A poucos dias de deixar a Procuradoria-Geral da República, Rodrigo Janot apresentou segunda denúncia contra o presidente Michel Temer.
A denúncia acusa ele e outros políticos do PMDB de organização criminosa.
Temer também é acusado, ao lado dos hoje detentos Joesley Batista, empresário do grupo JBS, e o braço-direito deste, o executivo Ricardo Saud, de obstruírem a Justiça nos inquéritos sobre corrupção.
A denúncia foi apresentada num documento de 245 páginas.
Os políticos do PMDB acusados de organização criminosa, além de Temer, são ex-ministros, ex-parlamentares e dois que ainda estão na equipe ministerial.
São eles: Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima, Henrique Eduardo Alves, Rodrigo Rocha Loures, Wellington Moreira Franco e Eliseu Padilha.
Como sempre, Temer reagiu de maneira birrenta.
Ele disse que a denúncia é "cheia de absurdos". Em outras ocasiões, Temer pediu suspeição do procurador Janot, o que é correto, pois este se revela tendencioso em sua atuação.
Mas aqui o peso torna-se outro, na torcida desse novelão político, diferente de quando Janot acusou petistas de organização criminosa.
Isso porque, no caso petista, os cidadãos mais progressistas se posicionam contra Janot.
No caso de Temer, a torcida é a favor.
Se bem que isso não influi muito. É certo que muitos (inclusive eu) desejam que Michel Temer seja afastado da Presidência da República, mas a coisa é mais complicada que se imagina.
O problema é de que adianta Temer sair da Presidência da República, se Henrique Meirelles, como político, é poupado, com o caminho livre para impor seu projeto econômico.
Vale lembrar que as amargas reformas podem ficar nas mãos de Meirelles. Elas já eram um mix do programa eleitoral de Aécio Neves para 2014 com as "pautas-bombas" de Eduardo Cunha, que ficaram nas mãos de Temer.
O processo da denúncia vai seguir o mesmo caminho da primeira.
A notificação será dada pelo Supremo Tribunal Federal à Câmara, que com sua Comissão de Constituição e Justiça, que analisará a denúncia.
Depois haverá votação para autorizar ou não o prosseguimento da denúncia.
Na primeira vez em que Janot anunciou a denúncia, a Câmara rejeitou o prosseguimento do processo no STF e Temer foi poupado.
Se tivesse sido aceito, o processo teria seguido no STF e, caso este órgão aceite a denúncia, Temer será afastado por 180 dias.
Há outro problema. o ministro do STF, Luiz Edson Fachin, pediu questão de ordem para interromper novas medidas de Janot até ele decidir pelas provas das delações da JBS.
Janot havia colocado a delação sob suspeita, denunciando que ela foi "combinada" por Joesley, Saud e o então procurador da República, Marcelo Miller. Os dois primeiros foram presos.
Outro problema é que Janot só tem até amanhã a responsabilidade do cargo na PGR.
O processo, depois disso, cairá nas mãos de Raquel Dodge, indicada por Michel Temer.
Há, nos bastidores do governo Temer, uma série de conflitos que deixam o Brasil vulnerável.
A teimosia de um senhor que fará 77 anos daqui a cerca de uma semana é notória.
Sem representatividade popular, Temer se acha "estadista" por conta das propostas retrógradas de seu programa de governo.
Arrogante, Temer disse que nunca se importou com impopularidade e acha que está fazendo um governo "ousado", decidindo tudo à revelia do povo brasileiro.
O Brasil está inseguro e, mais uma vez, preocupa a despreocupação de uma boa parcela de brasileiros.
Ainda há gente achando que o país vive um excelente momento, ainda que admita a bagunça política gerada em Brasília. É um clima de alegria que, na verdade, entristece, e muito.
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