FILIAL DA REDE OXXO, DE ORIGEM MEXICANA, NA VILA MARIANA, EM SÃO PAULO.
A "boa" sociedade, ou seja, a burguesia de chinelos que jura de pés juntos que é "gente simples" e que só quer "mais amor, por favor" hoje em dia - até para botar debaixo do tapete as sujeiras que seus avós fizeram a partir de abril de 1964 - , tem uns hábitos e umas posturas muito estranhas.
Temos desde a supervalorização de um ídolo como Michael Jackson - que, depois de Thriller (1982), sucumbiu a uma gradual decadência que o fez tornar-se uma subcelebridade no seu país de origem, os EUA - até a adoração cega a charlatães religiosos, como os tais "médiuns espíritas", passando pela crença ingênua de que mulheres-objetos podem ser "feministas" só porque não têm marido ou que a pintura padronizada irá melhorar os sistemas de ônibus das grandes cidades.
Há um viralatismo cultural enrustido, no qual 99% desse culturalismo conservador é considerado pelo rótulo de "as boas coisas da vida", e isso envolve tanto o endeusamento a nomes musicais com baixa representatividade lá fora - como Johnny Rivers, Outfield e Live - quanto um simples hábito de fumar um cigarro, que inspira até nostalgias malucas e imbecis como a "saudade de fumar dentro de um ônibus". Sério.
E aí vemos o quanto, nas redes sociais, não é "o povo brasileiro" nem "a humanidade" que manifestam um padrão de ver o mundo, mas uma elite relativamente ampla que vai desde o pobre remediado até o famoso ou subcelebridade cheio da grana, passando pela pequena burguesia e, todos, respaldados pela burguesia propriamente dita, agora convertida em dublês de intelectuais, mecenas culturais e promotores de eventos, se constituindo numa elite "legal" que mostra o quanto ser super-rico pode ser "adorável" para o aparente senso comum reinante no Brasil.
E aí temos uma onda de reclamações sobre a expansão de uma rede de supermercados de origem mexicana, o Oxxo (aquela rede que pede para se ler "o-quís-sô"), um simpático mini-mercado com uma boa lanchonete e uma simpática padaria (com pães gostosos, diga-se de passagem).
Pode não ser a melhor rede de supermercados do mundo e os produtos vendidos são em boa parte caros, mas a onda de queixas contra a expansão da rede atinge níveis surreais, mas é um exagero que se haja uma revolta quando é inaugurada uma filial do Oxxo em algum lugar da Grande São Paulo.
Isso mostra o quanto a agenda de assuntos que prevalece nas redes sociais não reflete necessariamente a opinião do povo. Afinal, um supermercado como o Oxxo serve de opção para quem, à noite, vê os estabelecimentos quase todos fechados e precisa comprar alguma coisa, como um pão para preparar um sanduíche no lanche de fim de noite, acompanhado de uma bebida.
Falam até que a rede Oxxo se expande para "lavar dinheiro". Tá, mas ninguém fala que, por exemplo, o Espiritismo brasileiro e a Legião da Boa Vontade também servem como lavagem financeira de empresários inescrupulosos, apostando na "caridade de fachada" dessas duas instituições religiosas que se gabam em (supostamente) fazer uma caridade que nunca teve resultados, até porque os miseráveis atendidos são sempre os mesmos a cada ano.
Mas a "boa" sociedade não reclama da proliferação de bares e boates, como também parece achar bonitos os grotescos parquiletes (parklets), instalações colocadas nos meios-fios das ruas e que vendem a falsa reputação de "praças públicas" para disfarçar interesses de lucro dos comerciantes mantenedores.
Aí o negacionista factual não gosta que se critiquem os parquiletes. Para ele, os parquiletes são "presentes de Deus", que servem para "qualquer pessoa" sentar de graça, o tempo que quiser e blablablá. O negacionista factual acha que temos que aceitar essas geringonças porque são "áreas de lazer" e "lugares para relaxar", por isso nada de falarmos verdades como dizer que os parquiletes agem contra a mobilidade urbana.
O caso da reclamação sobre a expansão da rede de supermercado mostra o quanto nosso país vive uma situação surreal. E depois o pessoal não gosta quando falamos que nosso país está muito longe de se tornar um país desenvolvido. Vá entender...
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