COM ESCLEROSE MÚLTIPLA E DESEMPREGADA, ATRIZ GUTA STRESSER, DE A GRANDE FAMÍLIA, VIVE SÉRIOS PROBLEMAS FINANCEIROS, ASSIM COMO DOIS COLEGAS DE SERIADO.
A pessoa não lê este blogue quando aparecem críticas ao governo Lula e ao clima de positividade tóxica que faz com que 30% dos brasileiros, a elite do bom atraso que se acha "a humanidade", entrem em clima de histeria e festa. Textos com senso crítico? O pessoal foge de medo.
Legal é ver uma atriz até bastante conceituada, como Débora Falabella, pagar mico no programa Altas Horas ao dançar com o É O Tchan a "Dança da Cordinha", dentro daquele horroroso contexto do brega-vintage. Lembrando que Débora Falabella e Sheila Mello dançando juntas é como se, na política, Gleisi Hoffmann e Carla Zambelli rebolassem juntas o Tchan. Ou legal é ver Agnes Nunes, revelação da MPB, ouvindo a finada Marília Mendonça para "sofrer". A bregalização já está fazendo o Brasil tomar no cool abertamente.
Fora desse Brasil-Instagram da positividade tóxica, dessa obsessão do país em se tornar, ao mesmo tempo, a sucursal do Paraíso e potência de Primeiro Mundo, a coisa está muito feia. Fora da bolhinha social dos bem de vida que se acham "donos de tudo" (da verdade, do povo pobre, do futuro, do mundo etc), há muito sofrimento, muitos problemas, muitos impasses.
Três atores, por coincidência vindos do mesmo seriado A Grande Família, da Rede Globo, passam por problemas financeiros sérios: Marcos Oliveira (Beiçola), Tonico Pereira (Mendonça) e Guta Stresser (Bebel), esta com o agravante de estar doente com esclerose múltipla. Todavia, Marcos já fez vários pedidos de ajuda, inclusive para pagar uma cirurgia.
A situação também está feia nas favelas, nas ruas, quando os pobres, sejam os precariamente com moradias, seja os sem-teto, não têm a quem recorrer, do contrário da classe média abastada e "tudóloga", que aliás se arroga em "entender de pobre" quase nunca percorrendo uma favela ou andando acelerada pelas ruas onde há miseráveis. Essa "boa" sociedade, feliz no seu conforto, é que está otimista com a certeza de que o Brasil virará, sob o rótulo de "país desenvolvido", um parque de diversões para esta burguesia brincar.
Já o povo não brinca. Ele não participa dessa realidade positivamente tóxica que o Brasil vive, quando os apoiadores de Lula mal ouvem o anúncio da "reconstrução do país" e vão festejar, sem que algum sinal concreto de recuperação fosse começado ou produzisse efeitos marcantes. Os poucos benefícios que o governo Lula 3.0 realiza são apenas obrigações rotineiras, mas nada que possa se considerar como realizações ousadas ou revolucionárias.
Temos algum aumento salarial, ainda que precário? Temos. Algum controle de preços? Sim, temos. Foi realizada a equiparação salarial entre homens e mulheres? Sim. E a construção de condomínios populares? Voltou a andar. Mas nada que possa ser revolucionário, e até da forma que os benefícios acontecem sob o governo Lula 3.0 mais parece um híbrido de José Sarney com Fernando Henrique Cardoso com algum toque assistencial aqui e ali.
Indo agora para o universo tóxico das "melhores coisas da vida", eis que o futebol brasileiro mostrou mais um episódio com essa típica toxicidade que não larga dos pés dos fanáticos pelo futebol em geral. Uma briga, nas proximidades do Allianz Parque, na Barra Funda, depois do jogo entre o Palmeiras e o Flamengo, um torcedor do time carioca, brigando com os torcedores do time paulista, resolveu atirar uma garrafa contra uma jovem de 23 anos que, infelizmente, morreu. Para piorar, a vítima, Gabriela Marchiano, que nada tinha a ver com a briga, cuidava de autistas e portadores da Síndrome de Down.
E ainda acham que dá para resolver esse fanatismo. Não dá. Vivemos sob uma velha ordem social, vigente há 50 anos, que não quer largar o osso e, por ironia, apesar da origem remeter ao período do "milagre brasileiro" e seus precursores diretos terem participado das manifestações pelo golpe de 1964 (uns mataram a saudade clamando, já velhinhos, pelo golpe de 2016), esse pessoal tenta agora se perpetuar no poder através do apoio ao atual governo Lula.
A positividade tóxica esconde a pobreza que não cabe nos textos animados do Instagram nem nos apelos da "boa" sociedade para ninguém fazer críticas nem questionamentos, deixando Lula fazer o que quer e aí o Brasil entrar no Primeiro Mundo pela porta dos fundos. E é constrangedor que, no Instagram, se mostrem propagandas para "visitar a Rocinha", como se a favela assustadoramente gigantesca da Zona Sul carioca fosse um enorme safári humano, um "zoológico de gente preta", o lado sombrio por trás do discurso do "combate ao preconceito".
As pessoas, por trás desse otimismo cego pelo Lula, estão com medo. Medo de ler livros e textos de blogues dotados de senso crítico e que fogem daquele culturalismo rasteiro dos mesmos fenômenos popularescos, as mesmas atrações da TV aberta, as mesmas bobagens do Tik Tok e Kwai, a mesma alegria viciada do Instagram e Facebook, as lacrações vazias do Twitter e, agora, do Threads.
Se nada estiver relacionado com essas rações culturalistas que o grande público consome com submissão bovina, ninguém lê, ninguém vê, ninguém ouve. É assustador ver um Brasil assim, tão precarizado culturalmente e, no entanto, com a contraditória obsessão em atingir o Primeiro Mundo de qualquer maneira, mesmo que seja de mentirinha. Enquanto isso, quem não está na festa vive seus problemas financeiros e seus tristes dramas pessoais. Para não dizer tragédias.
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