O governo Lula ainda não começou e o presidente, bastante idoso e doente, não deveria, desde a campanha presidencial, cumprir uma agenda tão sobrecarregada e desgastante. Deveria, ao menos, ficar no Brasil, no seu gabinete em Brasília, e se concentrar nos trabalhos da chamada "reconstrução do país", que o petista jurava ser "urgente" a ponto de se impor como "candidato único" de uma campanha presidencial em que os dois lados, lulista e bolsonarista, fizeram jogo sujo.
Janeiro passou sem que Lula adotasse uma medida concreta e imediata para o tão alardeado "combate à fome e à miséria". Tudo se limitou ao desmonte do bolsonarismo. O mais risível é que a primeira medida "social" anunciada é um mero projeto filantrópico, o Projeto Nacional de Cozinha Solidária, aos moldes do assistencialismo religioso.
O agravante é que não só nos mandatos anteriores de Lula, que até foram bons, em que pese a supervalorização dos mesmos, começaram cada um com iniciativas e decisões, mas mesmo governos medíocres como os de José Sarney e Fernando Collor tiveram início com medidas que, de algum modo, mesmo com defeitos e imperfeições, buscavam resolver os problemas dos brasileiros.
Já o atual governo Lula, não. Descontando o desmonte do bolsonarismo, tudo se reduziu no âmbito das propostas, reuniões e comentários opinativos. Nenhuma ação concreta. Propor não é fazer. Comentar não é fazer. Reunir não é fazer. Uma coisa é discutir e expor ideias, outra é implantar ações. O terceiro governo Lula até agora não realizou uma única ação. O que é muito grave.
Lula fez questão de ser eleito para "a urgente reconstrução do Brasil". Ofendeu a Terceira Via, em vez de civilizadamente aceitar competir com outros candidatos. Agrediu Ciro Gomes para depois dizer que foi agredido por ele. E dessa forma Lula, que quis "recuperar a democracia", desobedeceu justamente o princípio democrático da competitividade eleitoral. Lula se recusou a ser competitivo.
Hoje Lula se encontra com Joe Biden, o presidente dos EUA, para discutir diversos assuntos, dos quais se inclui as medidas de proteção da Amazônia e a garantia da "democracia", ou seja, aquele projeto político de Lula que adapta um programa popular de forma que não ameace os interesses das elites. Lula finge brigar com o "mercado", mas é aquele clima Marlene e Emilinha Borba. No fundo, Lula, que mora encostado à Faria Lima, é parceiro e aliado dos magnatas da burguesia empresarial.
Lula ainda vai viajar para a China e fazer excursão pelo Brasil. Enquanto isso, o Brasil clama por reconstrução e até agora não houve uma iniciativa definida, apenas reuniões, discussões, propostas, opiniões. Tudo ainda "por fazer".
A fome não espera. A pobreza não espera. E os sem-teto, enfrentando pela enésima vez as tempestades de verão, deitados em locais sujos, sujeitos a doenças graves? E as favelas, com estrutura caótica e desorganizada, sem acessibilidade nem sustentabilidade, com tanto desconforto e problemas diversos, como a violência policial de teor fascista?
A "boa" sociedade acha que Lula está governando porque não parou para prestar atenção às coisas. Tudo é maravilhoso porque é movimentado: culturalismo vira-lata considerado "cultura excelente" porque tem produtividade constante nas redes sociais. Lula "governando bem" por apenas aparecer constantemente nos noticiários em diferentes situações. Enquanto isso, a "boa" sociedade joga comida fora e chega atrasada a peças de teatro. Tudo muito "democrático", e muito "movimentado".
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