Pouco após a homologação das delações premiadas da Odebrecht na Operação Lava-Jato, um cheiro de pizza no forno se exalou em Brasília.
Tivemos umas semanas tensas.
Acidente matando Teori Zavascki, ministro do Supremo Tribunal Federal e relator da Operação Lava-Jato, prisão de Eike Batista e morte cerebral da ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva, mulher do ex-presidente Lula.
Para substituir Teori, já foi escolhido novo relator, Luiz Edson Fachin, com um perfil de atuação semelhante ao do falecido.
A escolha do novo ministro do STF no lugar de Teori ainda está em andamento.
O presidente Michel Temer defende, para o cargo, o hoje presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Ives Gandra Martins Filho.
A escolha é criticada porque Ives tem ligações com o grupo neo-medieval Opus Dei, o mesmo que tem o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, como filiado.
Mas, a título de comparação, Ives é menos ruim do que um dos concorrentes ao cargo, o ministro da Justiça, aliás da Justiça e Segurança Pública, o truculento Alexandre de Moraes.
Pelo menos, Ives Grandra tem um desempenho "técnico" verossímil, assim como o pai, o jurista de quem herdou o nome.
O ministério da Justiça teve poderes ampliados, embora tenha perdido a secretaria de Direitos Humanos, agora transformada em ministério.
Temer criou um simulacro de "reforma ministerial" para favorecer tanto Moreira Franco quanto Alexandre de Moraes, apesar de tudo que este fez para permitir a chamada crise penitenciária.
Wellington Moreira Franco era secretário-executivo do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) e passou a ser ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República.
A manobra foi feita malandramente, pois Moreira Franco, citado 34 vezes numa delação da Odebrecht, ganharia foro privilegiado com isso, só podendo ser julgado pelo Supremo.
Temer tentou desconversar, dizendo que a nomeação do político fluminense foi "apenas uma formalização" e foi feita "para fortalecer a República".
Outro nomeado foi o Antônio Imbassahy, do PSDB baiano, para a Secretaria de Governo, no lugar de Geddel Vieira Lima, que "caiu" por causa do escândalo do edifício La Vue, em Salvador.
Aqui há duas curiosidades.
Dois "ministros de secretaria", o fluminense Wellington e o baiano Antônio, foram prefeitos em cidades onde morei.
Eu peguei, criança, a Niterói governada pelo prefeito Moreira Franco, em 1977. Em 1981-1982 morei na Niterói com o mesmo governando o Estado do Rio de Janeiro.
E peguei a Salvador, entre 1997 e 2005, governada pelo prefeito Imbassahy.
Enquanto isso, o Ministério Público de Minas Gerais e o Tribunal Superior Eleitoral investigam escândalos envolvendo dois dos maiores envolvidos do atual governo: o derrotado da campanha presidencial de 2014, senador Aécio Neves, e o presidente Michel Temer.
Aécio é investigado por esquema de corrupção na construção da Cidade Administrativa, apelido do Centro Administrativo de Minas Gerais, localizado em Belo Horizonte.
Já Temer segue sob investigação por irregularidades na campanha eleitoral de 2014, quando era candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff.
Segundo se consta, aumentam as chances de Temer ser cassado e a sucessão cair nas mãos do Legislativo, agora presidido por dois comparsas de Temer.
No Senado, um personagem "novo", Eunício Oliveira, do PMDB cearense, acumula a presidência da casa e do Congresso Nacional.
Na Câmara, Rodrigo Maia, do DEM fluminense, foi reeleito presidente da casa e também continua suplente de Michel Temer no comando da República.
Quando Michel Temer for mais uma vez ser desprezado pessoalmente no exterior, como um mero "líder brasileiro", é Maia o presidente em exercício do Brasil.
E assim a plutocracia tenta se consolidar politicamente, fazendo de tudo para o Brasil ficar com governos "liberais".
Com as reformas contra os trabalhadores e aposentados em andamento e nossas riquezas sendo vendidas, como artigo de feira de usados, para empresas estrangeiras.
Comentários
Postar um comentário