Em matéria de ontem de manhã, no Bom Dia São Paulo, Rodrigo Bocardi tentou seguir com o costumeiro show que se tornaram os noticiários da Rede Globo.
No entanto, desta vez, ele falou o que não deve, confundindo um rapaz negro como se fosse um pegador de bolinhas de tênis, espécie de "gandula" do esporte.
Foi quando o repórter Tiago Scheuer entrevistou um negro, numa matéria sobre metrô.
Scheuer cumpria o seu trabalho corretamente, mas Rodrigo Bocardi resolveu apelar.
Bocardi pediu a Scheuer perguntar se o rapaz, de nome Lionel, iria para o clube Pinheiros "pegar bolinha de tênis", depois que o entrevistado afirmou que estava pegando o metrô para ir a esse clube, considerado de elite.
Scheuer não entendeu a pergunta e ficou na sua pauta. Lionel respondeu que é um atleta de pólo aquático.
Bocardi, que também é frequentador do clube, ficou surpreso com a afirmação de Lionel, mas insistiu no seu julgamento e disse: "E eu estava achando que eram os meus parceiros ali, que me ajudam nas partidas".
Em seu perfil no Twitter, Bocardi afirmou ter origem humilde e negou ter algum tipo de preconceito.
Ele escreveu que confundiu o rapaz com os pegadores ou rebatedores de bolinhas de tênis, por causa da camiseta azul que coincide com o uniforme da mencionada tarefa.
Mesmo assim, Bocardi deveria ter tomado muito cuidado, pois acabou sendo acusado de ter cometido o chamado "racismo estrutural", que é uma espécie de discriminação racial motivada por situações ou por instituições.
Isso não se compara, claro, com as grosserias machistas de Pedro Bial contra Petra Costa, que valeram até bronca da ex-colega do jornalista, Cristina Serra, que saiu da Globo há um tempo e se assumiu uma jornalista progressista.
Ou, no âmbito racial, os ataques que várias atrizes negras receberam dos sociopatas das redes sociais.
Mesmo assim, Bocardi deveria ter evitado seu julgamento de valor. Como jornalista, ele deveria se abster de julgar as aparências e esperar o entrevistado se apresentar.
Que programas como Bom Dia São Paulo e SP TV se tornem shows, com piadinhas, brincadeiras etc, é compreensível. Virou showrnalismo, mas faz sentido dentro do contexto comercial da mídia empresarial, que trata a notícia como mercadoria.
Os âncoras desses telejornais têm que atrair audiência, através de comentários descontraídos que acabam repercutindo nas redes sociais. É a alma do negócio.
Mas o que não pode é exagerar na dose e falar o que não deve. E aí Rodrigo Bocardi encerrou a semana errando feio e estragando o desjejum de muitos espectadores.
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