A BURGUESIA BRASILEIRA MANTÉM SUA NATUREZA DE ELITE GANANCIOSA, MAS NÃO GOSTA MAIS DE ADMITIR ISSO HOJE.
Para que discutir com madames, doutores e bacaninhas? Quem tem dinheiro e compra o carro do ano, pode viajar para Bariloche, Barcelona e Orlando nas férias e fica os sábados e domingos tomando sua cervejinha com os amigos nos bares da moda tem a verdade em suas mãos, se acha dono do bom senso.
Para que perder tempo com textos questionadores, né? Que desafiam crenças estabelecidas, que desafiam zonas de conforto das compreensões agradáveis do que lhes parece ser a realidade? Dane-se a realidade, Lula "está no comando" e isso é o que importa. Agora o resto é só ver piadas, vídeos sobre religião e futebol nas tedes sociais e ouvir o sucesso musical popularesco do momento.
De novo normal em novo normal, coisas absurdas e surreais são aceitas confortavelmente. Se constrói um enredo kafkiano que, aos poucos, vira nosso patrimônio. Raciocinar é proibido, a não ser para criar justificativas para o "estabelecido". Existe um Monark (o influenciador, não a marca de bicicleta) até nos corações lulistas de hoje.
Isso mostra o quanto a "boa" sociedade está tão cega na caverna platônica dos últimos tempos que, mesmo com Milei eleito na Argentina e, recentemente, grupos criminosos invadirem emissora de TV e universidade no Equador, o Brasil goza da "inabalável" reputação de "paraíso lulista".
Questionar isso é inadmissível, para a "boa" sociedade mergulhada na positividade tóxica, que de tão tóxica não pode ser definida como tal. Somos forçados a acreditar que tudo está bem que até esse forçamento de barra (forçação não existe; favor não insistir) não pode ser admitido.
Para todo efeito, o Brasil é um paraíso socialista de Primeiro Mundo, prestes a ser a nação mais poderosa do planeta depois dos EUA e acima da "velha Europa" supostamente naufragada pelo "racionalismo excessivo" de seus "devaneios" existencialistas da Nouvelle Vague, do Neorrealismo Italiano, da Escola de Frankfurt e de outros "iluminismos" que soam enjoados para a "paz social" do brasileiro médio.
Com isso, temos que acreditar que a "democracia" é tão inabalável que nem o Papai Noel à paisana que o mundo adulto chama de Deus irá combater. Lula "está no comando" e mesmo se aliando ao mais inflexível neoliberal nosso presidente tem que ser creditado como esquerdista infalível.
A elite do bom atraso é a burguesia invisível a olho nu, que mantém seus padrões elitistas de vida, mal disfarçados de valores e hábitos supostamente flexíveis. Seu apetite pelo consumo supérfluo continua voraz, mas a burguesia de hoje, ao apoiar um Lula convertido num mordomo da elite "esclarecida", não quer admitir sua realidade, se achando mais povo que o povo.
Por isso que estamos numa "democracia" que não aceita debates nem questionamentos. Até para não mostrar o que a burguesia fez nos verões passados. Esqueçamos as Marchas da Família, o IPES-IBAD, o Comando de Caça aos Comunistas, o AI-5, a Privataria Tucana, o Instituto Millenium. Jair Bolsonaro agora paga todos os pecados da burguesia brasileira, que agora nem burguesia pode ser mais reconhecida, pois agora é a "classe social mais legal do planeta", culturalmente acima dos europeus, embora abaixo dos estadunidenses.
Só falta decretarmos a extinção do Homo Sapiens, substituído pelo Homo Ludicus, o "homem mais legal de todos os seres vivos". E quem for legal que se ocupe com futebol, religião e cerveja. E umas risadas vendo vídeos no Instagram ou em barulhentas festas de madrugada.
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