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MÍDIA HEGEMÔNICA E A IMAGEM PEJORATIVA DA MULHER SOLTEIRA


As esquerdas médias não conseguem perceber as armadilhas que a mídia hegemônica traz no setor cultural.

Muitas estranhezas ocorrem sob o aparente "mundo livre" do "popular demais".

Uma delas é a imagem da mulher solteira trabalhada no Brasil, através de um mercado de entretenimento popularesco.

Recentemente, foi lançada uma música em que a letra fala da mulher que voltou a ficar solteira.

A intérprete é uma funqueira que nem tem cara nem jeito de solteira.

Ela lembra aquelas senhoras que, quando falam numa reunião de condomínio, não passam mais de dois minutos sem mencionar a palavra "meu marido".

Mas, para todo o efeito, a funqueira está "solteira de novo".

E o mais estranho é que ela, nas últimas dez aparições quase sempre consecutivas, só falava que "estava solteira", algo que uma solteira de verdade não faria.

Um discurso ensaiado, em que a funqueira falava em "procurar gatinhos" ou dizer coisas surradas como "os homens têm medo de mim", uma ladainha tida por "musas" similares há duas décadas.

Há também sucessos "sertanejos" sobre a "vida de solteira", algo que pode não ser exclusivo no Brasil, mas é bem mais comum, e estranhamente bem comum.

Só que alguém em sã consciência deve perguntar o seguinte: será que uma solteira de verdade fica sempre preocupada em dizer que está solteira?

Da mesma forma, pergunta se a mulher que realmente está solteira quer ouvir músicas sobre solteirice, carência amorosa ou curtição noturna ("balada", no dialeto huckiano).

Na Europa e nos EUA, a mulher, quando fica solteira, toca sua vida para a frente.

Ela vai para a biblioteca, para exposições de artes plásticas, vai caminhar na praça, faz exercícios, sem se preocupar em se sensualizar o tempo todo.

Ela só se sensualiza quando achar necessário e não rebaixa sua inteligência quando vai se divertir.

Aqui, em que até as esquerdas se iludem ao corroborar muitos paradigmas da "sociedade do espetáculo", vale o hedonismo qualquer nota, ainda que sob o preço da idiotização cultural imposta pela mídia hegemônica.

Mas, além da imagem da mulher solteira, na mídia hegemônica, soar bastante pejorativa, como um complemento do que os comerciais de cerveja abordam sobre a imagem da mulher em geral, ela é distribuída desigualmente.

Se observarmos, num levantamento do Google sobre solteiras e casadas famosas, quem elas são, nota-se um nível de desigualdade muito grande.

As mulheres que facilmente ficam solteiras são subcelebridades ou atrizes, cantoras e modelos com um aparente apelo popular notório.

São ex-integrantes do Big Brother Brasil, funqueiras, "musas" de times de futebol, dançarinas de "pagodão" e outras voltadas para a imagem de objeto sexual.

Já as casadas fazem uma diferença enorme.

São atrizes com apelo mais para classe média, supermodelos, ex-VJs da MTV, influenciadoras digitais de assuntos mais relevantes, jornalistas de televisão e outras do nível.

Podem até ser ideologicamente conservadoras, mas estão associadas a uma melhor instrução e melhores referências culturais.

Não ficam associadas a uma imagem sensual forçada e podem se ocupar em outros assuntos e temas.

A desigualdade tem uma motivação: o machismo, que interfere no feminismo de duas maneiras, como que num acordo entre damas e cavalheiros.

A mulher que foge de paradigmas machistas precisa de um vínculo com um marido, que quase sempre é um empresário, um médico, um economista ou alguém com status comparável.

É uma forma de estabelecer uma "vigilância simbólica", uma emancipação feminina "vigiada" pela sombra de um marido rico e influente.

Já a mulher que aceita as imposições machistas, geralmente como mulher-objeto ou como a caseira submissa, ela é dispensada até de ter um namorado.

Juntemos as peças do quebra-cabeça e veremos ainda uma motivação de "limpeza social".

As mulheres que "pouco se preocupam" em arrumar um marido e apelam para expressões como "solteiríssimas" e "solteiras e felizes", são referências para jovens moças das classes pobres.

As mulheres que, se solteiras, falam em "se casarem de véu e grinalda" ou, se casadas, mantém uma relação "mesmo com imperfeições", são referências para jovens moças de classes média e alta.

O que isso significa? Significa que há um interesse, no establishment midiático, de "limpeza social" nas classes populares, desestimulando as mulheres pobres de serem mães.

O discurso é "bem intencionado": estimular a "liberdade feminina" e, no caso da maternidade, haver "melhor planejamento" e "menor preocupação em ter mais filhos".

No caso afetivo, a ideia é promover o ideal de liberdade amorosa de forma bastante distorcida, para classes pobres de baixa escolaridade e bombardeadas por informações confusas e contraditórias.

Sem poder selecionar e digerir a overdose de informações trazidas por um contraditório combo de valores intelectuais esquerdistas, valores hipermidiáticos e valores obscurantistas evangélicos, o povo pobre não consegue entender certas novidades da vida amorosa.

Além disso, a ideia de mãe solteira, uma comodidade positiva nas classes médias, é um fardo para mulheres pobres com mais de cinco filhos para cuidar.

É saudável a novidade da causa LGBT, mas em comunidades pobres que digerem veículos midiáticos opostos que vão do jornal Brasil de Fato (distribuído de graça) à Record TV (evangélica), isso soa como se descrevesse a vida em Marte.

Constatar isso não é um preconceito social, muito pelo contrário, é ver que nas favelas não há a mesma desenvoltura social que as esquerdas de classe média vivem.

Uma coisa é a militante de esquerda achar legal ser lésbica, mãe solteira e ter liberdade para ir e vir do lazer noturno sem a marcação de um homem.

Outra coisa é a trabalhadora pobre sem marido, com dez filhos para criar, carregando sacos de roupa pesada, fazendo serviços até o fim de noite, só para ter um dinheiro parco só para pagar as contas do mês.

Achar que em realidades assim é máximo ser LGBT ou mãe solteira é tão preconceituoso quanto a "cura gay" proposta pelo juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, da 14ª Vara do Distrito Federal.

Em classes pobres bombardeadas por informações contraditórias, num momento o fenômeno Pablo Vittar, no outro as pregações de Silas Malafaia e Marco Feliciano, soa complicado ser LGBT.

O perigo é surgir aberrações como o hoje vereador e membro do Movimento Brasil Livre (MBL), Fernando Holiday, que é gay mas defende um projeto sócio-político homofóbico na sua essência.

Neste contexto, a imagem pejorativa da mulher solteira, trabalhada pela mídia "popular demais", a partir da espetacularização chique comandada pela Rede Globo, também é mais um problema do que solução nas classes pobres.

E ainda por cima quando a imagem da mulher solteira é reduzida a uma caricatura sexista e a um hedonismo forçado.

E a "limpeza social" está subentendida quando só se enfatiza o "prazer da vida de solteira" nas classes pobres, enquanto nas classes média e alta se enfatiza até mesmo o casamento de divorciados.

É um processo sutil de diminuir a geração de novos filhos de origem negra ou índia.

Nas elites, estimula-se o casamento para permitir não só a geração de novos filhos, mas na formação de estruturas familiares mais estáveis.

O que está na imagem caricatural da mulher solteira, trazida por um "funk" de uma cantora que nem jeito de solteira tem, é essa sutil "limpeza social".

Em nome da "liberdade", evita-se que casais estáveis se formem, através das imagens pejorativas do homem trabalhadas pelo noticiário policialesco, pelas canções que evocam brigas conjugais e da imagem forçadamente hedonista da mulher solteira.

Evitando a formação de casais estáveis, elimina-se, a partir do lar, a solidariedade das classes populares que ainda saem confusas diante do tiroteio midiático entre beijaços gay e homofobias.

Com isso, divide-se ainda mais as classes populares, já desmobilizadas pelo entretenimento brega, e cujas jovens mulheres são aconselhadas a "não se preocupar com a maternidade".

É para o "sistema" matar as classes populares aos poucos, evitando a renovação das gerações.

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