A arrogância dos lulistas e similares mostram que a "democracia" que defendem não é tão democrática assim. É um modelo de Brasil que já tem um centro, o presidente Lula, pretensa personificação da democracia, e digo pretensa porque democracia não tem pessoa certa nem rosto certo.
Para os lulistas, a democracia é um modelo de política aob o qual o petista é o centro de tudo. Fazendo o trocadilho com o Sistema Solar, a "democracia" é o Sistema Lular. Como narcisos, os lulistas e congêneres acham feio o que não é molusco, e a única liberdade possível é sempre sob a sombra de Lula, nada fora dele.
Trata-se da elite do bom atraso que, negociando com os lulistas originais, resolveu fazer do Brasil um país definitivamente distante daquele país que sonhávamos há 65 anos, longe dos retrocessos do "milagre brasileiro" que, convertidos num "novo normal", tentam sobreviver nos tempos supostamente democráticos de hoje.
Temos uma elite que quer uma "democracia" só para ela. É só o que ela pensa é que lhe vale a pena. Pensamento crítico, nem pensar. A "boa" sociedade não aceita debate, não suporta textos que mostrem algo diferente do que ela acredita. Só lhes faz sentido a "democracia do sim", da positividade tóxica, pois somente os privilegiados se acham possuidores da verdade, boicotando textos que destoam do seu horizonte limitado de ideias. A fantasia agradável tem que estar acima da realidade dolorosa. Problemas? Deixem-os debaixo do tapete.
Essa "democracia" diz mais para uma classe que já possui privilégios sociais, não obstante abusivos, como fazer festas barulhentas durante a madrugada, perturbando o sono de quem quer dormir para trabalhar no dia seguinte. Ou o pessoal que ganha fácil demais sem necessidade, tendo muito dinheiro para consumir coisas supérfluas. Os pobres que se contentem com a vida em favelas ou em barraquinhas de acampamento em ruas sujas e doentias.
Trata-se de uma "democracia" excludente, como a democracia da Grécia Antiga. Uma "democracia" que não quer saber do proletariado raiz, dos solteiros caseiros, de quem expressa o pensamento crítico, de quem faz arte honesta e de qualidade. Quem está fora da festa identitária do lulismo não vive a "democracia" do "Brasil único" de "um só povo" que tem que entrar no clima da festa.
É fácil falar numa "democracia de todos", numa "inclusão social plena", numa "diversidade real". Mas se o "aumento real" de salários não aumenta mais do que 90 reais na renda do trabalhador, se a "inclusão cultural" do pobre não o permite tocar um instrumento musical nem compor arranjos e melodias, se o "respeito social" não se volta ao solteirão e a solteirona que preferem ficar em casa nas noites de sábado e evitam curtir futebol, então não há democracia.
Se os mortos são usurpados com seus nomes utilizados por "médiuns" inescrupulosos que, supostamente em nome da "caridade" (na verdade, assistencialismo barato), criam de suas próprias mentes mensagens igrejeiras, tudo de forma impune e até socialmente estimulada, sem que os herdeiros dos falecidos possam recorrer com sucesso, então não há democracia.
Uma democracia que já vem de um presidente que não admitia concorrência, senão somente a dele, na campanha eleitoral para combater o bolsonarismo, já não merece ser chamado de democracia, pois democracia com dono deixa de ser democracia.
Uma "democracia" que serve a poucos, garantindo a liberdade abusiva de uns poucos em detrimento de outros que não têm sequer as leis para lhes proteger ou, se em tese as têm, a Justiça lhes neutraliza o êxito da ação judicial, pois o abusador tem um advogado habilidoso ou pode, por fora, reagir com uma represália. Isso não merece ser chamado de democracia.
Uma "democracia" que zela mais por valoes culturais, religiosos, lúdicos e profissionais dos tempos do "milagre brasileiro", quando 75% ou talvez mais de seu culturalismo conservador (embora "livre" e "provocativo" na forma, em muitos casos), não merece ser considerada democracia.
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