CARNA UOL - A FAMÍLIA FRIAS, DA FOLHA DE SÃO PAULO, ATENDENDO AO APETITE VORAZ DA "BOA" SOCIEDADE POR FESTAS
O Brasil vive a versão insana e culturalmente vira-lata dos loucos anos 1920 dos EUA. Espécie de versão neurótica da noite da Cinderela, em que a mediocridade cultural, a imbecilização social e o hedonismo ilimitado se tornam processos obsessivos, dos quais não se pode atribuir o fim.
É tudo louco, insano e, de certo modo, hipócrita, pois se finge que o Brasil virou o paraíso das virtudes humanas, como a racionalidade, o altruísmo e o progresso humano. O pensamento crítico é discriminado, associado a um sentimento deprê de distopias existencialistas que, em tese, não se encaixam na "festa sem fim" brasileira, onde pessoas se entopem de cervejas e cigarros diante de outros que nem têm o que comer.
Falar que alguma coisa está errada no nosso país traz o alto risco de ter seu alerta boicotado. As Cassandras de Troia não têm voz nem vez, o cavalo de madeira é uma coisa maravilhosa e acabou. Questionamentos são proibidos. O clima é de festa, alegria e de estar com acordo com tudo, e ter umas flanelinhas de estoque para passar pano em algum problema sério.
Por isso é que veio Jair Bolsonaro, ele é reconhecidamente nefasto, assim como seus pares., podendo ser Silas Malafaia, Carla Zambelli, Monark ou a "familícia" que inclui a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro, os quatro filhos de Jair e o amigo de infância Fabrício Queiroz. E, junto a eles, Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e outros dessa patota atrapalhada e grotesca, para pagar os pecados de 524 anos de atrocidades.
Daí que a Casa Grande precisou criar esses bodes expiatórios, para assim sobreviver a séculos de culpabilidade. A elite do atraso se livrou dos comparsas incômodos e botou a culpa nesta gentalha que, de 2013 para cá e, com maior intensidade, entre 2018 e 2022, apedrejou as vidraças da normalidade brasileira.
Aliás, que normalidade? Tivemos 60 anos de retrocessos profundos, e tantos retrocessos que parte deles, a mais antiga - que envolve, sobretudo, "médiuns " impostores (desses que a "boa" sociedade adora se lembrar, publicando suas frases medievais para "alegrar o dia") e ídolos popularescos, além de filhotes da ditadura que agora fazem o "dever de aula" do "bom esquerdismo, como o dublê de rádiojornalista Mário Kertész, o "dono das esquerdas da Bahia" que pilota sua Rádio Metrópole, feito um astro-rei - precisa ser glamourizada para abafar o alto custo dessas seis décadas de viralatismo cultural enrustido.
Por isso houve a mudança de postura dos netinhos das famílias histéricas que, com os rosários do padre Patrick Peyton na mão, e algumas segurando "livros psicográficos do "médium de peruca" em outras mãos, pediam a saída imediata de João Goulart, o Jango, do poder, nem que fosse preciso os EUA declararem guerra contra o Brasil através da Operação Brother Sam.
Hoje, quando os camponeses foram domesticados por Geraldo Alckmin, a cultura popular interiorana pelo latifúndio, a cultura rock pelas elites empresariais da Faria Lima através da risível "rádio rock" 89 FM, e os estudantes universitários estão mais infantis do que os secundaristas do passado (graças à proliferação de faculdades privadas, legado do tucanato de FHC), então dá até para o capitalista mais inflexível posar de esquerda.
Com Lula restrito a mascote da burguesia - não espalhem não, porque muita gente não gosta de assumir essa realidade e vive boicotando textos que alertam isso - , voltou até a vontade dos valentões das tedes sociais posarem de "bons esquerdistas" como em 2005, agora que ser "jovem de direita" voltou a render reputação negativa.
Mas como o valentonismo (bullying) virou crime, os "Tribunais de Internet" precisam agora contee sua fúria e linchar reputações das vítimas carregando mais no senso de humor e, se necessário, na ironia. Tudo tem que parecer "legal" novamente, deve-se ofender o outro "com categoria" senão o linchamento é denunciado pelo DCM e o valentão de plantão, recebendo o carimbo de "bolsonarista", perde a chance de receber, do Ministério da Cultura lulista, os subsídios necessários para suas atividades de lazer fantasiadas de "eventos culturais". E aí, adeus chance de o valentão parecer bacana para a rapaziada.
O Brasil está mascarando sua desigualdade social, repaginando o "milagre brasileiro" bos moldes de uma "democracia de resultados". É uma farsa na qual o Brasil só é um "único país " para uma elite de abastados à paisana, pessoas que não usam black tie mas, mesmo assim, rodam as ruas com seus carrões SUV, estudam no exterior e fazem turismo em Bariloche e Orlando. Uma multidão que se acha "a mais legal do planeta" e, por isso, se sente ofendida quando é chamada de "burguesa".
É uma burguesia de chinelos, invisível a olho nu, que não acha "legal" nem socialmente correto ser, ao mesmo tempo, hedonista e de direita. Por isso essa gente bronzeada precisa fazer do esquerdismo de fachada sua profissão de fé, apostando num socialismo de butique e de boteco, curtindo as festas frenéticas com overdose de cerveja e outros "bauretes", enquanto a fome passa pelas sombras miseráveis ocultas pelo bacanal identitário.
Mas os roncos tristes dos miseráveis famintos é abafado pela folia hedonista da elite do bom atraso que, na manhã seguinte, vai postar frases de "médium" vigarista falando das "maravilhas" de sofrer calado uma infinidade de desgraças pesadas. Desde que não seja nas costas da "gente bem", vale sofrer as piores desgraças. Pimenta nos olhos dos outros é refresco.
Comentários
Postar um comentário