Mais um fato aparentemente de grande importância ocorre no Rio de Janeiro.
Sete anos após a operação policial que resultou na primeira UPP no Complexo do Alemão, uma nova operação tem como foco central a favela da Rocinha, na Zona Sul carioca.
Como na implantação do hoje fracassado projeto da UPP, toda uma pompa foi feita na operação de combate à violência na favela carioca vizinha a São Conrado.
A grande mídia alardeou o fato como um "grande acontecimento", mas ele causa mais insegurança do que segurança entre as classes populares.
Os policiais chegaram a invadir casas de inocentes, revistando objetos pessoais, sem qualquer notificação prévia.
Os transeuntes também eram revistados de forma agressiva e impositiva, inclusive com agressões físicas e verbais por parte dos soldados.
Em tese, a operação era uma medida urgente para combater o narcotráfico local, caçando seus principais chefões.
Mas especialistas afirmam que os chefões não estão na favela, e quem faz o tráfico local são os chamados "varejistas" (vendedores de drogas).
Já se fala da solução da descriminalização das drogas como medida para enfraquecer o crime organizado.
Ela é muito polêmica, mas tem como vantagem poupar as tragédias que atingem as populações pobres nos tiroteios diversos.
São tiroteios entre traficantes rivais, traficantes e milicianos e traficantes e policiais. Ou, às vezes, entre policiais e milicianos.
Nesse tiroteio, inocentes são atingidos, não raro crianças que brincam alegremente em algum canto da favela.
É chocante ver balas atingindo pessoas em suas rotinas inocentes, sendo adultas ou crianças.
Órgãos de direitos humanos internacionais já falam em "limpeza social" diante de tantos abusos policiais que ocorreram nas favelas e subúrbios cariocas, e cujos membros temem que os casos se repitam sob a ação do Exército.
Sobre os abusos dos militares, os moradores reclamam que não podem transmitir pelo celular as informações sobre o que realmente acontece no local.
Operações similares a da Rocinha ocorrem e vão ocorrer ainda em outras regiões.
Em Niterói e São Gonçalo, operações semelhantes estão previstas. Na cidade de Arariboia, o bairro de Viradouro, onde eu cheguei a morar, é um dos mais visados.
Os primeiros dias da ação militar na Rocinha resultaram em três suspeitos mortos. Um morador teria sido baleado, nove suspeitos de envolvimento com o tráfico presos e 18 fuzis apreendidos.
Não há garantias que ações assim sejam suficientes para afastar a criminalidade das comunidades pobres, sobretudo no Grande Rio.
Em tempos temerosos, a situação continua sombria para o povo pobre, que perdeu o seu protagonismo social e político há mais de um ano.
Espera-se que os favelados recebam atenções mais positivas e edificantes das autoridades em todo o Brasil.
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