COM O BRASIL PASSANDO FOME, LULA FOI PRIORIZAR A POLÍTICA EXTERNA, QUE PODERIA TER SIDO DEIXADA PARA DEPOIS.
Um dos fatores que me fizeram decepcionar e deixar de apoiar Lula foi o seu personalismo e sua divinização. Ele voltou muito estranho, apostando numa ridícula "democracia de um homem só" e cometeu equívocos e erros graves que em outros tempos era impensável que ele cogitasse em fazer.
Digo isso porque não gosto da forma com que Lula fala a palavra "democracia". Ele desonrou a palavra quando, na campanha presidencial de 2022, ele tentou sabotar a competição, cooptando concorrentes e humilhando e agredindo o maior deles, Ciro Gomes.
Não sou necessariamente um cirista, mas votei em Ciro Gomes no primeiro turno (votei nulo no segundo). Mas, independente de eu apoiar ou não Ciro Gomes, era legítimo que ele pudesse competir e se oferecer como opção para Bolsonaro. Não sou eu que digo, é o que determina a Constituição Federal.
Mas Ciro foi agredido pelos lulistas, que, usando da síndrome da Projeção Psicológica, se diziam agredidos por aquele que era vítima de suas agressões. Isso me fez não querer mais votar em Lula, por achar que ele fez um jogo sujo para conquistar um novo mandato, comprovadamente o mais fraco dos três, embora o mais ambicioso e, em termos publicitários, o mais espetacularizado.
Lula investe no seu personalismo. Superestima a sua duposta redemocratização, limitando-se a culpar Jair Bolsonaro. Mas Lula sinaliza passar pano no legado de Michel Temer, que foi o artífice do projeto golpista pós-impeachment de Dilma Rousseff. Afinal, Lula nunca falou em romper pra valer com o legado do temeroso governante, pois agia para aproveitar o que havia de "menos ruim" em seu projeto, como no caso da reforma trabalhista e na ruptura branda do teto de gastos públicos.
Daí que eu observo bem como Lula e Dilma Rousseff podem estar brigados. Eu mesmo verifiquei que Lula não comemorou uma decisão da Justiça que inocentou a ex-presidenta das acusações de pedaladas fiscais. E Lula nem explicação deu para esta aparente omissão.
Lula voltou estranho após a prisão. E olha que eu gostei de ter ouvido Lula nas entrevistas que ele deu quando estava preso. Ia votar em Lula, como pensava até 2020, mas vendo o seu comportamento estranho, desisti de vez, e hoje sou um crítico enérgico de suas políticas, pois vejo que ele, em vez de governar, está fazendo campanha para promover sua imagem pessoal.
Minha decepção se converteu em indignação quando Lula, em vez de priorizar a política interna, com o combate à fome e o desemprego, que o fizeram chorar em pleno palanque eleitoral, priorizou a política externa, o que achei profundamente desnecessário e até inútil, da forma como foi feita, pois parecia que o presidente brasileiro estava mais dedicado em reconstruir a Ucrânia do que reconstruir o Brasil.
Lula se acha dono da democracia. Ele quer vincular a palavra à sua imagem. Diferente dos dois mandatos anteriores, quando Lula poderia, sim, obter uma projeção internacional mais espontânea, ele hoje força a barra para sua imagem de "líder mundial", querendo parecer bem na fita fazendo discursos em cúpulas internacionais diversas, dizendo coisas óbvias na esperança delas virarem frases de efeito em enciclopédias futuras.
O que me desagrada em Lula é seu personalismo, sua busca alucinante e frenética por promoção pessoal, através de uma performance política que soa fabulosa demais para um governo que, na prática, está vergonhosamente medíocre.
Lula quer ser o centro das atenções, o centro do mundo, o centro de tudo. Doente (de câncer - "dor no quadril" foi conversa para o gado bolsonarista dormir, pois Lula nunca deu indícios de estar mancando para sugerir a suposta dor) e envelhecido mais do que sugeririam seus 78 anos, ele ainda se atreve em querer ser reeleito. Rei Luís, o Rei Sol?
Hoje dizem que a democracia está consolidada e a liderança de Lula está firme e forte. Prefiro ser cauteloso e não acreditar nisso, por três motivos: Lula quer sua promoção pessoal. Lula acha que as coisas estão fáceis demais para se realizar e resolver. E os lulistas acham que tudo está maravilhoso. Só que não está.
Vivemos os chamados "anos loucos" brasileiros. Por muito menos, os "anos loucos" dos EUA terminaram na crise de 1929 que devastou o mundo e abriu espaço para os regimes fascistas. No Brasil, com cultura devastada e presidente com saúde mais frágil do que se imagina, a democracia está sob ameaça, sim. Muita calma nessa hora. E cautela, também.
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