NA ABERTURA DA CAMPANHA DE VACINAÇÃO PARA ESTE ANO, LULA INAUGURA O PERÍODO COM VACINA ANTI-COVID APLICADA PELO VICE, GERALDO ALCKMIN.
Depois de uma campanha presidencial constrangedora, em que Lula se impunha como "candidato único" da "democracia" que só ele se julgava capaz de recuperar, e depois de um começo precipitado em que o presidente mais produziu notícias do que realizações sociais, agora o governo Lula promete que irá, finalmente, começar, dentro dos "40 anos em 4" que praticamente foram perdidos em dois meses, ou seja, "20 meses".
Vejo que, infelizmente, muita gente se ilude com Lula produzindo fatos políticos em vez de realizações sociais. Não dá para confundir a reconstrução do Brasil com desconstrução do bolsonarismo, como também não se pode confundir construção de edifício novo com a demolição de um velho. Você, leitor, vai morar em escombros de um velho edifício, achando que eles já são o edifício novo já construído?
Lula trouxe comida para os brasileiros depois que falou com Joe Biden? A reconstrução da Ucrânia influirá em mais moradias para os brasileiros mais pobres? Ainda que muitos desejem que eu tenha paciência em relação ao governo Lula, confiar no presidente e aceitar tudo o que ele decide de maneira quase passiva, é necessário ser realista e crítico.
O próprio Lula prometeu que iria reconstruir imediatamente o Brasil assim que fosse considerado vitorioso nas urnas. E o que ele fez? Alguma medida para combater a miséria e a fome? Eu li as notícias e não vi uma medida neste sentido, no prazo inicial dos dois primeiros meses de governo. Quando muito, só houve propostas.
Claro, para quem ganha R$ 10 mil em média, que é a chamada "nata" dos apoiadores "modestos" de Lula - a esquerda identitária que se julga "trabalhista" ou o isentão que vai ao sabor do vento de sua realidade solipsista - , tanto faz se o presidente vai lançar um programa de alimentação popular ou de redução de preços de alimentos ou se ele vai viajar para falar com Joe Biden, Volodymyr Zelensky ou Emmanuel Macron.
Para quem está bem de vida, isso não faz diferença. Se Lula consegue movimentar os noticiários, a fome pouco importa para quem pode ter um rodízio de picanha com cerveja todo domingo. O problema é o pessoal que não tem casa nem emprego e nem comida. Esse tem que esperar, pois Lula não vai voltar da conversa com Biden com toneladas de comida oferecidos de bandeja.
Encerra-se o mês e Lula, finalmente, anuncia que "o governo (da República) volta a cuidar do povo". Em Brasília, o presidente e seu vice, Geraldo Alckmin, participaram do lançamento da nova campanha anual de vacinação, depois de tanto boicote do antecessor Jair Bolsonaro. Na nova campanha, Alckmin aplicou uma vacina anti-Covid no braço de Lula, inaugurando a temporada.
O assunto em destaque, no entanto, é a discussão sobre a desoneração dos combustíveis e a redução dos preços desses produtos nos postos. A polêmica está na atitude do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que está atuando como um neoliberal explícito, decidido pelo aumento de impostos e pela manutenção do PPI, Preço de Paridade Internacional, que vincula a política de preços da Petrobras às variações do dólar no mercado.
O PPI foi instituído pelo nefasto governo de Michel Temer, que, lembremos, foi muito mais maligno do que se pensa, pois ele preparou o caminho para Jair Bolsonaro praticar suas maldades, tendo este recebido o "roteiro pronto" de seu antecessor para aplicar os retrocessos sociais que afligiram os brasileiros.
Mas o erro de Lula ter se aliado à frente ampla demais faz com que seu governo enfrentasse problemas sérios. O mercado pressiona, e Lula tem que pagar as dívidas eleitorais. Lula não pode sair por aí brigando para valer com o mercado que o ajudou a ser eleito. E Joe Biden, que conspirou pelo golpe que derrubou Dilma Rousseff em 2016, não tem sangue de barata e só aceita a "democracia lulista" desde que evitasse certas "ousadias".
Lula também anunciou a recriação, este mês, do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), o que devia ter sido o primeiríssimo ato presidencial, se dosse pelas promessas de Lula. Menos mal, fou tardio, mas ocorreu.
Vamos ver agora o próximo mês como vai dar. Certamente não será um governo "super de esquerda" que irá decolar. Será um governo moderado, com um neoliberalismo econômico alternando com medidas sociais, e pouco avançará além desses limites. "40 anos em 4"? "Brasil feliz de novo"? Esqueçam isso. Se o Brasil conseguir respirar, andar e conseguir dormir tranquilo, será alguma coisa.
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