A semana fechou com dois incidentes que mostram o apego de muitas pessoas aos instintos, uma "liberdade de instintos" que escraviza a consciência e a obriga a seguir e justificar os rumos fáceis dos impulsos, como se fosse uma apologia ao erro.
Sabemos que a atriz Letícia Sabatella foi fotografada se embriagando numa festa, e o incidente virou nota na coluna de Léo Dias, do jornal carioca O Dia. Segundo ele, a atriz teria exagerado nas doses de vodca e ficou tonta de tanto beber, que teve que ser carregada por uma amiga. Isso ocorreu em Brasília, no último dia 01, quando Letícia estava na temporada local de uma peça teatral.
Já Marcelo Adnet foi visto anteontem beijando uma loura na frente de um bar no Leblon, no Rio de Janeiro, num clima evidente de namoro. Só que o humorista carioca, que vive na ponte aérea, é casado com a humorista do CQC, Dani Calabresa, com a qual vive em um apartamento em São Paulo.
Até aí, nada demais. Mas nota-se as diferentes reações que Letícia e Marcelo tiveram, diante da divulgação de seus atos impulsivos, com uma leve vantagem dada ao humorista, que com todo o seu erro, mostrou ao menos que tem autocrítica.
Letícia, pelo contrário, se comportou de maneira arrogante e esnobe, "Quem não precisa rir de si mesmo de vez em quando? Me recuso a sentir vergonha com esta pedra (bosta) moralista com que tentam me atingir. A vocês, queridos acusadores, ofereço um brinde", escreveu ela, irritada, no Facebook.
"QUENUNCAS"
A reação de Letícia foi até pior do que a bebedeira do fim-de-semana anterior. Se ela, pelo menos, tivesse uma atitude autocrítica e dissesse algo como "Desculpe, exagerei", "Enchi a cara e quase não conseguia andar, mas felizmente pude me recuperar", seria mais compreensível.
Mas Letícia preferiu defender sua atitude, como se um eventual erro fosse um acerto, e, não fosse suficiente isso, veio a "patrulha" biriteira apoiando a atriz e investindo no mais novo bordão do anedotário popular: "Quem nunca...?".
Daí que essas pessoas acabaram se tornando os "quenuncas", os eunucos éticos, incapazes de transmitir valores morais edificantes e que se comportam de maneira conformista e acomodada diante dos riscos de todos nós errarmos. "Quem nunca...?", pregam os "quenuncas".
No Rio de Janeiro, isso é típico, porque vivemos a "ditadura da diversão", em que a liberdade dos instintos veta qualquer questionamento. E mesmo padrões pré-estabelecidos de vida social e amorosa são impostos e o pessoal é obrigado a aceitar para não sofrer bullying (espécie de DOI-CODI fanfarrão).
Sim. A sociedade "livre e sem regras" não aceita liberdade mas impõe certas regras. Se um homem é nerd e só consegue atrair mulheres vulgares, ele terá que aceitá-las, mesmo desejando mulheres de melhor qualidade. Caso contrário, ele será xingado de "homossexual" mesmo sendo um rapaz convictamente heterossexual.
Nas mídias sociais, há muitas "patrulhas" nesse sentido. Nem questionar a gíria "balada" (vocábulo divulgado pelos barões da grande mídia e seus porta-vozes) se pode fazer, sob o risco de sofrer uma humilhação da parte dos "golpistas de boate" e dos "urubólogos de rave" que povoam as comunidades "mais iradas" das mídias sociais.
AUTOCRÍTICA
O caso de Marcelo Adnet é até um caso de um fato menor que ganha a cobertura de toda a mídia, devido à visibilidade que o humorista tem. Segundo Paulo Nogueira, do portal Diário do Centro do Mundo, a cobertura de um fato desses contribui para a imprensa ser odiada pela opinião pública.
Em todo caso, o humorista, ao saber das notícias sobre seu incidente, escreveu um comunicado dando uma lição de autocrítica e humildade a Letícia Sabatella e seus "quenuncas". Marcelo mandou a seguinte mensagem:
"Errei e me arrependo. Minha atitude afetou a mulher mais importante pra mim. Eu e Dani estivemos sempre juntos. Ela é a minha melhor amiga e o amor da minha vida. Nos amamos e vamos superar isso juntos e casados. Nada importa mais do que a nossa relação. Bjs. Adnet".
Simpático, sincero e humilde, ele não deu "brinde aos acusadores", e reconheceu que cometeu um erro. Ele é considerado um galã entre os humoristas e, vivendo longe de sua esposa, pode ter sucumbido aos instintos e sair "pegando" uma outra mulher.
Espera-se que Marcelo Adnet tenha aprendido a lição, mas ele já ganha de Letícia Sabatella pela humildade e autocrítica com que encarou a situação, além da simpatia com que reagiu às críticas, bem distante da arrogância da atriz e seus "quenuncas".
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