Depois do depoimento de Lula para a Operação Lava Jato, é hora da grande mídia começar a sua campanha para tirá-lo da corrida presidencial de 2018.
Nada como o dia seguinte para digerir os fatos do dia anterior, devido às notícias da imprensa escrita que guiam a agenda setting do grande público.
O depoimento de Lula ao juiz Sérgio Moro começou a ser divulgado depois que os vídeos gravados pela Justiça Federal foram liberados.
É certo que Lula teve alguns momentos "nebulosos".
Ele havia dito que o ex-executivo da Petrobras, Renato Duque, "tinha mais relação de amizade" com João Vaccari Neto do que com o ex-presidente. Mas depois o próprio Lula disse não saber se era uma "relação de amizade".
O trecho deu margem para a mídia alegar que Lula entrou em contradição.
Da mesma forma, Lula havia dito que sua esposa Marisa só teria informado da segunda visita dela ao triplex do Guarujá cerca de duas semanas depois.
Aparentemente, Marisa estava interessada no triplex. Lula, não.
Foi a deixa para a grande mídia jogar o ex-presidente contra a falecida esposa.
Lula reclamou da campanha ofensiva da imprensa contra ele, enquanto Moro falava em blogues "que supostamente patrocinam (?!)" o ex-presidente.
Lula também definiu o esquema do Microsoft Power Point criado pelo procurador Deltan Dallagnol de "mentiroso".
O depoimento do dia 10 se referiu à acusação referente ao triplex. Como o foco não foi o sítio de Atibaia, Lula afirmou que responderá sobre as acusações de supostamente ter feito reforma na casa quando vier a oportunidade.
A grande mídia e páginas "revoltadas" como a do Movimento Brasil Livre e do portal de fake news Imprensa Viva, trataram isso como se fosse uma omissão do ex-presidente.
Reinaldo Azevedo, o colunista pitbull de Veja que anda "mais moderado", criticou, em texto confuso e prolixo, que Sérgio Moro, diante do inquérito feito ao ex-presidente Lula, não cumpriu o "devido processo legal".
Confesso que fica difícil dizer que "processo legal" é esse, porque o panfletário comentarista parece ter dificuldades para explicar se esse "processo" coloca Moro como juiz, acusador, tira ou não se sabe mais o quê, em relação a Lula.
A Rede Globo evidentemente continuou com sua campanha de desmoralizar Lula, desta vez alimentado pela máquina reacionária da Globo News.
Mas o que surpreende é que o jornal Extra, periódico popularesco das Organizações Globo, teve um tom ainda mais agressivo de atacar Lula.
É certo que hoje o jornal Extra e o jornal O Globo têm uma só redação.
Houve uma reestruturação dos jornais dos Marinho e a mudança mais recente foi fundir a Revista do Globo, dominical, e o antigo caderno Ela, publicado aos sábados, na dominical Ela Revista.
A histórica Revista da TV, que chegou a celebrar aniversário, foi extinta e seu conteúdo "espremido" e inserido no Segundo Caderno de domingo.
Colunas do antigo caderno Ela também foram redistribuídos em outras páginas de O Globo.
E pensar que esse esquema de "contenção de gastos" não é motivado por crise econômica, até porque os donos das Organizações Globo, os irmãos Marinho, estão nadando em dinheiro.
Talvez o corte de gastos seja para aumentar ainda mais as finanças dos Marinho, para ver se eles sobem uns pontos na lista da Forbes dos brasileiros mais ricos.
Além disso, a substituição de jornalistas veteranos por outros mais jovens revela, acima de tudo, um "aparelhamento" mais seguro.
Isso porque os jovens são inexperientes e aceitam qualquer Merval Pereira como paradigma de "bom jornalista". Leem imprensa reacionária, consomem páginas de fake news difundidas nas mídias sociais.
São ótimos para serem treinados para despejar seu ódio reacionário nas páginas dos jornais, revistas e Internet, ou pelo rádio e TV.
A Globo News ficou "aparelhada", e deixou de ser uma rede de notícias para se tornar uma metralhadora giratória contra os movimentos sociais.
Ou então um diário oficial das forças plutocráticas.
A grande mídia, pelo dinheiro que possui, fará de tudo para evitar que Lula seja candidato em 2018.
Não vamos subestimar essa força bruta. Lula aplaudido em comícios não é garantia de vitória nas urnas.
São zilhões de valores financeiros contra milhões de brasileiros. E, com tantos retrocessos, até a fraude eleitoral e o "voto de cabresto" correm o risco de serem os "grandes fenômenos" de 2018.
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