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NOME DE RUAS EM NITERÓI, MERSHANDISING RELIGIOSO EM NOVELA E PASSAGENS DE PANO


Seis décadas após a Av. Estácio de Sá ser renomeada como a atual Av. Roberto Silveira, Niterói deu fim ao nome "Coronel Moreira César", rebatizando a famosa rua de Icaraí em Rua Ator Paulo Gustavo.

Uma homenagem digna ao grande ator que, infelizmente, faleceu vítima da Covid-19. Ele passeava muito pela rua que hoje leva seu nome e fazia refeições na Confeitaria Beira Mar, na esquina com a Av. Presidente Backer.

Andei muito por essas áreas nos últimos anos em que vivi em Niterói.

É um grande alívio. E um alento para podermos lutar para homenagear outra figura de Niterói, a dramaturga Fernanda Young, através da mudança de nome da outrora Av. da Ciclovia.

Essa avenida tem o nome de um religioso reacionário, tido como "símbolo de bondade" como se a "caridade" pudesse servir de carteirada para blindar mistificadores.

Pioneiro da literatura fake, o suposto médium até foi lembrado pelo próprio Paulo Gustavo, numa esquete que o humorista dizia que o figurão "estava no céu".

Mas isso é um engano, feito por boa-fé pelo humorista. Paciência, o "médium", construído como um "filantropo" de novela da Globo, símbolo de uma caridade tão fajuta quanto a de Luciano Huck (discípulo não-creditado do "médium", assim como seria Elon Musk).

Endeusar o "médium" e usar a "bondade" e a "caridade" como carteiradas para blindar aquele que arruinou com o Espiritismo de Allan Kardec, é fruto de um lobby na mídia venal que ocorre desde os tempos da TV Tupi. Daí que atores e atrizes e equipe técnica têm que engolir esse mito religioso.

Dá até mershandising, não bastassem as próprias "psicografias", em que um "médium" cria da própria mente um pastiche do morto de sua escolha, serem mershandising religioso, sempre terminando com apelos para "nos unirmos na fé no Cristo".

No capítulo reprisado ontem da novela Ti Ti Ti, a versão 2010-2011 (a original foi de 1985-1986), a personagem Nicole, interpretada por Elizângela, recebeu de presente um livro "mediúnico" de um pretendente desavisado.

Era o mershandising do horrendo livro Nosso Lar, que segundo os críticos do Espiritismo brasileiro, é plágio grotesco de A Vida Além do Véu (The Life Beyond the Veil), do reverendo britânico George Vale Owen e prefaciado por Arthyr Conan Doyle, criador de Sherlock Holmes.

A diferença da obra brasileira é que ela supõe que uma suposta "cidade espiritual", imitação da Barra da Tijuca, "flutua" nos céus do Rio de Janeiro, ladeado pelo "umbral", que é uma espécie de "Rio das Pedras do além-túmulo".

E aí vemos o quanto reprisar esse mershandising é um desperdício, quando coisas bem mais essenciais são cortadas pela Rede Globo quando se edita novelas e filmes, mesmo os estrangeiros.

A reprise da novela Vereda Tropical, exibida originalmente entre 1984 e 1985, é um exemplo.

Na Internet, só existe uma versão cortada, gravada de uma reprise do canal GNT, que de cerca de 115 capítulos cometeu ainda o erro de não exibir o capítulo 41. Enquanto isso, a novela original, com 164 capítulos, dorme nos acervos da Globo, quando deveria ser restaurada e exibida integralmente.

Um enredo inteiro envolvendo a personagem homônima de Angelina Muniz foi cortada da edição.

Estou à procura de cenas em que ela aparece usando um suéter de manga curta azul ou verde-berilo, que faziam parte do material cortado na reprise.

Muitos cinéfilos também reclamam que as reprises de filmes estrangeiros cortam partes essenciais, fazendo com que seus enredos pareçam sem pé nem cabeça.

Daí que nem seria necessário manter esse mershandising de uma psicografake pseudo-científica, moralista e mistificadora - já li o livro, quando eu ainda seguia ingenuamente o Espiritismo brasileiro - , porque a obra só interessa aos devotos dessa religião.

Mas se o Espiritismo brasileiro é um dos beneficiados pela passagem de pano da sociedade brasileira, em que nem o semiólogo mais esforçado consegue identificar as chamadas "bombas semióticas" que o "médium de peruca" apresenta à sua frente, então viramos um Brasil de flanelinhas culturais.

E se o semiólogo mais esforçado passa pano nas fraudes do suposto médium (que, se vivo fosse, seria bolsonarista incurável), então chegamos ao fundo do poço, como país e sociedade.

Daí o fanatismo religioso que está dando azar em Piratininga, um bairro parado e perigoso de se morar. E que faz a tal Avenida da Ciclovia não parecer avenida nem ter ciclovia.

Se tivéssemos em Niterói uma mentalidade estratégica, tudo seria feito para melhorar a cidade, rompendo com essa ideia de que IDH alto cai do céu.

Falta avenida própria ligando Rio do Ouro a Várzea das Moças, aliviando tráfego da RJ-106. 

Falta mergulhão para a Av. Jansen de Mello, passando sob o trecho Rua Marechal Deodoro-Rua São Lourenço, para resolver os terríveis congestionamentos.

Falta resolver a questão de um esqueleto de um prédio abandonado no Parque da Cidade.

Falta colocar passarelas para pedestres na Av. Marquês do Paraná (cruzamento com a Av. Roberto Silveira e Rua Miguel de Frias) e nas estradas Caetano Monteiro e Francisco da Cruz Nunes.

Falta mudar a fachada do Niterói Shopping, que está a mesma desde 1985 e cujas peças ameaçam desabar e matar qualquer transeunte.

E falta investir em mais segurança nos bairros, criar casas populares para tirar o povo das favelas.

Daí que falta mexer com a Avenida da Ciclovia, tirando o nome do religioso azarento, e substituindo-o por alguém que tem mais a ver com a cultura de Niterói.

Até porque o "bondoso médium" nunca fez coisa alguma para Niterói, a não ser ofender as famílias humildes vitimadas por um incêndio num circo em 1961, acusadas (sem fundamento) de serem "romanos sanguinários", acusação que poderia dar em processo judicial, vale lembrar.

E, além disso, botou-se na conta do pobre do Humberto de Campos, que não está mais aí para reclamar. E ainda mais quando até o filho homônimo passou a pano no "médium", depois de agir como um idiota chorão num evento religioso montado pelo dito "lápis de Deus".

Diante de tantos episódios narrados - eu falo muito da armadilha do Espiritismo brasileiro, antes que as forças progressistas do Brasil se deixem seduzir por isso - , vamos lutar para que a Av. da Ciclovia se chame Avenida da Ciclovia Fernanda Young.

Vamos sair do conforto do fanatismo religioso e pensar na realidade que está acima de qualquer devaneio movido pela fé arrogante, que, sofrendo da Síndrome de Dunning-Kruger, pensa que tem mais razão do que a Razão.

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