Triste Brasil, onde a mulher tem que, salvo exceções, escolher entre o macho e o machismo.
Com a banalização do termo "feminismo" e sua associação, tendenciosa e errônea, à objetificação do corpo feminino, veio uma estranha inversão de valores.
As mulheres realmente emancipadas, capazes de se emancipar até da hipersexualização, já nem se interessam muito em se considerar feministas.
Enquanto isso, as mulheres que estão associadas a uma imagem "exageradamente sensual", são as primeiras a falar em "feminismo" e "empoderamento".
É aquela coisa: quem é não precisa tanto se considerar como tal, mas quem não é tem a preocupação sempre em afirmar uma qualidade que não tem.
Nos EUA, até existem casos de mulheres que têm que se decidir entre o macho e o machismo.
Mas isso não tem a frequência que existe hoje, quando o Brasil redescobriu, tardiamente, a Contracultura estadunidense e assimila muito mal seu ativismo identitário.
O Brasil ficou naquela coisa de "quem nunca comeu doce, quando come, se lambuza" com a Contracultura.
As causas LGBTQ são desvirtuadas para a espetacularização, as gordinhas sofrem pressão para serem sexy, a "liberdade do corpo" acaba se tornando uma escravidão, uma tirania do sensualismo obsessivo.
E as pessoas que se tatuam muito, achando que estão "expressando o que são", usando tatuagens para substituir o antigo afeto e posando de "filósofos" só por conta de um desenho que é outra pessoa que faz, não sendo uma "liberdade total" do corpo individual, aqui sujeito à intervenção alheia.
Tatuagem não é escolha de gente livre, é como o carimbo do gado bovino em uma fazenda.
Mas não dá para explicar essa "liberdade" nada livre, que não contribui para o prazer pessoal, porque as pessoas adotam essa "liberdade" para, dependendo do caso, agradar ou incomodar o "outro". Que autoestima se espera em atitudes assim? Nenhuma.
Ninguém entende isso, porque o que parece agradável é sempre associado à "liberdade", mesmo que envolva descuidos à saúde, preguiça, zonas de conforto etc.
Na "ditabranda do mau gosto", que é essa tirania de uma "provocatividade" que não ameaça o "sistema", confunde-se valorizar a autoestima com a obsessão em incomodar o "outro".
Vemos conflitos sob o verniz "identitário": o "eu" impondo seu "mau gosto" para "agredir o outro". A mulher achando que "feminismo" se define pela misandria, essa palavra nunca usada mas muito praticada.
Se eu reclamo no caso de atrair só mulheres-objetos, sou humilhado nas redes sociais e nem boa parte das esquerdas, cada vez mais cirandeiras, me poupariam.
O homem não tem direitos nesta festa da solteirofobia, que aposta num "casamento no precipício" entre solteiras idiotizadas e solteirões incuráveis.
O que é "liberdade" nesse contexto todo, de ativismo espetacularizado, de "ditabranda do mau gosto", das zonas de conforto de achar-se "livre" por causa de suas debilidades e erros?
É o país dos Quenuncas. É a glamourização da mediocridade, glorificada pela bregalização, blindada por uma geração de intelectuais "santificados".
E isso mostra um cenário cruel, em que o "pagode baiano" e o "funk" já mostram um aspecto mais cruel que a perversidade tirânica do K-Pop.
Afinal, no K-Pop, com todos os impedimentos perversos e insuportáveis - daí os suicídios - , a barreira na vida amorosa se limita à proibição dos astros namorarem.
No "pagodão" e no "funk", os empresários das "musas" envolvidas, sem o menor pingo de escrúpulo, compram divórcios, desfazendo casamentos sólidos de suas clientes.
Ainda não dá para engolir a suposta solteirice de uma dançarina de um conjunto de "pagode baiano" dos anos 1990, que se separou de um marido atleta depois de ambos renovarem os votos nupciais.
E em todo Carnaval se vê o motivo dessa farsa: a dançarina precisa ficar "solteira" para manter a ilusão da "musa acessível", principalmente quando ela volta a dançar os antigos sucessos do grupo com sua antiga colega de dança.
"Ser solteiro vende mais", disse justamente o marido da antecessora desta mesma dançarina, cantor de um também famoso conjunto de "pagode baiano". A esposa dele também recebeu uma oferta para se separar do marido, mas a oferta foi recusada.
E as mulheres que, em contrapartida, vivem a "solidão a dois" em casamentos aparentemente sólidos?
Esse é um "empoderamento" patrocinado pelo poder marital, por uma condição patriarcalista do marido líder, o fenômeno da mulher chief-partnered com o marido empresário ou diretor de alguma coisa?
Mas se até nas esquerdas há a "solteirice a dois" de mulheres que só muito tardiamente admitem que são casadas, em relações estáveis mas sem cumplicidade...
Como explicar um país com todas essas irregularidades acima citadas? Que "liberdade" é essa de pessoas que não sabem o que realmente querem na vida?
Realmente o Brasil anda muito bagunçado, retrógrado, mas querendo parecer moderno a todo custo. Assim agindo, acaba sendo, sim, um país incuravelmente retrógrado.
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