Um caos jurídico começou a ser armado.
Rodrigo Janot, às vésperas de deixar o cargo de procurador-geral da República, resolveu desqualificar as delações da JBS, enquanto denunciava Lula, Dilma e outros petistas por suspeita de "organização criminosa".
Em ambos os casos, a ideia é montar uma confusão para manter o temeroso Michel Temer na Presidência da República e evitar que o PT ganhe as eleições em 2018.
A denúncia atinge Lula, Dilma e outros grandes nomes. Até a senadora Gleisi Hoffmann está impedida de ser opção, no caso da impossibilidade de Lula.
O Globo deu uma ajudinha através de uma manipulação visual para inebriar seus leitores.
Colocou como manchete a denúncia de Janot contra os petistas.
Mas a foto colocada em destaque se refere a uma notícia sobre o "Ali-Babá baiano", Geddel Vieira Lima, ex-homem forte do governo Michel Temer.
A foto apresentava várias malas, com uma grande soma de dinheiro no valor de R$ 51 milhões, apreendidas num apartamento do político do PMDB baiano, no bairro da Graça, em Salvador.
Só que O Globo colocou a foto para forçar a associação da acusação, sem provas, de Rodrigo Janot contra os petistas ao dinheiro apreendido.
Com isso, o jornal carioca queria forçar a revolta dos brasileiros contra o Partido dos Trabalhadores, impossibilitando a volta do partido ao Governo Federal nas eleições de 2018.
Mas aí veio o depoimento de Antônio Palocci ao midiático Sérgio Moro, na Polícia Federal, em Curitiba, e o ex-ministro da Fazenda, preso pela Operação Lava Jato, resolveu usar um outro discurso.
Ele criou uma narrativa que traiu os amigos petistas, como Lula e Dilma Rousseff, de cujos governos Palocci foi ministro.
Ele disse que as relações de Lula e a empreiteira Odebrecht eram "movidas a propina" e era feito um "pacto de sangue" entre o presidente e a empresa.
Palocci reforçou as supostas acusações de participação da Odebrecht nos casos do sítio de Atibaia, do triplex no Guarujá e da sede do Instituto Lula em São Paulo.
O ex-ministro falou até que a descoberta de reservas do pré-sal "estimulou a corrupção na Petrobras" em "favorecimento" ao presidente Lula.
As declarações de Palocci foram tendenciosas, dentro do disse-me-disse que a seletividade da Justiça aceita como "provas" para incriminar o Partido dos Trabalhadores.
Elas são cheias de contradições, repetem alegações já feitas e, ainda por cima, associam o pré-sal à corrupção, um prato cheio para desmoralizar a Petrobras.
Diante disso, há ameaças muito grandes.
Elas não se limitam a barrar Lula e possíveis opções para concorrer à presidência da República em 2018.
Essas ameaças se relacionam ao fortalecimento da plutocracia no poder, com a permanência do presidente Michel Temer, que parece ter esquecido que o povo brasileiro existe.
O desmonte dos direitos trabalhistas e da economia nacional está em andamento.
E a denúncia de Palocci tem como agravante o fato dele ter sido uma figura íntima e amiga dos círculos petistas.
Não se tratava de figuras aliadas, porém distanciadas, como o executivo Léo Pinheiro, da OAS, e do ex-senador Delcídio do Amaral.
Palocci foi um dos autores da Carta ao Povo Brasileiro, símbolo da política de coalizão que garantiu a vitória eleitoral de Lula.
Paulista de Ribeirão Preto, era uma das mais importantes figuras do Partido dos Trabalhadores.
Daí que sua narrativa contra seus amigos e parceiros é um agravante que praticamente complicou a situação de Lula.
Por mais que advogados atuem para tentar inocentar Lula e outros petistas, o processo será demorado o suficiente para barrar os petistas na corrida de 2018.
Lula se sentiu decepcionado com Palocci. O Partido dos Trabalhadores começa a cogitar a expulsão do ex-ministro.
Mas o pior é que a delação de Palocci se transformará no "churrasco de fim de semana" das três revistas da imprensa venal, Veja, Época, e, agora com um apetite voraz, a Isto É.
Serão essas revistas que farão o linchamento habitual sobre Lula e completarão a manipulação raivosa de O Globo.
Lula ainda irá depor a Sérgio Moro na próxima semana.
Mas o desgaste do ex-presidente com a exploração do depoimento de um ex-ministro é notória.
A mídia reacionária está comemorando o que entendem como o "fogo amigo" de Palocci contra o ex-presidente.
A situação segue, sombria, num Brasil em que o Sete de Setembro perdeu completamente o sentido.
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