Uma pessoa lê o seguinte título: "Lula desperdiçou seu primeiro mês de governo". A pessoa estranha e vai logo boicotar o texto. Ela pensa com seus "botões": "Como assim? Lula está acabando com Bolsonaro. Vamos ter paciência e esperar que ele garanta a governabilidade".
Só que o presidente Luís Inácio Lula da Silva não precisa depender de governabilidade ou de início de atividades do Legislativo para implantar certas medidas de urgência. O combate à fome, causa que o fez até chorar em comícios, não teve uma medida sequer.
Se Lula foi acompanhar o caso dos índios Yanomami, sofrendo de genocídio por diversos motivos, incluindo a desnutrição grave, foi mais um ato vinculado aos estragos bolsonaristas do atual presidente. A obsessão de Lula foi em desmontar o bolsonarismo, tarefa que já tem instituições e órgãos responsáveis, e tal obsessão fez o governo atual ser um "Estado policial às avessas", como uma "Lava-Jato" de ponta-cabeça.
Lula não fez grandes realizações no seu governo e nem soou tão esquerdista assim. Na verdade, o presidente nada fez no setor que mais precisava de ações imediatas e não de promessas. Mas as pessoas aplaudiram porque é o contexto social em que as pessoas não percebem qualquer coisa, precisam ter um senso de observação muito grande.
E aí confundem sensação com entendimento. Têm a falsa impressão de que Lula está governando bem pelos artifícios de sua visibilidade e de suas frases de wfeito. Mas a sociedade que vive no conforto não percebe que Lula nada fez pelos pobres, nenhuma decisão imediata se deu neste sentido. O presidente da "paz" estava ocupado na guerra contra Bolsonaro.
É um pessoal que, em parte, joga comida fora em restaurantes de shopping center. É um pessoal que chega atrasado a um teatro, como se peça teatral fosse novela em que basta apenas ver o astro da Rede Globo no palco e dane-se o enredo, já que muitos ainda mantém a mentalidade de "zapear a TV" que as faz pouco se lixarem em conhecer todo o enredo.
Algumas dessas pessoas leem até psicografakes, achando que um "fake de Cristo", podendo ser Humberto de Campos, Getúlio Vargas, Olavo Bilac, Raul Seixas, Renato Russo, Hebe Camargo, Domingos Montagner, Paulo Gustavo, Hebe Camargo ou Dercy Gonçalves, seria "verdadeiro" porque fala em "paz e fraternidade", e isso nos mostra a que nível se chegou a idiotização cultural humana, neste Brasil falido e atrasado em que vivemos.
Por isso as pessoas confundem as coisas. É o "médium" falsamente atribuído a múltiplas funções, como dublê de "filósofo, intelectual e profeta" ou o "juiz" falsamente atribuído a múltiplas funções, como "advogado de acusação, militante patriota e xerife". Chamamos de "banda" grupos vocais destes em que, em certas músicas, um dos vocalistas canta e os outros cruzam os braços. E muitos falam gírias da Jovem Pan (tipo "balada") e depois têm a ingratidão de falar mal de Tutinha.
É muita hipocrisia, para uns, e muita omissão, para outros. Daí que essa desinformação generalizada faz com que a turma que tem coragem de chegar atrasado a uma peça com Antônio Fagundes não percebe que Lula jogou fora um mês de seu governo. E Lula conseguiu o espetáculo de enganar a população dando a impressão de que "fez muita coisa" sem fazer, de fato. Vamos aos itens:
1) Para uma plateia que vê muito Netflix, acostumada a raciocinar a realidade como nos enredos de seus diversos seriados, Lula oferece um "espetáculo policial", intervindo na perseguição aos bolsonaristas, transformando o começo de seu governo numa "lavagem de roupa suja" dos tempos de lavajatismo e golpismo temeroso-bolsonarista que levaram o hoje presidente à prisão. A surra nos bolsonaristas é a única coisa sendo feita, mas a plateia, acostumada com enredos policialescos, sai aplaudindo, pouco importando o combate à fome e à miséria;
2) Para quem tem uma vida corrida e não sabe a diferença entre promessa ou opinião e realização, o pessoal acha que Lula "já realizou" quando apenas fez comentários e promessas. Lula fez uma pegadinha que pegou desprevenido até a Folha de São Paulo, que erroneamente definiu o primeiro mês de governo Lula 3.0 como "mais à esquerda", por motivos tolos como o uso de "linguagem neutra" e as declarações "contra o mercado". Na entrevista com Kennedy Alencar, do UOL, Lula falou até na sua preocupação com a fome dos brasileiros, mas nada fez até agora;
3) Lula fez uma agenda de viagens e contatos que deu a falsa impressão de que estava cheio de compromissos, o que deu a ilusão de que seu governo foi movimentado e cheio de realizações, quando na verdade esse governo só produziu notícias, sem no entanto implantar medidas sociais urgentes neste Brasil bastante devastado, cujos estragos a "boa" sociedade só vê à distância;
4) Junta-se o fanatismo em torno de Lula com a ânsia de uma parcela considerável da classe média em se livrar de Jair Bolsonaro para achar que até se Lula tossir os aplausos se tornam entusiasmados. Daí que, dentro dessa expectativa, as pessoas não querem ler textos críticos, e no Brasil ter senso crítico é uma atitude discriminada socialmente, apesar de ser uma ferramenta necessária para o progresso e para a correção de problemas.
Lula pegou desprevenida uma plateia deslumbrada, ansiosa, com vida movimentada que as fez tanto perder o discernimento da realidade quanto para tomar atitudes apressadas como jogar comida fora e chegar tarde a um teatro. E aí todos foram dormir tranquilos, exceto os pobres e miseráveis, forçados a dormir em calçadas sujas e eventualmente molhadas pelas chuvas e pelo esgoto. Mas o barulho das barrigas roncando e dos choros desesperados não chega nas redes sociais. O barulho dos seriados da Netflix, dos jogos de futebol e da música popularesca não deixam.
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