TIDA COMO "MODERNA", A INTELECTUALIDADE QUE DEFENDE A BREGALIZAÇÃO CULTURAL PARECE AINDA VIVER NO SÉCULO XIX.
O pensamento analógico da intelectualidade pró-brega, analisada no meu futuro livro, é ilustrativo de seu tendenciosismo.
Neste livro, no qual explico como a defesa da bregalização, sob o pretexto do "combate ao preconceito", resultou no golpe político de 2016, um vício comum nesse discurso chama a atenção.
É o vício de atribuir a rejeição aos fenômenos popularescos de hoje o mesmo tipo de rejeição que o samba, o maxixe, o baião, a catira, o lundu e outros ritmos populares tiveram há 100 anos ou mais.
Puro pensamento analógico de quem vê o povo pobre de longe.
Isso é um grande equívoco e mostra o quanto o otimismo em relação aos estilos popularescos seja uma questão de tempo.
Afinal, os contextos são muito, muitíssimo diferentes.
Não há como fazer analogia e espalhar pelos quatro ventos que o "funk" terá "seu justo reconhecimento" no futuro.
Os ritmos popularescos se projetam num contexto em que interesses comerciais e midiáticos estão em jogo. Eles não haviam antes, nos ritmos que conquistaram a respeitabilidade no cancioneiro brasileiro.
Não se trata de medir o comercialismo apenas pela gravação em disco. Está na cara que os antigos sambas, maxixes, baiões tinham uma força artística que os ritmos popularescos de hoje não têm.
Os ritmos popularescos, por outro lado, seguem uma lógica comercial que vem da mentalidade dos intérpretes. Vivemos uma sociedade hipermidiatizada e hipermercantilizada.
Não há como jogar "Segura o Tchan", "Dako é Bom" e "Que Tiro é Esse?" no mesmo nível do "Gaúcho (Corta-Jaca)" de Chiquinha Gonzaga.
Os valores morais também são outros. Não há como comparar o moralismo que se escandalizava com uma moça ingênua com os pezinhos nus em contato com a areia da praia com uma mulher siliconada rodopiando os glúteos de maneira escancarada.
Nivelar as duas coisas como se fossem uma mesma transgressão é que é preconceito.
Não há como levar a sério a choradeira da intelectualidade "mais legal do Brasil" que remete a rejeição do "funk" de hoje ao mesmo sentimento em relação ao maxixe.
Aliás, os intelectuais pró-brega acabam dando a deixa para o pensamento elitista e suas "críticas" ao elitismo só fortalecem preconceitos.
Afinal, os intelectuais pró-brega acabam caindo nas armadilhas de suas próprias críticas.
Seu discurso acaba legitimando as visões elitistas de cem anos atrás. Os intelectuais pró-brega acham "atuais" as abordagens do século XIX e do começo do século XX.
Da mesma forma, vemos um Paulo César de Araújo dando razão a policiais e censores sobre o (suposto) caráter subversivo das letras de Odair José e Waldick Soriano.
Waldick Soriano era um reaça confesso, no seu tempo. Dispensa comentários nesse sentido.
Quanto a Odair José, erroneamente creditado como um enfant terrible da música brasileira, vi algumas letras dele e elas são tão inócuas que soa risível atribuir-lhes alguma rebeldia transgressora ou libertária.
Pelo jeito, os intelectuais que tanto defenderam a bregalização, atraindo para si um poderoso lobby de jornalistas, acadêmicos, cineastas e artistas solidários às suas abordagens, o tiro saiu pela culatra.
Querendo "combater o preconceito", a intelectualidade pró-brega levou a sério demais a visão das elites preconceituosas e assinou embaixo, sem querer.
O pensamento analógico da intelectualidade pró-brega, analisada no meu futuro livro, é ilustrativo de seu tendenciosismo.
Neste livro, no qual explico como a defesa da bregalização, sob o pretexto do "combate ao preconceito", resultou no golpe político de 2016, um vício comum nesse discurso chama a atenção.
É o vício de atribuir a rejeição aos fenômenos popularescos de hoje o mesmo tipo de rejeição que o samba, o maxixe, o baião, a catira, o lundu e outros ritmos populares tiveram há 100 anos ou mais.
Puro pensamento analógico de quem vê o povo pobre de longe.
Isso é um grande equívoco e mostra o quanto o otimismo em relação aos estilos popularescos seja uma questão de tempo.
Afinal, os contextos são muito, muitíssimo diferentes.
Não há como fazer analogia e espalhar pelos quatro ventos que o "funk" terá "seu justo reconhecimento" no futuro.
Os ritmos popularescos se projetam num contexto em que interesses comerciais e midiáticos estão em jogo. Eles não haviam antes, nos ritmos que conquistaram a respeitabilidade no cancioneiro brasileiro.
Não se trata de medir o comercialismo apenas pela gravação em disco. Está na cara que os antigos sambas, maxixes, baiões tinham uma força artística que os ritmos popularescos de hoje não têm.
Os ritmos popularescos, por outro lado, seguem uma lógica comercial que vem da mentalidade dos intérpretes. Vivemos uma sociedade hipermidiatizada e hipermercantilizada.
Não há como jogar "Segura o Tchan", "Dako é Bom" e "Que Tiro é Esse?" no mesmo nível do "Gaúcho (Corta-Jaca)" de Chiquinha Gonzaga.
Os valores morais também são outros. Não há como comparar o moralismo que se escandalizava com uma moça ingênua com os pezinhos nus em contato com a areia da praia com uma mulher siliconada rodopiando os glúteos de maneira escancarada.
Nivelar as duas coisas como se fossem uma mesma transgressão é que é preconceito.
Não há como levar a sério a choradeira da intelectualidade "mais legal do Brasil" que remete a rejeição do "funk" de hoje ao mesmo sentimento em relação ao maxixe.
Aliás, os intelectuais pró-brega acabam dando a deixa para o pensamento elitista e suas "críticas" ao elitismo só fortalecem preconceitos.
Afinal, os intelectuais pró-brega acabam caindo nas armadilhas de suas próprias críticas.
Seu discurso acaba legitimando as visões elitistas de cem anos atrás. Os intelectuais pró-brega acham "atuais" as abordagens do século XIX e do começo do século XX.
Da mesma forma, vemos um Paulo César de Araújo dando razão a policiais e censores sobre o (suposto) caráter subversivo das letras de Odair José e Waldick Soriano.
Waldick Soriano era um reaça confesso, no seu tempo. Dispensa comentários nesse sentido.
Quanto a Odair José, erroneamente creditado como um enfant terrible da música brasileira, vi algumas letras dele e elas são tão inócuas que soa risível atribuir-lhes alguma rebeldia transgressora ou libertária.
Pelo jeito, os intelectuais que tanto defenderam a bregalização, atraindo para si um poderoso lobby de jornalistas, acadêmicos, cineastas e artistas solidários às suas abordagens, o tiro saiu pela culatra.
Querendo "combater o preconceito", a intelectualidade pró-brega levou a sério demais a visão das elites preconceituosas e assinou embaixo, sem querer.
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