Dias atrás, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, anunciou um plano para promover a abstinência sexual das jovens do Norte e Nordeste.
A justificativa dada por ela é que a medida pretende evitar a gravidez precoce, fenômeno muito comum nas comunidades pobres.
No entanto, a escolha enfática dessas regiões deixa vazar um desejo de controle populacional.
É correto lançar medidas para barrar a gravidez precoce, mas dentro de um contexto ultraconservador, há também o objetivo subliminar de evitar o nascimento de pessoas negras, índias e mestiças.
Infelizmente, há uma "engenharia" de controle populacional.
Existe a carnificina dos feminicídios realizados no interior de São Paulo e Paraná e em Estados do Centro-Oeste.
É uma espécie de "controle populacional" antecipado, mais adiantado do que o infanticídio promovido pelo tirânico rei Herodes para controlar a população da Judeia, na Antiguidade.
Se Herodes exterminava os filhos, os femincidas de hoje exterminam as potenciais mães, antes que os filhos nasçam.
Mas como nem tudo pode ser banho de sangue, a eugenia tem que adotar métodos mais "suaves".
A abstinência sexual é uma delas. E, em que pese o fato de que o "pagodão" e o "funk" são redutos de ocorrências de gravidez precoce, a medida de Damares encontra consonância com o que o entretenimento brega-popularesco faz com as moças "miseravonas".
Afinal, a indústria do entretenimento "popular demais" se esforça para evitar que moças pobres, em grande quantidade, se casem.
O entretenimento "popular demais" é uma sucessão de campanhas para forçar as moças pobres a ficarem "encalhadas", numa abstinência sexual mais radical que a proposta por Damares.
A imprensa policialesca mostra, de forma quase generalizada, a imagem sórdida do homem, como "bandido", "traíra", "sórdido", "safado" e "malicioso".
As rádios "populares" mas oligárquicas tocam uma sucessão de hits "sertanejos", "forró eletrônico", "funk", arrocha etc, com letras sobre traições amorosas, brigas conjugais e o hedonismo da solteira biriteira, ótimo gancho para aumentar o consumo de cerveja nas casas noturnas de todo o Brasil.
E há o "pagode romântico" que serve de consolo para o celibato incurável das moças pobres mais comportadas, aquelas que preferem brincar com seus afilhados.
A indústria do entretenimento também promove a objetificação do corpo feminino travestida de falso feminismo, com discurso de "empoderamento", apropriação da causa LGBTQ como pretexto para as mulheres-objetos fugirem da sombra do machismo etc.
E aí temos outra perversidade: denúncias de que empresários do entretenimento estão comprando divórcios de funqueiras e dançarinas de "pagode baiano".
Casamentos felizes se dissolvem facilmente porque a esposa precisa "ficar solteira" para exercer uma imagem "sensual" bem sucedida. Famoso solteiro faz mais sucesso.
Esse fenômeno pode ser definido como "solteirice por conveniência".
E isso ocorre porque essas "solteironas" são divulgadas, pelo entretenimento popularesco, como modelos de "realização pessoal" e "sucesso" a serem seguidos pelas moças pobres.
Tudo isso envolve uma "engenharia social" feita para evitar que, pelo menos em grande quantidade, nasçam novos filhos nas comunidades pobres, povoadas por negros, índios, mestiços e brancos considerados, pelo perverso establishment brasileiro, como "etnicamente inferiores".
Portanto, é evidente que o bolsonarismo quer promover a eugenia para evitar o nascimento de novos nordestinos.
A proposta de Damares Alves é cruel nesse sentido.
Só que, tenhamos que admitir, não menos cruel é o que o entretenimento popularesco quer fazer com as moças pobres, impondo-lhes uma solteirice forçada e sem solução.
E fazem isso a ponto de forçar com que famosas bem casadas tenham que fazer o papel profissional de "solteironas convictas", para impor um modelo de "sucesso pessoal" para as moças pobres, enquanto as populações suburbanas e rurais têm seu crescimento retardado.
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