PETRA COSTA FILMANDO EM BRASÍLIA.
O documentário Democracia em Vertigem, de Petra Costa, tinha mesmo que não ganhar o Oscar.
Digo isso não por eu não desejar que esse filme ganhasse a categoria de Melhor Documentário. Eu, aliás, desejei muito e fiquei triste por não ter conquistado o prêmio.
Digo que o filme tinha que não ganhar por causa da mentalidade do juri do Oscar, um prêmio tipicamente estadunidense.
A categoria tinha, no páreo, o filme Indústria Americana (American Factory), que é produzido por membros da Higher Ground Productions, produtora cujos sócios são o ex-presidente dos EUA, Barack Obama, e sua esposa e ex-primeira-dama, Michelle Obama.
Só isso garante um forte lobby para Indústria Americana, que fala da aquisição de uma fábrica de Ohio por uma empresa chinesa.
Daí que são ingredientes que pesam muito: o casal Obama e a relação econômica China-EUA.
Não poderia haver condições de Democracia em Vertigem ganhar o prêmio.
Mas a própria indicação já é uma forma do filme ter chegado lá. Deu mais visibilidade. E a derrota não pode ser festejada pelos bolsomínions, porque ela se deu de cabeça erguida, de forma honrada.
Aqui no Brasil, tivemos o incidente do assassinato do miliciano Adriano Nogueira, ex-capitão do BOPE (grupo de elite da polícia no Rio de Janeiro), ocorrido ontem.
Acusado de envolvimento no assassinato de Marielle Franco, Adriano teria relações com Flávio Bolsonaro e o ex-policial Fabrício Queiroz, e teria informações sobre o Escritório do Crime, organização na qual teria chefiado.
Adriano era miliciano do bairro de Rio das Pedras, localizado entre a Barra da Tijuca (altura da Joatinga) e a Freguesia. O Rio das Pedras também tem ligação para Cidade de Deus, através da Gardênia Azul, bairro com nome bonito, mas muito perigoso.
Na Bahia, mais precisamente no município de Esplanada, Adriano, que estava foragido, teria se escondido no sítio de um vereador do PSL, Gilsinho da Dedé, que disse ter ficado surpreso com a informação.
Gilsinho disse não conhecer o miliciano e afirma que sua propriedade foi invadida.
Segundo o advogado de Adriano, Paulo Emílio Cata Pretta, na última conversa com o cliente, este confessou de que estava ameaçado de ser morto por "queima de arquivo".
O advogado disse que a última ligação foi tensa. Adriano só não teria dito quais informações tinha que motivariam o assassinato e nem a quem interessava manter tais informações em sigilo.
O Secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa, negou a hipótese de "queima de arquivo", que definiu como "estapafúrdia".
O que se sabe é que era como eu imaginava, na época em que Marielle Franco foi assassinada. Algum envolvido no crime seria morto em alguma circunstância.
Não se sabe quem realmente estava nos dois carros que perseguiram o de Marielle, matando ela e o motorista Anderson Gomes, em março de 2018.
Sabe-se que dois suspeitos estão presos, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz. Há suspeitas de envolvimento de Jair Bolsonaro no crime, ainda sob investigação.
Ronnie Lessa, depois do crime, sobreviveu a um atentado por queima de arquivo. Ele já perdeu uma perna em um outro atentado, cerca de uma década antes da morte da vereadora, e usa uma perna mecânica.
Esse episódio é o momento mais trágico do golpe político de 2018 e ocorreu durante o governo "moderado" de Michel Temer.
É o lado sombrio do golpe, o mesmo narrado por Democracia em Vertigem.
É parte de um pesadelo sócio-político no qual as esquerdas, tiradas do poder, não conseguem mais controlar.
É claro que as esquerdas ainda mantém seus "brinquedos", os "heróis" da centro-direita e das Organizações Globo que agora cultuam dentro de seus armários: funqueiros, "médiuns espíritas", mulheres-objetos e craques fanfarrões de futebol.
Sem abandonar seus "brinquedos" dados de presente pela Rede Globo de Televisão, as esquerdas não crescem e ainda acreditam que estão em 2002.
Não estão. Os tempos são outros. 2020 não é 2002. Não dá para negociar com a centro-direita e estabelecer diálogos com os traidores.
As esquerdas, para conseguir pôr abaixo o golpe hoje vigente, precisa largar seus "brinquedos" e abrir mão da síndrome da "galinha que não quer fazer acordo com urubus e acaba negociando com a raposa".
Odiar neopentecostais e denunciar seus abusos não permite às esquerdas considerar que aquele "médium de peruca" falecido em 2002 seja uma alternativa religiosa para as forças progressistas.
Ele era farinha do mesmo saco de vendilhões do templo, falsos profetas, falsos sábios. E foi homenageado pela Escola Superior de Guerra, que só premiaria quem desse uma colaboração valiosa para a ditadura militar.
O "médium de peruca" foi um reacionário febril, um arrivista do nível de Bolsonaro, fez literatura fake atribuída criminosamente a autores mortos e defendia que aceitemos as desgraças calados, em nome das tais "bênçãos futuras" que não sabemos se realmente virão.
Nada muito diferente dos dízimos que os evangélicos têm que pagar à Igreja Universal. Aguentar o sofrimento "sem queixumes" esperando a "graça divina" que talvez só chegue após os cortejos fúnebres é tão humilhante quanto.
Só cabe às esquerdas esquecerem a tal "espiritualidade", e pensar numa forma de trazer de volta as classes populares nas ruas. Sem "bailes funk", sem festas LGBTQ caricaturais, sem duplas "sertanejas" nem mais uma mensagem "pacifista" do tal "médium de peruca".
É hora de parar a brincadeira. Das esquerdas abandonarem os brinquedos da centro-direita e chamar o povo para protestar nas ruas e não nas redes sociais. Para que assim a democracia possa sofrer menos vertigem.
O documentário Democracia em Vertigem, de Petra Costa, tinha mesmo que não ganhar o Oscar.
Digo isso não por eu não desejar que esse filme ganhasse a categoria de Melhor Documentário. Eu, aliás, desejei muito e fiquei triste por não ter conquistado o prêmio.
Digo que o filme tinha que não ganhar por causa da mentalidade do juri do Oscar, um prêmio tipicamente estadunidense.
A categoria tinha, no páreo, o filme Indústria Americana (American Factory), que é produzido por membros da Higher Ground Productions, produtora cujos sócios são o ex-presidente dos EUA, Barack Obama, e sua esposa e ex-primeira-dama, Michelle Obama.
Só isso garante um forte lobby para Indústria Americana, que fala da aquisição de uma fábrica de Ohio por uma empresa chinesa.
Daí que são ingredientes que pesam muito: o casal Obama e a relação econômica China-EUA.
Não poderia haver condições de Democracia em Vertigem ganhar o prêmio.
Mas a própria indicação já é uma forma do filme ter chegado lá. Deu mais visibilidade. E a derrota não pode ser festejada pelos bolsomínions, porque ela se deu de cabeça erguida, de forma honrada.
Aqui no Brasil, tivemos o incidente do assassinato do miliciano Adriano Nogueira, ex-capitão do BOPE (grupo de elite da polícia no Rio de Janeiro), ocorrido ontem.
Acusado de envolvimento no assassinato de Marielle Franco, Adriano teria relações com Flávio Bolsonaro e o ex-policial Fabrício Queiroz, e teria informações sobre o Escritório do Crime, organização na qual teria chefiado.
Adriano era miliciano do bairro de Rio das Pedras, localizado entre a Barra da Tijuca (altura da Joatinga) e a Freguesia. O Rio das Pedras também tem ligação para Cidade de Deus, através da Gardênia Azul, bairro com nome bonito, mas muito perigoso.
Na Bahia, mais precisamente no município de Esplanada, Adriano, que estava foragido, teria se escondido no sítio de um vereador do PSL, Gilsinho da Dedé, que disse ter ficado surpreso com a informação.
Gilsinho disse não conhecer o miliciano e afirma que sua propriedade foi invadida.
Segundo o advogado de Adriano, Paulo Emílio Cata Pretta, na última conversa com o cliente, este confessou de que estava ameaçado de ser morto por "queima de arquivo".
O advogado disse que a última ligação foi tensa. Adriano só não teria dito quais informações tinha que motivariam o assassinato e nem a quem interessava manter tais informações em sigilo.
O Secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa, negou a hipótese de "queima de arquivo", que definiu como "estapafúrdia".
O que se sabe é que era como eu imaginava, na época em que Marielle Franco foi assassinada. Algum envolvido no crime seria morto em alguma circunstância.
Não se sabe quem realmente estava nos dois carros que perseguiram o de Marielle, matando ela e o motorista Anderson Gomes, em março de 2018.
Sabe-se que dois suspeitos estão presos, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz. Há suspeitas de envolvimento de Jair Bolsonaro no crime, ainda sob investigação.
Ronnie Lessa, depois do crime, sobreviveu a um atentado por queima de arquivo. Ele já perdeu uma perna em um outro atentado, cerca de uma década antes da morte da vereadora, e usa uma perna mecânica.
Esse episódio é o momento mais trágico do golpe político de 2018 e ocorreu durante o governo "moderado" de Michel Temer.
É o lado sombrio do golpe, o mesmo narrado por Democracia em Vertigem.
É parte de um pesadelo sócio-político no qual as esquerdas, tiradas do poder, não conseguem mais controlar.
É claro que as esquerdas ainda mantém seus "brinquedos", os "heróis" da centro-direita e das Organizações Globo que agora cultuam dentro de seus armários: funqueiros, "médiuns espíritas", mulheres-objetos e craques fanfarrões de futebol.
Sem abandonar seus "brinquedos" dados de presente pela Rede Globo de Televisão, as esquerdas não crescem e ainda acreditam que estão em 2002.
Não estão. Os tempos são outros. 2020 não é 2002. Não dá para negociar com a centro-direita e estabelecer diálogos com os traidores.
As esquerdas, para conseguir pôr abaixo o golpe hoje vigente, precisa largar seus "brinquedos" e abrir mão da síndrome da "galinha que não quer fazer acordo com urubus e acaba negociando com a raposa".
Odiar neopentecostais e denunciar seus abusos não permite às esquerdas considerar que aquele "médium de peruca" falecido em 2002 seja uma alternativa religiosa para as forças progressistas.
Ele era farinha do mesmo saco de vendilhões do templo, falsos profetas, falsos sábios. E foi homenageado pela Escola Superior de Guerra, que só premiaria quem desse uma colaboração valiosa para a ditadura militar.
O "médium de peruca" foi um reacionário febril, um arrivista do nível de Bolsonaro, fez literatura fake atribuída criminosamente a autores mortos e defendia que aceitemos as desgraças calados, em nome das tais "bênçãos futuras" que não sabemos se realmente virão.
Nada muito diferente dos dízimos que os evangélicos têm que pagar à Igreja Universal. Aguentar o sofrimento "sem queixumes" esperando a "graça divina" que talvez só chegue após os cortejos fúnebres é tão humilhante quanto.
Só cabe às esquerdas esquecerem a tal "espiritualidade", e pensar numa forma de trazer de volta as classes populares nas ruas. Sem "bailes funk", sem festas LGBTQ caricaturais, sem duplas "sertanejas" nem mais uma mensagem "pacifista" do tal "médium de peruca".
É hora de parar a brincadeira. Das esquerdas abandonarem os brinquedos da centro-direita e chamar o povo para protestar nas ruas e não nas redes sociais. Para que assim a democracia possa sofrer menos vertigem.
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