Nos ambientes reacionários das redes sociais, é muito comum a boçalidade de alguns membros, que diante de sua demagogia esbanjam uma estupidez gritante, que os faz investir em mentiras e falsidades que já fez comunidades como Eu Odeio Hipocrisia do Orkut serem reduto de gente hipócrita.
É bastante conhecida a resposta KKKKKKKKKK para acusações de atos inconvenientes, o que demonstra que difitar várias vezes a letra K é uma forma de confissão dos covardes. É como se o canalha digital reagisse com ironia ao ser desmascarado.
E essa hipocrisia rendeu, entre 2005 e 2008, o fenômeno que eu defino como "marx-cartismo", um neologismo que funde "marxismo" com "macartismo", ou seja, um nome usado para definir um reacionarismo de direita, manifesto em "Tribunais de Internet" cometidos por gente que, no entanto, jura de joelhos que é "progressista de esquerda", postura motivada pela espiral do silêncio.
Naqueles tempos era tabu ser jovem de direita e a juventude era associada a uma imagem de rebeldia, modernidade e transformação. Como ser jovem era o mesmo que ser arrojado, mesmo o reacionário mais doente tinha que se passar por "alternativo", "vanguarda" e até "esquerdista", dependendo das circunstâncias.
Só depois das "jornadas de junho" de 2013 é que o reacionário saiu do armário, até porque atraiu gente para ir com ele na sua virada para a direita. Falsos esquerdistas montaram uma narrativa de "decepção" com os governos Lula e Dilma Rousseff por eles "não terem melhorado a vida do povo brasileiro" e, principalmente, por terem "naufragado em corrupção".
E aí tivemos a juventude golpista, grupos como o Movimento Brasil Livre (que deveria se chamar Movimento Me Livre do Brasil), que depois se transformou na base juvenil do lavajatismo e do bolsonarismo. E aí deixou de ser tabu ser jovem e conservador ou reacionário ao mesmo tempo.
Voltando aos tempos de "marx-cartismo", havia uma tendência do reacionário de plantão evitar associação com a simbologia do reacionarismo. O pretenso esquerdismo é ilustrativo e, em certos casos, além da espiral do silêncio - com base na ideia, socialmente agregadora, de que ser esquerdista é considerado "legal" - , há também o envolvimento em projetos socioculturais que dependem das verbas do Ministério da Cultura, e Lula é mais generoso na liberação de verbas.
E aí os reacionários da Internet que adoram ser porraloucas mascaram até mesmo o vínculo a uma cultura mercadológica ou midiática, capricham na hipocrisia, tudo para tentar desmentir que são manipulados pela mídia. Afinal, eles têm que parecer "legais" e "espontâneos" e não raro tropeçam na estupidez.
Daí que esses caras que consomem muito veneno midiático, seja Globo, Record, SBT, Folha, Estadão, Rede TV!, Jovem Pan etc costumam falar mal da mídia, seus veículos e ídolos. Falaram mal do Galvão Bueno mas sempre recorriam a ele para consumir programação esportiva. E falavam mal do William Bonner, do Fausto Silva, do Luciano Huck, mas eles cumpriam a função litúrgica de vê-los e ouvi-los.
É aquela coisa, falar mal do professor mas seguir suas lições direitinho. O maior discípulo não é aquele que bajula o mestre, mas aquele que, esculhambando o mestre, obedece fielmente aos seus ensinamentos. De que adianta dizerem que odeiam Luciano Huck se seguem tudo que ele fala?
Daí que, na hipocrisia midiota de hoje, há quem fale que "nunca consumiu a grande mídia na vida" e que só vê redes sociais e canais de streaming na vida. E aí barbaridades do tipo "Eu só via Netflix desde os anos 80" são ditas eventualmente por esses retardados mentais.
Detalhe: Netflix, como canal de streaming, só surgiu em 2010. Como empresa ligada ao mercado de DVDs, surgiu em 1997. Não havia como ver Netflix nos anos 80, época que também não tinha Instagram nem sequer WhatsApp.
Neste caso, os reaças digitais queriam bancar os espertos e ficaram mais idiotas ainda. Burrice ou ironia? Pouco importa. Eles é que não passam de grandes marionetes do poder midiático.
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