A grande mídia procurou ignorar ou minimizar as manifestações do Primeiro de Maio no Brasil.
Elas ocorreram com a mesma força do dia 28 de Abril e devem servir para aumentar a dor de cabeça do presidente Michel Temer.
Ele quer ser o "presidente das reformas" e tem um discurso bastante cínico.
No pronunciamento dado em razão do dia de hoje, o temeroso presidente insistiu que a reforma trabalhista "irá gerar empregos" e "preservar os direitos dos trabalhadores".
Sobre a prevalência do negociado sobre o legislado nos acordos entre patrões e empregados, Temer veio com uma falácia.
As negociações que Temer propõe são tidas como "livres e soberanas" e que "o diálogo é a palavra de ordem".
Mesmo que a gente concordasse com o que Temer disse, ele nunca deixou claro como suas reformas irão gerar empregos e preservar os direitos dos trabalhadores.
O discurso dele é muito vago, superficial e, pelo que percebemos através de diversos analistas, bastante hipócrita.
É curioso que o sentido da palavra "reforma" de Temer vai na contramão ideológica da mesma palavra quando associada, 54 anos atrás, ao governo de João Goulart.
As "reformas" de Jango rumavam à esquerda, as de Temer rumam à direita.
Quando Jango retomou o poder presidencialista, seu maior projeto de governo eram as reformas.
Mas reformas progressistas, em favor da Educação pública, da valorização do salário e da proteção das conquistas dos trabalhadores e do patrimônio nacional brasileiro.
Jango queria limitar a remessa de lucros das empresas multinacionais, o oposto que Temer deseja hoje, torrando dinheiro para agradar o empresariado mais ganancioso.
Jango falava em "reformas de base", que fortaleceriam a soberania nacional e a qualidade de vida dos brasileiros, adotando uma visão nacionalista e popular.
Temer fala nas "reformas" no sentido ideológico oposto, como meio de enfraquecer as classes trabalhadoras e a deterioração da vida da maioria dos brasileiros.
No seu todo, o projeto "Ponte para o Futuro" tende a debilitar a soberania brasileira e deixar o povo brasileiro em condições sub-humanas.
E aí temos um conflito de percepções.
Temos a realidade, com o povo indignado com as "reformas" à direita do governo Temer.
E temos a ficção, com um Temer sorridente achando que, por exemplo, a prevalência do negociado sobre o legislado nos acordos trabalhistas irá aliviar a Justiça do Trabalho, com a redução das ações trabalhistas.
Realmente, se isso ocorrer, haverá, sim, redução de ações trabalhistas: os brasileiros perderão as condições legais que ainda possuem para processar os patrões nos seus abusos.
Temer quer abolir a contribuição sindical, debilitando financeiramente os sindicatos que protegem os trabalhadores dos abusos patronais.
Felizmente, as pessoas estão se mobilizando, embora seja preciso mais pressão.
A ideia agora é pressionar para que a grande mídia não possa mais esconder ou minimizar os protestos.
Tem gente reclamando por que fazer greve ou protestos em dias de semana.
Ou é isso ou é gente trabalhando sem estabilidade, com longa jornada de trabalho e salários baixos.
Já se fala em perder férias trabalhando de forma degradante.
Que venham mais protestos nos dias úteis, antes que percamos até os fins de semana com tanta opressão ao povo trabalhador.
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