Cadê suas panelas, brasileiros médios?
Ah, estão ocupadas preparando a pipoquinha para a novela das nove?
De repente, aquela fúria diante de Lula e Dilma Rousseff acabou ou se direciona para alguns incômodos.
Como no caso de Frederico Carneiro Soares, ex-militar e professor universitário de mentalidade fascista que, por uma tola discussão sobre herança, tirou a vida da filha Maíra Cintra Soares.
O valentão se entregou à polícia, mas não depois do DCM revelar que ele defendia a intervenção militar no Brasil, eufemismo politicamente correto de golpe militar.
Mais um surto nas elites que parece que perderam a vergonha de perder a cabeça.
Só que, desta vez, com um incidente que mais parece filme transmitido no Domingo Maior da Rede Globo.
Fora esses surtos, o que se vê é o pessoal se sentindo como se preparasse para viajar para a Disney.
O Brasil está numa catástrofe política, praticamente desgovernado, e o pessoal feliz da vida.
A mídia venal constrói uma fábula e Michel Temer faz seu jogo de retórica.
A última dele foi afirmar que "nenhum ministro" de seu governo terá blindagem.
A ideia é dar a impressão de que Temer iria, mesmo, demitir o ministro que virar réu pela Operação Lava Jato.
A fala foi firme, afinal, Temer discursava para seus patrícios.
Diante deles, Temer parece destemido, bravo, firme e decidido em suas aparições.
Mas quando ele sente que haverá oposicionistas em algum evento, foge de medo de ser vaiado.
Alguém vai levar a sério o que Michel Temer disse?
Talvez ele possa mesmo demitir algum ministro, mas ele na verdade arruma um outro cargo nos bastidores e tudo fica bem.
Romero Jucá foi amostra disso.
Ele era o ministro do Planejamento do governo Temer quando foi revelada a famosa gravação com o ex-senador Sérgio Machado, dizendo que o impeachment de Dilma foi para evitar que a Lava Jato atinja políticos do PMDB e PSDB.
Jucá foi demitido do referido ministério, mas voltou ao Senado e, depois de ser líder do PMDB na casa legislativa, passou a ser o presidente nacional do próprio partido.
Esses escândalos todos deixam o Brasil vulnerável. Temos um clima de insegurança jurídica e político-institucional graves.
Os casos de corrupção de políticos integrantes ou aliados do governo Temer não deve ser confundido com episódios de humor ou de alguma algazarra saudável.
Lidar com o Brasil é uma coisa séria. O ministro licenciado da Justiça, Alexandre de Moraes, participar de uma festinha num barco para depois ir ao Supremo Tribunal Federal não é demonstração de senso de humor.
Afinal, temos um poder Executivo, um poder Legislativo e um poder Judiciário.
As irregularidades e abusos neles existentes não podem ser vistos como se fossem esquetes de humor ou momentos de descontração.
Deveria haver indignação e não risadas. Sobretudo quando Aécio Neves é citado em vários casos de corrupção na Internet.
A mídia venal quer que o brasileiro comum acredite que tudo está tranquilo.
Não está. O Brasil continua inseguro e vulnerável.
Essa é a realidade que não cabe na tela de TV.
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