NALDO BENNY, MC GUIMÊ, LUAN SANTANA E ANITTA - Sim, temos pop comercial na música brasileira.
Infelizmente, existe um lobby bastante poderoso e articulado para destruir a cultura brasileira e isolar todo o nosso rico patrimônio para os museus e para a apreciação privativa dos setores ainda mais elitistas das elites, porque a bregalização já começa atingir até mesmo os condomínios de luxo e, por isso, a cultura de verdade só será um privilégio dos mais ricos entre os ricos.
Foram 500 e tantos anos - ou mais, considerando o legado dos indígenas - por nada. Tanto suor e sangue para construirmos uma identidade brasileira para depois, a convite de intelectuais "bacanas" e "muitíssimo legais", jogarmos tudo fora e sonharmos com um Brasil que mistura Dallas e Guadalajara, os guetos de Nova York com as mansões de Miami.
Pois essa "provocativa" intelectualidade "bacana", com suas teses "corajosas" e "sem preconceito" - leia-se a atitude preconceituosa de aceitar tudo sem verificar, só porque é "sucesso" ou "já está estabelecido" - fez com que os últimos focos de resistência à bregalização que abriu caminho para a expansão de uma mentalidade comercial fossem derrubados.
E o que tivemos de zelo da nossa cultura brasileira? A outra ala dos intelectuais - que não vivem da complacência ao "estabelecido" - só fala para uns poucos, a ponto do preço de visibilidade se voltar para a defesa de algum direitismo político para obter alguma popularidade a mais em certos setores da classe média.
Em outras palavras, o intelectual com ideias consistentes, para ter alguma projeção, precisa, para agradar essa parcela "indignada" da classe média, a apoiar ideologias reacionárias para, ao menos, ampliar sua plateia e ter alguma visibilidade. Se não estiver do lado de Reinaldo Azevedo, Rodrigo Constantino, Luiz Felipe Pondé e até Olavo de Carvalho, ficará sozinho ou perto disso.
Na música, sabemos o que está acontecendo. De repente a MPB autêntica virou uma onda de revivais, nada acontece de realmente novo, tudo virou um saudosismo às avessas, isto é, um tributo a uma MPB feito não para reviver seu legado para o tempo presente, mas justamente para mostrar a todos que ela é coisa do passado.
Ver que agora os grandes nomes da MPB estão idosos ou mortos, e mesmo nomes como Zé Ramalho, Beth Carvalho e Milton Nascimento já estiveram seriamente doentes, é preocupante, quando o foco dos jovens "modernos" para nossa música se volta para a bregalização, sob o pretexto de ser "mais divertida", "mais digerível" e "mais provocativa (?!?!?!)".
"HUMILDES PRODUTORES CULTURAIS"
O que se observa nesse gosto musical "livre" e "despretensioso" (sic) é que, por trás dos ditos "sucessos do povão", existe toda uma indústria por trás. Empresários comprometidos com a implantação do hit-parade norte-americano no Brasil, com uma mentalidade gananciosa e mercenária, estão praticamente ditando as normas dessa "livre cultura brasileira".
Ricos e até grandes proprietários de terras - que, espertamente, registram com o nome de seus "laranjas" - esses "humildes produtores culturais", como se autoproclamam esses empresários, não medem escrúpulos para "macaquear" o pop estadunidense de tempos atrás e ainda nos fazer acreditar que os "artistas" que eles lançam são o suprassumo da originalidade cultural.
Eles copiam fórmulas de fora com um certo atraso - é a mentalidade brega de perceber os modismos quando eles já foram ultrapassados e mesmo assim implantá-los aqui - e as impõem de forma que eles pareçam que acabaram de descobrir a origem do universo.
Daí a grandiloquência com que lançam nomes como Latino, Maurício Manieri, Rouge, Kelly Key, Fat Family e tantos, tantos outros. Nos anos 70 tivemos de Gretchen a Ângelo Máximo, passando por Harmony Cats, Genghis Khan (cópia descarada do Boney M), Nahim e tudo, tudo mais.
Desde os anos 70 se tem essa campanha para forçar o hit-parade a exercer uma força totalitária no gosto popular brasileiro. O brega começou com essa missão de assumir aqui modismos que já estavam fora de moda lá fora ou mesmo no Brasil, vide o caso dos primeiros ídolos cafonas que eram nada mais do que pálidas sombras dos antigos seresteiros, sem a força artística dos originais.
O brega passou uma década macaqueando modismos de fora, até que, visando obter vantagens de interesses turísticos regionais e mirando o sucesso do "sambão-joia" do "milagre brasileiro" da ditadura, foram forjados arremedos de ritmos regionais, como a lambada, o "sertanejo" e, mais tarde, a axé-music e o "pagode romântico" (reciclagem do "sambão-joia" nos anos 90).
O empresariado cria fetiches, enche os "artistas" de factoides e nulidades, enquanto compra rádios para tocar suas músicas até depois de ninguém aguentá-las mais. Ao menor sinal de desgaste desses ídolos, compra-se a imprensa de celebridades e lá vai ela dizer que fulano "arrasta multidões" numa apresentação em algum recanto qualquer do país.
Como hoje o jabaculê musical das FMs ficou mais complicado e menos eficaz, já que a Aemização imperou de vez, apesar de perder audiência a cada ano (pelo menos, o jabaculê esportivo rende mais dinheiro e o rádio FM "lava dinheiro sujo" daqui e dali), os empresários do entretenimento brega-popularesco agora recorrem à classe acadêmica para reciclar seus clientes.
"JABACULÊ UNIVERSITÁRIO"
Daí que, com tanta aberração sob o rótulo "universitário" - do "sertanejo" ao arrocha - , tinha que haver o "jabaculê universitário", vide o livro A Estética Funk Carioca - Criação e Conectividade em Mr. Catra, da antropóloga Mylene Mizhari, um "jabá" feito sob medida diante da ameaça de desgaste do mito Mr. Catra, mais conhecido pelas muitas mulheres e muitos filhos que possui.
É essa a alma de negócio. Se fulano não tem força para fazer sucesso o tempo todo, quando ele sofre uma séria ameaça de cair no ostracismo, vai seu empresário e, com ajuda de "gente humilde" como os donos das Organizações Globo e até do magnata George Soros, financiam uma tese "etnográfica" capaz de fazer até a "Melô do Créu" soar um revolucionário movimento neo-concretista.
Só que o que essa intelectualidade faz é colocar um monte de bobagens e fantasias sob a roupagem de uma linguagem acadêmica, similar ao que Alan Sokal havia denunciado no exterior, há quase quinze anos atrás. Como somos atrasados, ver que até nossos intelectuais são bregas, sempre implantando aqui o que já pereceu no Primeiro Mundo. E ainda dizem que isso é originalidade, pasmem vocês!
A "indústria cultural" brasileira quer que nós nos reduzamos a imitadores do que vem de fora, até de forma bem tardia. Isso permite maior influência dominadora dos EUA sobre nós. Mas dizer isso, de repente, virou coisa de "preconceituoso" e vão os intelectuais "bacanas" invadindo até a imprensa progressista para dizer que pensar assim é "isolar-se do mundo".
Como é que intelectuais têm a coragem de entrar na mídia progressista e, entre falsos ataques a gente como Ali Kamel e a revista Veja para impressionar os amiguinhos, dizer que é o máximo macaquearmos os estadunidenses sob o pretexto de sermos "urbanos", "conectados com o mundo" e até "transbrasileiros"?
Enquanto isso, os ídolos dessa "cultura transbrasileira" mostram aquilo que é óbvio mas que poucos querem admitir: substituímos a cultura brasileira pelo hit-parade, com o agravante de que o "ritipareide" daqui copia o que há de fora, apenas com leves adaptações de contexto, sobretudo o de gravar uma série quase interminável de CDs/DVDs ao vivo quando a "fonte autoral" secar.
Mas aqui mostramos uma tabela que mostra o quanto os "criativos artistas transbrasileiros" nada mais são do que cópias descaradas do que há de fora, sem qualquer acréscimo real para nossa cultura.
Infelizmente, existe um lobby bastante poderoso e articulado para destruir a cultura brasileira e isolar todo o nosso rico patrimônio para os museus e para a apreciação privativa dos setores ainda mais elitistas das elites, porque a bregalização já começa atingir até mesmo os condomínios de luxo e, por isso, a cultura de verdade só será um privilégio dos mais ricos entre os ricos.
Foram 500 e tantos anos - ou mais, considerando o legado dos indígenas - por nada. Tanto suor e sangue para construirmos uma identidade brasileira para depois, a convite de intelectuais "bacanas" e "muitíssimo legais", jogarmos tudo fora e sonharmos com um Brasil que mistura Dallas e Guadalajara, os guetos de Nova York com as mansões de Miami.
Pois essa "provocativa" intelectualidade "bacana", com suas teses "corajosas" e "sem preconceito" - leia-se a atitude preconceituosa de aceitar tudo sem verificar, só porque é "sucesso" ou "já está estabelecido" - fez com que os últimos focos de resistência à bregalização que abriu caminho para a expansão de uma mentalidade comercial fossem derrubados.
E o que tivemos de zelo da nossa cultura brasileira? A outra ala dos intelectuais - que não vivem da complacência ao "estabelecido" - só fala para uns poucos, a ponto do preço de visibilidade se voltar para a defesa de algum direitismo político para obter alguma popularidade a mais em certos setores da classe média.
Em outras palavras, o intelectual com ideias consistentes, para ter alguma projeção, precisa, para agradar essa parcela "indignada" da classe média, a apoiar ideologias reacionárias para, ao menos, ampliar sua plateia e ter alguma visibilidade. Se não estiver do lado de Reinaldo Azevedo, Rodrigo Constantino, Luiz Felipe Pondé e até Olavo de Carvalho, ficará sozinho ou perto disso.
Na música, sabemos o que está acontecendo. De repente a MPB autêntica virou uma onda de revivais, nada acontece de realmente novo, tudo virou um saudosismo às avessas, isto é, um tributo a uma MPB feito não para reviver seu legado para o tempo presente, mas justamente para mostrar a todos que ela é coisa do passado.
Ver que agora os grandes nomes da MPB estão idosos ou mortos, e mesmo nomes como Zé Ramalho, Beth Carvalho e Milton Nascimento já estiveram seriamente doentes, é preocupante, quando o foco dos jovens "modernos" para nossa música se volta para a bregalização, sob o pretexto de ser "mais divertida", "mais digerível" e "mais provocativa (?!?!?!)".
"HUMILDES PRODUTORES CULTURAIS"
O que se observa nesse gosto musical "livre" e "despretensioso" (sic) é que, por trás dos ditos "sucessos do povão", existe toda uma indústria por trás. Empresários comprometidos com a implantação do hit-parade norte-americano no Brasil, com uma mentalidade gananciosa e mercenária, estão praticamente ditando as normas dessa "livre cultura brasileira".
Ricos e até grandes proprietários de terras - que, espertamente, registram com o nome de seus "laranjas" - esses "humildes produtores culturais", como se autoproclamam esses empresários, não medem escrúpulos para "macaquear" o pop estadunidense de tempos atrás e ainda nos fazer acreditar que os "artistas" que eles lançam são o suprassumo da originalidade cultural.
Eles copiam fórmulas de fora com um certo atraso - é a mentalidade brega de perceber os modismos quando eles já foram ultrapassados e mesmo assim implantá-los aqui - e as impõem de forma que eles pareçam que acabaram de descobrir a origem do universo.
Daí a grandiloquência com que lançam nomes como Latino, Maurício Manieri, Rouge, Kelly Key, Fat Family e tantos, tantos outros. Nos anos 70 tivemos de Gretchen a Ângelo Máximo, passando por Harmony Cats, Genghis Khan (cópia descarada do Boney M), Nahim e tudo, tudo mais.
Desde os anos 70 se tem essa campanha para forçar o hit-parade a exercer uma força totalitária no gosto popular brasileiro. O brega começou com essa missão de assumir aqui modismos que já estavam fora de moda lá fora ou mesmo no Brasil, vide o caso dos primeiros ídolos cafonas que eram nada mais do que pálidas sombras dos antigos seresteiros, sem a força artística dos originais.
O brega passou uma década macaqueando modismos de fora, até que, visando obter vantagens de interesses turísticos regionais e mirando o sucesso do "sambão-joia" do "milagre brasileiro" da ditadura, foram forjados arremedos de ritmos regionais, como a lambada, o "sertanejo" e, mais tarde, a axé-music e o "pagode romântico" (reciclagem do "sambão-joia" nos anos 90).
O empresariado cria fetiches, enche os "artistas" de factoides e nulidades, enquanto compra rádios para tocar suas músicas até depois de ninguém aguentá-las mais. Ao menor sinal de desgaste desses ídolos, compra-se a imprensa de celebridades e lá vai ela dizer que fulano "arrasta multidões" numa apresentação em algum recanto qualquer do país.
Como hoje o jabaculê musical das FMs ficou mais complicado e menos eficaz, já que a Aemização imperou de vez, apesar de perder audiência a cada ano (pelo menos, o jabaculê esportivo rende mais dinheiro e o rádio FM "lava dinheiro sujo" daqui e dali), os empresários do entretenimento brega-popularesco agora recorrem à classe acadêmica para reciclar seus clientes.
"JABACULÊ UNIVERSITÁRIO"
Daí que, com tanta aberração sob o rótulo "universitário" - do "sertanejo" ao arrocha - , tinha que haver o "jabaculê universitário", vide o livro A Estética Funk Carioca - Criação e Conectividade em Mr. Catra, da antropóloga Mylene Mizhari, um "jabá" feito sob medida diante da ameaça de desgaste do mito Mr. Catra, mais conhecido pelas muitas mulheres e muitos filhos que possui.
É essa a alma de negócio. Se fulano não tem força para fazer sucesso o tempo todo, quando ele sofre uma séria ameaça de cair no ostracismo, vai seu empresário e, com ajuda de "gente humilde" como os donos das Organizações Globo e até do magnata George Soros, financiam uma tese "etnográfica" capaz de fazer até a "Melô do Créu" soar um revolucionário movimento neo-concretista.
Só que o que essa intelectualidade faz é colocar um monte de bobagens e fantasias sob a roupagem de uma linguagem acadêmica, similar ao que Alan Sokal havia denunciado no exterior, há quase quinze anos atrás. Como somos atrasados, ver que até nossos intelectuais são bregas, sempre implantando aqui o que já pereceu no Primeiro Mundo. E ainda dizem que isso é originalidade, pasmem vocês!
A "indústria cultural" brasileira quer que nós nos reduzamos a imitadores do que vem de fora, até de forma bem tardia. Isso permite maior influência dominadora dos EUA sobre nós. Mas dizer isso, de repente, virou coisa de "preconceituoso" e vão os intelectuais "bacanas" invadindo até a imprensa progressista para dizer que pensar assim é "isolar-se do mundo".
Como é que intelectuais têm a coragem de entrar na mídia progressista e, entre falsos ataques a gente como Ali Kamel e a revista Veja para impressionar os amiguinhos, dizer que é o máximo macaquearmos os estadunidenses sob o pretexto de sermos "urbanos", "conectados com o mundo" e até "transbrasileiros"?
Enquanto isso, os ídolos dessa "cultura transbrasileira" mostram aquilo que é óbvio mas que poucos querem admitir: substituímos a cultura brasileira pelo hit-parade, com o agravante de que o "ritipareide" daqui copia o que há de fora, apenas com leves adaptações de contexto, sobretudo o de gravar uma série quase interminável de CDs/DVDs ao vivo quando a "fonte autoral" secar.
Mas aqui mostramos uma tabela que mostra o quanto os "criativos artistas transbrasileiros" nada mais são do que cópias descaradas do que há de fora, sem qualquer acréscimo real para nossa cultura.
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