A principal notícia dos últimos dias é a possibilidade de salvação de Michel Temer no caso das denúncias da JBS.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou o ex-procurador Marcelo Miller, acusado de influenciar os empresários Joesley e Wesley Batista, do grupo JBS, no processo de delação premiada.
Há indícios de fraude, se levarmos em conta a estranha denúncia de Janot, que ameaça anular a delação.
Segundo os noticiários, foram divulgadas conversas nas quais Joesley, o lobista da JBS, Ricardo Saud, e o procurador Miller, negociavam formas de convencer Janot a aceitar a delação deles.
Evidentemente, a delação premiada é um processo duvidoso de depoimentos sobre esquemas de corrupção.
É uma medida que mais parece a deduragem de alunos bagunceiros na escola, uns contra outros.
A coisa é tão complicada que há erros por tudo quanto é lado.
Janot havia permitido que essa farsa ocorresse, e só tardiamente falou em "fatos gravíssimos".
Saud havia dito também que um amigo que este e Janot tinham em comum iria favorecer o procurador-geral da República, assim que encerrasse o mandato, colocando-o para trabalhar no seu escritório.
Janot pediu, anteontem, que o Supremo Tribunal Federal revisse os benefícios concedidos aos delatores, mediante indício de quebra de confiança.
Tudo virou uma bagunça, uma desordem, para desqualificar as delações que envolvem o governo Temer e políticos como Aécio Neves.
Enquanto isso, Janot denunciou petistas por suspeita de "organização criminosa".
Além dos ex-presidentes Lula e Dilma, parlamentares e ex-ministros foram alvos da denúncia do procurador-geral.
Entre eles, os ex-ministros Guido Mantega, Antônio Palocci, Edinho Silva e o casal Gleisi Hoffmann, senadora e presidenta do PT, e Paulo Bernardo, também ex-ministro.
O ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, também foi denunciado por Janot.
Janot alega que os citados teriam formado uma "quadrilha" que teria recebido propinas no valor de mais de R$ 1,48 bilhão.
Janot também disse que Lula era o "idealizador" da "organização criminosa", acusando-o de ter negociado com empresários para obter apoio na campanha para a Presidência da República em 2002, sob troca de atendimento aos interesses privados.
A denúncia foi tendenciosa, lançada logo depois de Lula ter encerrado sua turnê pelo Nordeste.
A turnê foi bem sucedida e Lula foi acolhido por imensas multidões por onde sua caravana passava.
Janot cometeu várias derrapadas.
Primeiro, consentiu que fosse montada a armação que agora denuncia, envolvendo os empresários da JBS.
Depois, denunciou porque não queria desagradar o Ministério Público Federal.
Em seguida, anunciou acusações duras contra o Partido dos Trabalhadores.
São derrapadas no sentido jurídico, mas têm um propósito.
O de proteger Michel Temer para encerrar o mandato, de proteger Aécio Neves na sua carreira política e evitar que um progressista forte concorra as eleições presidenciais de 2018.
As elites que fazem o que querem com o Brasil e os brasileiros insistem em permanecer no poder.
E há quem possa estar tranquilo e feliz com tudo isso.
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