O decepcionante governo Lula 3.0, que só é satisfatório para os 30% de bem de vida que ganha mais de oito salários mínimos e possui depósitos bancários com mais de R$ 600 mil, está envolvido em problemas como o caso dos conflitos com o Centrão, hoje manifestos com o caso dos ministérios do Turismo e do Desenvolvimento Social, não bastasse a solução estranha para resolver o conflito do Congresso Nacional.
Lula, para obter apoio parlamentar às suas emendas, libera uma quantidade de dinheiro para agradar os parlamentares e fazê-los votar com o governo. Medida polêmica, esta é o principal motivo do antipetismo que abriu caminho para o golpe de 2016 e a ascensão de Jair Bolsonaro.
Diante disso, é impossível o Brasil virar potência de Primeiro Mundo, até porque, se essa ideia soa como uma perspectiva de realização com certeza, e na forma de "parque de diversões" para o consumo hedonista dos 30% de "iluminados" que apoiam Lula e cujos hábitos "insólitos" envolvem jogar comida fora, cultuar psicografakes, exaltar a precarização musical brega-popularesca e, ao mesmo tempo que demonizam os homens solteirões, também demonizam o romantismo na vida amorosa.
O Brasil está difícil para pessoas decentes viverem, quando vemos que, só no mercado de trabalho, o setor privado está privilegiando comediantes e o setor público, os resmungões, o que dá o tom da pouca valorização do trabalho em si, reduzido a uma atividade qualquer nota desvinculada de sua função social, esta submetida ao ritual de enturmar os funcionários em torno de um colega "mais engraçado".
Não se pode ter mais senso crítico, não se pode botar o cérebro para funcionar livremente. Não se pode protestar, não se pode ficar em casa nas noites de sábado, não se pode se afastar do futebol etc. De repente o "Brasil da alegria" só permite o "sim", a festa, a positividade tóxica, o hedonismo sem paixão, e até o "amor" é mais uma antítese do ódio bolsonarista do que amor propriamente dito.
De repente, as esquerdas festivas tomaram o poder com Lula. E, com isso, uma espécie de "bolsonarismo do bem", também demonizando e, de forma injusta, jogando no lixo bolsonarista, nomes como Cazuza, Tom Jobim, Glauber Rocha, Renato Russo, Chico Science, Astrud Gilberto, Sylvia Telles, José Ramos Tinhorão, entre outros.
O mandamento das esquerdas festivas, médias, mainstream, esquerdas lacradoras, esquerdas (sandálias) Havaianas, esquerdas pequeno-burguesas, esquerdas bregas, esquerdas cirandeiras e o que vier de rótulo para essa moçada bronzeada que apoia Lula, é a alegria, é estar de acordo, é aceitar tudo, é concordar e cruzar os braços, porque o "deus" Lula está fazendo tudo para que, em dezembro, se concretize o "milagre" do Brasil se tornar potência de Primeiro Mundo mesmo sob um quadro sociocultural e socioeconômico extremamente deteriorados.
Aliás, o que se vê no governo Lula 3.0 não é mais uma pálida reprodução do projeto político que João Goulart não conseguiu realizar plenamente em 1964, embora mesclado por um culturalismo brega comandado por Paulo César de Araújo, o "Sérgio Moro do combate ao preconceito" e executado, na mídia esquerdista, pelo conterrâneo de Moro, Pedro Alexandre Sanches, o aluno-modelo de Otávio Frias Filho.
Hoje Lula eliminou a essência do que seria uma versão amena do governo Jango, e o atual mandato está mais para um governo FHC mais assistencialista e com o apetite privatista contido na fome. Lula mais parece um showman, anda discursando mais do que agindo, mas mesmo assim tornou-se socialmente reprovável criticar os erros de Lula. É mais aceitável acreditar que Lula "reconstrói o Brasil" até tomando banho numa praia da Bahia.
Lula fez o que o AI-5 da ditadura militar não conseguiu fazer, na ironia do atual governo se anunciar como "plenamente democrático". Mas, para uma democracia que, na campanha presidencial, era uma "democracia de um candidato só", o que se vê é a "democracia do sim", nunca do "não". Sempre o "sim", mas um "sim" totalitário, um "AI-5IMco". Os generais não conseguiram fazer um povo ficar ao mesmo tempo submisso, conformista e satisfeito, e Lula consegue dar o golpe de mestre de sufocar os focos potenciais de manifestações de protesto e de senso crítico.
Se numa função profissional, a tendência crescente é de se exigir não mais trabalhadores competentes e nem experientes - e isso lançando mão do etarismo, quase sempre rejeitando gente com mais de 50 anos, preferindo contratar, para cargos em papelarias, fracotes de 29 anos do que robustos saudáveis de 52 - do que de gente talentosa, então a situação no Brasil é catastrófica.
O Brasil não se tornou igualitário. "Justiça social" e "combate à pobreza" são maneiras de dizer, com o assistencialismo limitado dado aos pobres apenas para anestesiá-los socialmente nas condições que evitem a revolta que normalmente leva os miseráveis a assaltar a classe média nos seus regressos ao lar após uma madrugada de festas.
Mas nada que faça os pobres terem plena qualidade de vida, apesar das lorotas de Lula de que o Bolsa Família seria "o mais completo programa de combate à desigualdade social no Brasil". Pois se, juntando o salario mínimo, o Bolsa Família e alguns auxílios dados à população pobre, a remuneração mal consegue ir além de precários R$ 3 mil, por outro lado Lula despeja milhões e milhões de reais para pedir aos deputados federais votarem a favor do governo. Imagine R$ 30 bilhões, total das verbas liberadas por votação este ano, divididos para cada um dos 513 parlamentares. Dá quase R$ 58,5 milhões!
Lula conseguiu articular e orquestrar uma multidão de hienas que lhe apoiam apaixonadamente, criando um cenário social em que cabe a todos apenas dar risadas e contar piadas, todo mundo estando de acordo com tudo, sendo que até ao prejudicado numa situação tem que aceitar tais condições e se adaptar a elas.
Nem no governo Castelo Branco, o primeiro da ditadura militar, era assim. Naquela época, o senso crítico ainda era socialmente estimulado e tinha espaços de manifestação. Mesmo clandestinos, os debates universitários e arriscavam a continuar existindo, apesar da repressão militar. Hoje quem iniciar debates semelhantes não precisa ser agredido, preso e morto pelas Forças Armadas, pois já recebe a tortura simbólica e socialmente danosa do cancelamento ou do desprezo público.
Até quem, hoje em dia, finge "apreciar abertamente" o senso crítico, deixa claro de que tolera com limites. Se o senso crítico ultrapassar os "termos de uso" do sistema de valores reinante no Brasil-Instagram, o manifestante desse pensamento crítico tem seus textos boicotados, não vende livros, deixa de conquistar um novo emprego, é visto como "chato", "perigoso", "esquisito", "intratável" e "arredio".
A coisa piora se o rapaz é adulto e vive com os pais e decide evitar sair para os agitos noturnos nas noites de fins de semana e feriados. Ficar na noite de sábado, por exemplo, tomando achocolatado em pó, comendo biscoitos e vendo desenho animado do Snoopy faz do rapaz um "sociopata" e um "terrorista em potencial", preconceito perverso e desumano vindo das esquerdas festivas que estufam o peito dizendo que "ter preconceito não é com elas".
Lula promete apenas um "milagre brasileiro" repaginado e com relativo bem-estar social, dentro dos limites de evitar a revolta dos mais pobres. Desse modo, também se gourmetiza a pobreza e sua simbologia - como a prostituição, o comércio clandestino, a vida nas favelas etc - pois, convertendo a miséria humana de um grave problema social para uma pretensa identidade social, se sonega o custo social evitando que a burguesia pague por mais de 500 anos de danos catastróficos causados às classes populares.
As esquerdas médias ultimamente estão agindo como autoritárias, esnobes, arrogantes e chegam a humilhar quem não está participando do carnaval brega-identitário do Brasil de Lula 3.0. Neste sentido, o ufanismo lembra muito o período Médici, só que eliminados os aspectos negativos. No lugar do DOPS, DOI-CODI, generais ditadores e derivados, tem-se o desbunde liberado para tudo, embora coexistindo com o obscurantismo religioso do Espiritismo brasileiro e afins, e um "Papai Noel" no comando da nação.
No entanto, o "lado bom" desse ufanismo continua e a repressão ao senso crítico apenas trocou o hard power do aparelho repressivo ditatorial pelo soft power do cancelamento nas redes sociais e do "natural" desprezo público a quem tem mais de dois neurônios em funcionamento. O nosso país está mais conformista, submisso e domesticado do que há 50 anos atrás. É isso AI.
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