Ontem foi divulgada uma informação de que existe uma comissão, na Câmara dos Deputados, para analisar o adiamento das eleições para Presidência da República de 2018 para 2020.
Foi desenterrada, para fins de debates internos, a PEC 77 de 2003, com tal finalidade.
Isso parece uma daquelas manobras típicas da República Velha.
E por que isso remete ao período republicano de cem anos atrás?
Simples. O jogo de interesses lembra muito o dos velhacos políticos daquela época.
É uma manobra para prorrogar o governo de Michel Temer, que já se livrou de ser processado esse ano por causa de irregularidades de campanha na chapa com Dilma Rousseff em 2014.
O grupo político que tirou Dilma Rousseff do poder e puxou seu vice para o lado dos derrotados de 2014 também tem outro motivo.
É ganhar tempo para a mídia pressionar a campanha contra o ex-presidente Lula, favorito para disputar a sucessão em 2018.
Talvez seja para "cansá-lo", creio, e permitir que se implante toda a agenda reacionária do governo do temeroso presidente.
O adiamento das eleições de 2018 para 2020 já é considerado um plano de golpe dentro do golpe.
É verdade que, paralelamente à essa proposta, existe uma discussão séria, a de reforma política, que não deve ser confundida com esse golpe.
Essa proposta de reforma política vem desde os governos do PT.
O deputado Vicente Cândido, do PT de São Paulo, propõe separar as eleições majoritárias (presidente, governador, senador e prefeito) das proporcionais (deputado e vereador) a partir das eleições de 2022.
Cândido é relator da reforma política e essa sugestão é muito interessante e mais organizada.
Hoje temos eleições alternadas para presidente, governador, senador e deputado, num ano, e, dois anos depois, de prefeito e vereador.
Mas fora desse detalhe, há o risco da plutocracia intervir na reforma política, de forma a "adiar" a sucessão de 2018 para 2020.
O grupo político de Michel Temer é dado a meter o nariz onde não é chamado, para atrapalhar os progressos da democracia.
Esse é o risco.
E, do jeito que o Brasil está regredindo, não será surpresa se Temer, Rodrigo Maia e companhia vierem com o voto de cabresto no pacote eleitoral de 2020.
Se já querem trazer de volta, oficialmente, a escravidão, então tudo se pode imaginar dessa corja.
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