresentadoras e jornalistas que ouvem até Belle and Sebastian, só para citar um nome cult razoavelmente conhecido.
Há também outras que não dependem de trilhas sonoras de novelas da Globo para saber qual o artista de MPB autêntica que vale a pena curtir, e não vai esperar que nomes como Toninho Horta, Diana Pequeno e Jane Duboc tenham músicas "lado B" virando temas do amor do mocinho com a mocinha na novela das nove da temporada.
As solteiras deveriam olhar para a frente e melhorar o repertório musical, até porque muito da bregalhada é também apreciado por homens que essas solteiras sentem a maior repugnância. Se elas virem quais são os "adoráveis homens" que ouvem Bruno & Marrone, Psirico, Ivete Sangalo, Thiaguinho, Alexandre Pires, Mr. Catra, Zezé di Camargo & Luciano e Grupo Revelação, elas vão pegar todos os seus discos e vender tudo nos sebos.
Reeducar os ouvidos nada tem de preconceituoso ou forçado. É querer reeducar a vontade e livrá-la do domínio "imperceptível" dos sucessos impostos pela mídia popularesca. Imagine uma moça solteira trocando um disco de Ivete Sangalo por dois ou mais de Sylvia Telles. O salto de qualidade será imenso, e os ouvidos verificarão a diferença quando passam a ouvir os saudosos clássicos da cantora bossanovista.
Que as mulheres solteiras do Brasil, em boa parte, precisam limpar seu toca-CDs, isso é verdade. O péssimo gosto musical que muitas delas mostram nas mídias sociais, não bastassem chiliques como o fanatismo religioso e esportivo exagerados, fazem a má imagem daquelas que vivem sem um companheiro.
No auge do Orkut, virou moda as solteiras despejarem referências de Bruno & Marrone, Exaltasamba e Zezé di Camargo & Luciano, para não dizer Ivete Sangalo, cujo repertório nada tem a ver com a vida de solteiras convictas, mas tão somente à solteirice momentânea das que no fundo não passam de umas namoradeiras enrustidas.
Do sambrega ao "funk", as solteiras sujam seu toca-CDs de tal maneira que mesmo quando elas tentam argumentar que "também gostam de MPB", a coisa acaba não convencendo. Afinal, o "também" fica tendo um gosto de algo secundário, quase desprezível, que mais parece com a ideia de que elas gostam de coisas boas, mas preferem as ruins. Se um canal de TV mostra um artista de Bossa Nova e o Domingão do Faustão mostra um ídolo do sambrega, a moça preferirá este último.
Claro, com essa MPB paralisada em homenagens intermináveis sem apresentar sangue renovado com novas e boas músicas - só há a carneirização de Marcelo Jeneci e Tulipa Ruiz, sub-Jovem Guarda metida a neo-tropicalista - , difícil dizer a essas moças que tipo de MPB que elas devem gostar.
O gosto musical delas não é livre. É determinado verticalmente pelas rádios e TVs dominantes. As solteiras convictas ficam felizes por não dependerem de homem para coisa alguma, mas acabam dependendo da escolha de meia-dúzia de homens que dita o que deve ser sucesso popular em todo o país ou num círculo limitado de regiões.
E elas também não são motivadas pela identificação musical quando decidem ouvir um Bruno & Marrone, Luan Santana ou César Menotti & Fabiano. Pelo contrário. Tudo mais parece uma catarse movida por situações infelizes.
Elas passaram a ouvir essas porcarias porque foi a única forma de encontrarem uma trilha sonora de desabafo diante de um "fora" de algum homem ou de algum problema pessoal. Não foi pelas melodias, tenebrosas, e pelos vocais, deploráveis, que elas passaram a ouvir um Bruno & Marrone ou um sucesso de "funk", "sertanejo", "pagode romântico" ou axé-music.
A catarse até piora porque tais intérpretes nem de longe fazem música protesto ou voltada a alguma proposta cultural arrojada. São apenas meros produtores de sucessos comerciais, mais voltados a uma alegria consumista do que qualquer outra qualidade nobre. E, queiram ou não queiram os intelectuais "bacaninhas", são produtos de mídia, suas músicas são meras mercadorias de consumo fácil e rápido.
Ainda que fosse um Joy Division, um Lloyd Cole & The Commotions (tipo a música "Lost Weekend", por exemplo), ou, só para citar um sambista, Monsueto (que em 1962 fez com brilhantismo o que Leandro Lehart tenta hoje de maneira desastrada) ou um músico nordestino, João do Vale, haveria um proveito nas audições em situações de desabafo ou fossa.
O brega entristece, embora crie uma falsa sensação de felicidade. Na verdade, o que as solteiras sentem ao ouvir brega é puro masoquismo, uma falsa sensação de bem-estar e alegria ouvindo músicas medíocres que não correspondem à sua realidade e, em muitos casos, são puro baixo astral.
Isso acaba refletindo mal, porque há por outro lado mulheres mais influentes e de perfil mais prestigiado que mantém seus ouvidos distantes da bregalhada, havendo casos de apresentadoras e jornalistas que ouvem até Belle and Sebastian, só para citar um nome cult razoavelmente conhecido.
Há também outras que não dependem de trilhas sonoras de novelas da Globo para saber qual o artista de MPB autêntica que vale a pena curtir, e não vai esperar que nomes como Toninho Horta, Diana Pequeno e Jane Duboc tenham músicas "lado B" virando temas do amor do mocinho com a mocinha na novela das nove da temporada.
As solteiras deveriam olhar para a frente e melhorar o repertório musical, até porque muito da bregalhada é também apreciado por homens que essas solteiras sentem a maior repugnância. Se elas virem quais são os "adoráveis homens" que ouvem Bruno & Marrone, Psirico, Ivete Sangalo, Thiaguinho, Alexandre Pires, Mr. Catra, Zezé di Camargo & Luciano e Grupo Revelação, elas vão pegar todos os seus discos e vender tudo nos sebos.
Reeducar os ouvidos nada tem de preconceituoso ou forçado. É querer reeducar a vontade e livrá-la do domínio "imperceptível" dos sucessos impostos pela mídia popularesca. Imagine uma moça solteira trocando um disco de Ivete Sangalo por dois ou mais de Sylvia Telles. O salto de qualidade será imenso, e os ouvidos verificarão a diferença quando passam a ouvir os saudosos clássicos da cantora bossanovista.
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