Pessoas jogando conversa fora e contando piadas durante toda a noite, até altas horas da madrugada. Poluição sonora nas festas com pop dançante ou, principalmente, música brega-popularesca. Alegria tóxica, obsessiva, de pessoas que desprezam a tristeza alheia e até criaram um estereótipo para representar os defeitos que as mentes preconceituosas dessas mentes "sem preconceitos" forjaram: o InCel, esse monstro disforme que confunde solteirão com psicopata.
É preocupante o estado de espírito dos lulistas que, com arrogância acima dos limites - que influi, por exemplo, no desestímulo ao senso crítico - , se comportam como valentões de escola. Que os bolsonaristas merecem ser punidos pelo que fizeram de ruim, isso não tem a menor dúvida, mas os lulistas agem contra eles como se quisessem incendiar e depredar a casa do inimigo.
A positividade tóxica está com seu nível de acidez alto. A alegria, extremamente agressiva. A euforia, imprudente, intransigente. Os lulistas não querem que exerça o senso crítico, querem que todos aceitem o clima de festa, mesmo que as classes trabalhadoras precisem do sono noturno até mesmo em vésperas de fins de semana e feriados. E há muitos idosos que precisam de descanso e podem ficar mais doentes se forem forçados a ficarem acordados durante a madrugada.
A situação é preocupante e, podemos garantir, revoltante. Pois nos livramos do abuso bolsonarista, o que é um alívio, e esperemos que as instituições possam agir para prevenir futuros golpes. Mas os lulistas, ou seja, a elite do bom atraso que elegeu um Lula domesticado que só quer falar, agem como se querem tudo para si, uma "democracia" hedonista com o Brasil transformado em "parque de diversões" para os seus festejos identitaristas.
Eu e meu irmão não podemos mais dormir sábados à noite, porque a vizinhança, de maneira totalmente insensível, com o mais completo desprezo às necessidades do outro, ficam fazendo festa ou conversando coisas supérfluas, contanto gracinhas, rindo alto demais e falando ao mesmo tempo.
Ou seja, entre a sociedade "democrática" que tomou para si o protagonismo, a noção de respeito humano é tão vazia de sentido quanto a dos bolsonaristas, e isso se deve porque, diferenças ideológicas à parte, lulistas e bolsonaristas demonstraram um comportamento comum, pois a origem social é a mesma: uma classe média egoísta, hedonista, intransigente e revanchista.
Eu gostaria de não ter criticado o lulismo ou o governo Lula. Mas vejo erros os quais não posso fingir que inexistem ou são acertos. Lula começa o governo viajando em vez de combater a fome e eu tenho que fazer o quê? Aplaudir? Se estivéssemos no navio à deriva em alto mar e Lula for o timoneiro que abandona a embarcação para pegar uma praia numa ilha distante, temos que sair aplaudindo porque é o Lula que está fazendo isso?
Temos que aplaudir essa sociedade que fuma e bebe álcool adoidado, que joga comida fora, que faz festa ou conversa piadas desnecessárias durante a madrugada e fica humilhando pessoas solteiras e adultos que moram com os pais ou ficam em casa nos fins de semana? Dá para entender que o espírito do tempo de hoje demoniza mestres como Renato Russo e Tom Jobim enquanto glorifica Michael Sullivan e todo o "funk".
É triste ver que o Brasil se tornou uma sociedade extremamente tóxica, em vários sentidos. Ver que o nosso país ainda tem obsessão em ser potência de Primeiro Mundo assim é preocupante e extremamente perigoso. Pode parecer positivo o Brasil querer ser país desenvolvido, mas não há condições sociais objetivas para isso.
É lamentável. A gente encerra com um período desumano, com um presidente irresponsável que cometeu abusos de poder diversos, para depois entrar num período em que a "boa" sociedade só quer saber de festa, de bebedeira e diversão.
Cadê a tal "sociedade do amor"? Cadê o Brasil igualitário e humano? Cadê a justiça social, o direito das pessoas de descansar, renovar as energias? O que vemos, em vez disso, é uma festividade tóxica de pessoas que deixam claro que são arrogantes e só querem um protagonismo todo seu. Acabam se nivelando aos bolsonaristas que expurgaram. Que inclusão social é essa que humilha pessoas solteiras e perturba o sono de quem precisa renovar as energias físicas para manter a saúde em dia?
Só que essa arrogância acabará, um dia, fazendo com que a tragédia bata a porta dos abusadores e dos inimigos do respeito humano. No Brasil, a festa costuma ser boa, mas a ressaca é horrível. O problema é que essa festividade tóxica pode facilitar o que não é desejável, que é a volta do bolsonarismo, que poderá aproveitar a situação para cooptar os que forem excluídos desta festa hedonista e "identotária".
O pesadelo bolsonarista não acabou para dar lugar ao festejo tóxico do Brasil de hoje. O sonho lulista, dos discursos infantilizados do presidente que pensa ser o "filantropo mundial", tende a virar um novo pesadelo com essa festa tóxica de uma liberdade para poucos em sua felicidade egoísta e autoritária, de apoiadores do lulismo que não passam de gente hipócrita, que pronuncia a palavra "amor" da boca para fora, mais como uma antítese do "ódio" bolsonarista do que de alguma consideração com a vida dos outros.
Esse Carnaval tóxico acabará resultando nas cinzas de um novo tempo queimado pelo egoísmo lúdico e nada lúcido dos novos protagonistas da elite do bom atraso, que um dia mostram alegria agressiva, perturbando o sono e o sossego dos outros, no outro perderão o sono ao ver que a sonhada prosperidade lhes escapou das mãos, por conta do clima de festividade cega que resultará numa tristeza pior do que aquelas que, aos gracejos, essa elite do bom atraso atribui aos incels, fãs de rock e MPB e outros novos excluídos.
Comentários
Postar um comentário