O DEPOIMENTO DE LULA A SÉRGIO MORO É VISTO POR MUITOS COMO SE FOSSE UM DUELO DO VELHO OESTE.
Brasil louco, Brasil desgovernado.
Com apenas quatro meses, o presidente da FUNAI, Fundação Nacional do Índio, Antônio Costa, foi demitido por discordar de medidas de interesse da bancada ruralista, que apoia o temeroso governo do presidente Michel Temer.
Justamente uma autarquia representante, em tese, do povo indígena que, vinculada ao Ministério da Justiça, cujo titular, Osmar Serraglio, do PMDB do Paraná, é um antigo aliado do ex-deputado Eduardo Cunha.
Num contexto em que o Brasil se torna cada vez menos Brasil, apesar dos reacionários esfregarem a bandeira brasileira, feito toalhas de banho, em seus corpos fedorentos, e os indígenas, os pioneiros do nosso país, se sentem cada vez menos representados.
E é um contexto em que retornam, com toda a força, as sangrentas violências no campo, que dizimam agricultores, ativistas, sindicalistas e outros que enfrentam os poderes coronelistas locais.
E é um contexto em que um Jair Bolsonaro lança um embuste usando como pretexto a exploração do nióbio, que sugere a ideia sombria dos "campos de trabalho" e se volta contra a preservação das áreas indígenas.
Se ser brasileiro é destruir áreas indígenas, entregar nossas riquezas para estrangeiros e rebaixar o mercado de trabalho a um misto de escravidão e trabalho informal, então não sei o que é ser brasileiro.
Ver o "refinado" João Dória Jr., prefeito de São Paulo, jogar um buquê de flores no chão, como um grande mal educado, é mais um fator que soma uma coleção de surrealidades que dominam o país.
Dória Jr., antes um executivo que apresentava programas de TV sobre e para os ricos, havia saído de uma festa de inauguração do Japan House, casa cultural paulistana, que teve cobertura até no Glamurama.
Uma ciclista havia se aproximado do prefeito para protestar contra o descaso à necessidade de ciclovias e o aumento da velocidade nas avenidas marginais da capital paulista.
Ela entregou um buquê de flores ao prefeito, como protesto contra as mortes que a medida de reacelerar o trânsito das marginais causou durante a atual gestão.
João Dória Jr. está transformando São Paulo numa província pior do que a capital paulista se tornou nos últimos 25 anos.
São Paulo virou o paradigma do Brasil dos anos 90, a década perdida que ninguém aqui quer assumir, até porque a narrativa predominante é a dos privilegiados.
Eles é que gostam dessa degradação que o Brasil dos anos 90, da Era Collor e Era FHC, inaugurou.
São Paulo se decaiu como paradigma de modernidade nos anos 2000, diante dos desgovernos do PSDB.
De longe, São Paulo, via Brasília, produziu a tragédia da Plataforma P-36 da Petrobras, em Campos.
Fruto da sobrecarga profissional que deve ser efetivada pela reforma trabalhista do temeroso presidente.
Campos se situa no Estado do Rio de Janeiro, com uma capital paulistanizada se afundando num populismo tecnocrático de 2009-2016 que gerou efeitos danosos e também tirou da ex-Cidade Maravilhosa um paradigma de modernidade.
E aí, outra cidade que perde seu paradigma de modernidade é Curitiba.
Curitiba sonhava em ser a "Escandinávia brasileira" com o "Roberto Campos" do urbanismo, Jaime Lerner.
Ele andou reclamando por que os brasileiros não seguem as virtudes urbanísticas europeias, mas ele também fez para a situação ficar assim.
Corrupção política, apadrinhamento da família Richa, retrocessos no sistema de ônibus (pintura padronizada, motorista-cobrador, redução de frotas circulando), privataria.
Foi isso que Jaime Lerner, filhote da ditadura e hoje membro do "conselhão" de Michel Temer, deixou para Curitiba, que ainda tem o posto de quarta maior capital em índices de feminicídio no país.
E para completar, Curitiba entrará no clima de faroeste, não talvez nas intenções do midiático juiz Sérgio Moro nem de Lula, mas das elites que querem ver o ex-presidente preso.
Além disso, a recomendação de Moro para que ninguém apareça nas ruas de Curitiba nem faça passeatas, ocupações nem acampamentos, não tem garantia de ser obedecida.
Afinal, os grupos tanto pró-Lula quanto pró-Lava Jato querem estar presentes no que definem ser um acontecimento decisivo, opções ideológicas à parte.
Já existe um clima de tensão no qual não se sabe o que vai acontecer.
Existe uma possibilidade de haver manifestações em lugar distante da 13ª Vara Criminal Federal.
O local poderá ser a Praça Santos Andrade, a 500 metros da Boca Maldita, que seria o local das manifestações pró-Lula.
O novo lugar fica próximo do campus da Universidade Federal do Paraná onde ocorrerá debates sobre a situação política do país.
O paranaense Gilberto Carvalho, ex-ministro da Secretaria Geral da Presidência da República do governo Dilma Rousseff, disse que vai haver acampamento dos manifestantes pró-Lula.
Ele informou que, pelo menos, 400 ônibus, vindos de diversos cantos do Brasil, estão se dirigindo à capital paranaense.
Nesse cenário maluco em que vivemos, dentro do país desgovernado e frágil que está o Brasil, a hoje provinciana Curitiba será o centro das atenções do país e do mundo.
Espera-se que tudo ocorra em paz, mas não há previsão do que poderá acontecer. Lula, apesar de muito querido por seguidores e simpatizantes, é alvo de rancorosa hostilidade por seus opositores.
É a forma como se conduzirá esta hostilidade que nos dirá sobre algum efeito nesta quarta-feira.
Brasil louco, Brasil desgovernado.
Com apenas quatro meses, o presidente da FUNAI, Fundação Nacional do Índio, Antônio Costa, foi demitido por discordar de medidas de interesse da bancada ruralista, que apoia o temeroso governo do presidente Michel Temer.
Justamente uma autarquia representante, em tese, do povo indígena que, vinculada ao Ministério da Justiça, cujo titular, Osmar Serraglio, do PMDB do Paraná, é um antigo aliado do ex-deputado Eduardo Cunha.
Num contexto em que o Brasil se torna cada vez menos Brasil, apesar dos reacionários esfregarem a bandeira brasileira, feito toalhas de banho, em seus corpos fedorentos, e os indígenas, os pioneiros do nosso país, se sentem cada vez menos representados.
E é um contexto em que retornam, com toda a força, as sangrentas violências no campo, que dizimam agricultores, ativistas, sindicalistas e outros que enfrentam os poderes coronelistas locais.
E é um contexto em que um Jair Bolsonaro lança um embuste usando como pretexto a exploração do nióbio, que sugere a ideia sombria dos "campos de trabalho" e se volta contra a preservação das áreas indígenas.
Se ser brasileiro é destruir áreas indígenas, entregar nossas riquezas para estrangeiros e rebaixar o mercado de trabalho a um misto de escravidão e trabalho informal, então não sei o que é ser brasileiro.
Ver o "refinado" João Dória Jr., prefeito de São Paulo, jogar um buquê de flores no chão, como um grande mal educado, é mais um fator que soma uma coleção de surrealidades que dominam o país.
Dória Jr., antes um executivo que apresentava programas de TV sobre e para os ricos, havia saído de uma festa de inauguração do Japan House, casa cultural paulistana, que teve cobertura até no Glamurama.
Uma ciclista havia se aproximado do prefeito para protestar contra o descaso à necessidade de ciclovias e o aumento da velocidade nas avenidas marginais da capital paulista.
Ela entregou um buquê de flores ao prefeito, como protesto contra as mortes que a medida de reacelerar o trânsito das marginais causou durante a atual gestão.
João Dória Jr. está transformando São Paulo numa província pior do que a capital paulista se tornou nos últimos 25 anos.
São Paulo virou o paradigma do Brasil dos anos 90, a década perdida que ninguém aqui quer assumir, até porque a narrativa predominante é a dos privilegiados.
Eles é que gostam dessa degradação que o Brasil dos anos 90, da Era Collor e Era FHC, inaugurou.
São Paulo se decaiu como paradigma de modernidade nos anos 2000, diante dos desgovernos do PSDB.
De longe, São Paulo, via Brasília, produziu a tragédia da Plataforma P-36 da Petrobras, em Campos.
Fruto da sobrecarga profissional que deve ser efetivada pela reforma trabalhista do temeroso presidente.
Campos se situa no Estado do Rio de Janeiro, com uma capital paulistanizada se afundando num populismo tecnocrático de 2009-2016 que gerou efeitos danosos e também tirou da ex-Cidade Maravilhosa um paradigma de modernidade.
E aí, outra cidade que perde seu paradigma de modernidade é Curitiba.
Curitiba sonhava em ser a "Escandinávia brasileira" com o "Roberto Campos" do urbanismo, Jaime Lerner.
Ele andou reclamando por que os brasileiros não seguem as virtudes urbanísticas europeias, mas ele também fez para a situação ficar assim.
Corrupção política, apadrinhamento da família Richa, retrocessos no sistema de ônibus (pintura padronizada, motorista-cobrador, redução de frotas circulando), privataria.
Foi isso que Jaime Lerner, filhote da ditadura e hoje membro do "conselhão" de Michel Temer, deixou para Curitiba, que ainda tem o posto de quarta maior capital em índices de feminicídio no país.
E para completar, Curitiba entrará no clima de faroeste, não talvez nas intenções do midiático juiz Sérgio Moro nem de Lula, mas das elites que querem ver o ex-presidente preso.
Além disso, a recomendação de Moro para que ninguém apareça nas ruas de Curitiba nem faça passeatas, ocupações nem acampamentos, não tem garantia de ser obedecida.
Afinal, os grupos tanto pró-Lula quanto pró-Lava Jato querem estar presentes no que definem ser um acontecimento decisivo, opções ideológicas à parte.
Já existe um clima de tensão no qual não se sabe o que vai acontecer.
Existe uma possibilidade de haver manifestações em lugar distante da 13ª Vara Criminal Federal.
O local poderá ser a Praça Santos Andrade, a 500 metros da Boca Maldita, que seria o local das manifestações pró-Lula.
O novo lugar fica próximo do campus da Universidade Federal do Paraná onde ocorrerá debates sobre a situação política do país.
O paranaense Gilberto Carvalho, ex-ministro da Secretaria Geral da Presidência da República do governo Dilma Rousseff, disse que vai haver acampamento dos manifestantes pró-Lula.
Ele informou que, pelo menos, 400 ônibus, vindos de diversos cantos do Brasil, estão se dirigindo à capital paranaense.
Nesse cenário maluco em que vivemos, dentro do país desgovernado e frágil que está o Brasil, a hoje provinciana Curitiba será o centro das atenções do país e do mundo.
Espera-se que tudo ocorra em paz, mas não há previsão do que poderá acontecer. Lula, apesar de muito querido por seguidores e simpatizantes, é alvo de rancorosa hostilidade por seus opositores.
É a forma como se conduzirá esta hostilidade que nos dirá sobre algum efeito nesta quarta-feira.
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