Num contexto em que a juventude anda bastante conservadora, conforme mostram as mídias sociais, a trilha sonora não poderia estar distante do filme.
Segundo o levantamento do Spotify, o "funk" e o "sertanejo universitário" são os ritmos mais ouvidos pelos jovens brasileiros.
Os jovens são os mais afetados pela sociedade hipermidiatizada, hipermercantilizada e hipersexualizada.
Eles influíram, no ano passado, pela retomada conservadora do cenário político nacional, se mobilizando aos montes para derrubar Dilma Rousseff.
É claro que há exceções na juventude, mas a maioria é neocon, guiada por uma overdose de informações tecnológico-midiáticas.
Das revistas teen e suas linguagens debiloides ao Caldeirão do Huck, da Rede Globo, passando pela idolatria ao "Superman" de carne-e-osso, Sérgio Moro, a juventude do Brasil temeroso segue o embalo das vaquejadas e dos "bailes funk".
É um pessoal apegado à tecnologia, tanto que não consegue se desprender das mídias sociais.
Ficam entre a libertinagem dos instintos, o conservadorismo ideológico e o consumismo pleno e obsessivo.
Se dizem "sem preconceitos" para a música ultracomercial que consomem, mas sentem um preconceito ainda mais cruel com a música de qualidade.
Como na geração nascida entre 1978 e 1983 teleguiada pela mídia e confinada no seu cativeiro cultural dos anos 1990 e do pior dos anos 1980, eles também se isolam no seu quintalzinho cultural.
Nascidos nos anos 1990 e 2000, eles superestimam os ídolos comerciais que cultuam.
Absorvem abordagens estereotipadas de feminismo, LGBT, causa curvy e negritude, que lhes chegam em formas caricaturais.
Favelas, roças e sertões também lhes aparecem de maneira estereotipada, quase ficcional, embora sob o pretexto de uma visão "mais realista" e "generosa".
Mesmo as esquerdas festivas, que num dia saúdam Lula e em outro louvam Marcelo Bretas, também não ajudam.
Elas oferecem a "contracultura de resultados" de forma espetacularizada, transformando o "mau gosto" em mercadoria, embora sob o pretexto de "causa libertária".
Isso em que há provocativos para consumo pelo establishment: Pablo Vittar, Inês Brasil ou mesmo Liniker.
É uma geração que não vê a realidade fora da Internet e da "sociedade do espetáculo".
Evidentemente, o tempo vai fazer muitas pessoas mudarem de posição. Da geração 1978-1983, a realidade lhes fez mudarem hábitos e visões depois dos 25, 30 anos de idade.
Enquanto não chega essa hora, o universo teen tem a extensão de um quartinho de apartamento de luxo, e ídolos de proveta difundidos pela "indústria cultural".
Defendem esses ídolos com unhas e dentes, achando que tudo isso é eterno.
Infelizmente, porém, terão dificuldades para entender as armadilhas da indústria cultural, como a esquerda festiva de hoje, que esnobou os avisos da geração cepecista sobre a bregalização.
A esquerda festiva achou que a bregalização, por ser provocativa, seria "guevariana", até aparecer no Domingão do Faustão e nas páginas da revista Caras.
Como será que a geração hipermidiatizada voltada ao ultraentretenimento pós-brega se comportará quando começar a encarar a realidade adulta?
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