Ontem foi o depoimento do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva à Operação Lava Jato.
Houve muito burburinho da grande mídia e a psicologia do terror era feita nas mídias sociais.
Mas foi apenas um depoimento como outros da Operação Lava Jato, com a diferença da visibilidade de Lula e do contraste que ele representa ao juiz Sérgio Moro.
Lula declarou que "não há pergunta difícil" e esteve calmo ao responder as perguntas.
A principal explicação, mediante supostas acusações, foi de que não tinha o menor interesse em obter o triplex do Guarujá.
Além disso, Lula também afirmou não ter conhecimento de supostos esquemas de corrupção que envolvem ex-diretores e ex-gerentes da Petrobras.
Foram cerca de cinco horas de interrogatório, entre a tarde e o começo da noite de ontem.
Incansável, Lula, ao sair da sede da Justiça Federal, foi se encontrar com manifestantes solidários a ele na Praça Santos Andrade, um dos pontos históricos de Curitiba.
A recomendação de Sérgio Moro para nenhum apoiador da Operação Lava Jato comparecer a Curitiba gerou uma grande ironia.
Os que não seguiram Moro se reuniram numa modesta manifestação de 50 pessoas, que ainda estavam esperançosas em ver Lula atrás das grades.
Os que apoiaram Lula vieram de vários cantos do Brasil e se reunirem numa grande manifestação.
E isso numa Curitiba cujo conservadorismo social é comparável à Dallas, no Texas, EUA.
Até a ex-presidenta Dilma Rousseff estava ao lado de Lula, no seu discurso.
Lula afirmou que está preparado para ser candidato à Presidência da República em 2018.
Seria ótimo, pois ele recuperaria os direitos sociais hoje desmontados pouco a pouco.
Lula também recuperaria a soberania nacional, ameaçada por aqueles que esfregam e enrolam a bandeira do Brasil em seus corpos fedorentos vestindo a camiseta da CBF.
A própria Dilma, em seu discurso, também enfatizou essa intenção de Lula de desfazer todos os retrocessos do governo Temer, um a um.
Mas as coisas não são tão simples assim.
As forças reacionárias têm um forte poder de pressão e atuam mediante milionários investimentos empresariais, sobretudo estrangeiros.
A grande mídia também conta com seu poder de pressão e a Globo já tem na Globo News uma arma mais potente que o Jornal Nacional.
A Globo News foi "aparelhada" por comentaristas truculentos e por uma linha editorial que mais mascara ou distorce do que divulga os fatos.
A grande mídia já tem seu esquema de ataques.
As revistas de informação geral (Veja, Isto É e Época) começam surrando as forças progressistas.
Globo News, Rede Globo e Band, entre outras, dão apoio na pancadaria.
Em seguida, Folha de São Paulo, Estadão e afins seguem espancando, quando a coisa já está sangrando.
Com esse linchamento, os brasileiros médios passam a acreditar que as forças progressistas só querem roubar o Brasil e passam a sentir um ódio cego e sem motivo lógico.
Essa campanha é dotada do mais confuso, porém persuasivo, discurso emocional.
Nas mídias sociais, em que a turma de bullies que "odiava acordar cedo" no Orkut já pede "intervenção militar" no WhatsApp, o discurso é ainda mais furioso.
Pessoas que fingem "defender o Brasil" mas que querem que as nossas riquezas sejam entregues a grandes companhias estrangeiras. Que patriotismo é este?
Esse pessoal não é maioria, mas é do tipo truculento, que, ao ver uma porta fechada, arrombam a parede.
Talvez fosse melhor questionar mais o poder desses plutocráticos, sem a mania das esquerdas médias em fazer manifestações performáticas, meramente espetacularizadas.
Não adianta acreditar que Lula será imbatível em 2018 se, diante das pressões contrárias, sua vitória será sempre uma vitória de Pirro.
Enquanto o reacionarismo estiver forte no Brasil, as forças progressistas serão impotentes para recuperar o país dos profundos retrocessos ocorridos desde 1964.
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