O cantor e compositor Sérgio Ricardo decepcionou a intelectualidade "bacana". Esta, querendo cooptar a MPB autêntica que julgavam não-buarqueana, acreditava que os emepebistas que não fizessem parte da família ou da "comitiva" de Chico Buarque pudesse ter uma visão aberta ao mercadão do brega-popularesco, o "livre mercado da cultura transbrasileira".
Sérgio, que havia ganho a simpatia de Pedro Alexandre Sanches e outros "bacaninhas" por causa daquele episódio de 1967, quando o cantor quebrou o violão depois de não aguentar a vaia de boa parte da plateia enquanto ele tocava "Beto Bom de Bola", deu uma dura aos popularescos tão queridos pela intelligentzia, atacando sobretudo o "funk".
É o que foi publicado na edição deste mês da revista Caros Amigos, na entrevista intitulada De Bossas, Filmes e Livros, feita pela repórter Lilian Primi, que dirigiu ao cantor as perguntas que aparecem aqui no trecho reproduzido da reportagem:
- Você curte o rap ou o pancadão?
O rock? Reggae...
- Não, rap. Tem muito rap e pancadão nas comunidades...
Essas bobageiras vieram lá de fora, o imperialismo jogou isso em cima da gente e tome consumir o que eles querem. O Chopin tem uma frase célebre, que coloco no meu Face (Facebook), "A Arte deve ser o espelho da alma nacional. Um país que procura a arte estrangeira por ser ela supostamente melhor, não verá jamais sua própria alma". A frase é definitiva. O que acontece no Brasil é exatamente isso. Você não se vê, não vê mais a ama da sua pátria. Não tem nada, só tem bobagem por aí, que a mídia faz com que os bancos paguem, blábláblá, aquela velha história do capitalismo impregnando a cabeça da gente. Tudo o que eles querem é que a gente fique burro, inteiramente imbecilizado, para eles poderem fazer o que bem entenderem.
Esse comentário é um grande balde de água gelada - nada a ver com o modismo dos baldes de gelo - na intelectualidade que queria ver seus breguinhas, funqueiros e quejandos vinculados com a nata da cultura popular brasileira. Mas ouvir um comentário enérgico como esse foi demais para nossa intelligentzia, a qual só resta ficar chorando no campo junto a Lobão e seus "coxinhas".
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