Depois que a ex-dançarina do É O Tchan, Joyce Mattos, entrou em processo contra o grupo baiano, alguma coisa mudou.
O grupo, que havia decaído no sucesso nacional, tentava manter o sucesso apenas local, no cenário da axé-music baiana.
Desde 2014 o grupo já havia lançado alguns sucessos anuais, a partir do "Sabe Nada, Inocente".
A divulgação nacional era feita apenas por programas secundários da TV aberta paulistana, como os da Rede Record e Rede TV!.
O grupo até estava inserido no circuito de medalhões do Carnaval de Salvador, até que um incidente aconteceu.
A ex-dançarina Joyce Mattos denunciou que as dançarinas eram "tratadas como cachorros" além de não receberem integralmente a remuneração e os encargos trabalhistas a que tinham direito por lei.
Ela denunciou sobretudo um dos vocalistas do grupo, Compadre Washington, por maus tratos.
Joyce entrou em processo na Justiça e, em juízo, irá revelar inúmeras irregularidades relacionadas ao grupo baiano.
Sabe-se que, além do É O Tchan, o Chiclete Com Banana nos tempos de Bell Marques, o Asa de Águia e a cantora Ivete Sangalo são acusados de descumprir normas trabalhistas.
Asa de Águia, de Durval Lélis, e Ivete foram acusados de "pejotização", que é transformar músicos empregados em "pessoas físicas" para evitar certas obrigações trabalhistas.
Isso em boa parte abateu a "monocultura do axé", que durante muitos anos imperou o cenário musical baiano.
E agora a axé-music tenta retomar o sucesso nacional, ainda que longe dos tempos da Era FHC, nos anos 1990.
E o É O Tchan encontrará um contexto muito estranho, como outros axézeiros.
Disputará com o "funk" parte dos cenários de entretenimento no Rio de Janeiro, principalmente durante o Carnaval.
A axé-music já está se infiltrando no carnaval de rua carioca, na medida em que começa a perder espaço em Salvador.
Alguns blocos já não vão desfilar no Carnaval de Salvador, por causa da crise.
Com o fim da MPB FM, a juventude carioca será tentada a engolir ainda mais o brega-popularesco.
Com as canastrices de Chitãozinho & Xororó e Alexandre Pires e com a "atualização" de "Pelo Telefone", de Donga, dos queridinhos da intelectualidade "bacana", Leandro Lehart e Molejo.
O primeiro samba gravado, não bastasse a gravação "engraçadinha" da linha sambrega dos 90, terá novo título, "Pelo Zap-Zap", além de letra adaptada.
Os midiotas, que nunca rejeitaram o brega-popularesco, muito pelo contrário - ou algum incauto imaginaria que os reaças da Internet defenderiam Tom Jobim e Villa-Lobos? - , vão adorar.
Afinal, o "Zap-Zap" é o apelido de WhatsApp, um dos redutos do reacionarismo digital que apavora o país.
A nação "coxinha" que exalta Alexandre Frota, Danilo Gentili, Rodrigo Constantino, Ju Isen, Janaína Paschoal etc adora "funk", "sertanejo", axé-music, sambrega e "forró eletrônico".
Devem festejar o fato de Wesley Safadão ser mais rico do que Chico Buarque.
É a trilha sonora do Brasil de Michel Temer, com o retorno dos "pagodeiros" e "sertanejos" da Era Collor, agora promovidos a canastrões a usurpar a MPB.
Os barões da mídia agradecem.
Comentários
Postar um comentário