As manifestações direitistas do último dia 15 de novembro, feitas sob o pretexto de celebrar a República e pregando a intervenção militar contra Dilma Rousseff, tiveram um fracasso menor do que aquele ocorrido duas semanas antes, quando expressaram sua revolta contra a eleição da presidenta.
É certo que os movimentos direitistas crescem e existem pessoas assim até no Facebook, gente que inventa qualquer bobagem para justificar a vontade de tirar Dilma do poder. Não compreendem que, mesmo quando se pode discordar do PT, deve-se reconhecer sua vitória eleitoral e não partir para o golpismo neurótico.
Dessa forma, os direitistas que agem assim se comportam como verdadeiros débeis-mentais. E acabam criando uma grande confusão de tal forma que até o Lobão, convertido para uma direita convicta, hesitou em participar de um protesto pedindo a intervenção militar, temendo repercutir mal diante de seus seguidores.
Lobão, apesar do ultraconservadorismo furioso e de agora ser muito amigo do neo-medieval Olavo de Carvalho - algo impensável para quem, três décadas antes, tinha intensas relações de amizade com Júlio Barroso e Cazuza - , afirmou que não defendia o golpe militar, e, apesar disso parecer contraditório, tem sua razão de ser.
Afinal, Lobão tem um passado de rebeldia e uso de drogas que fez ele ficar preso mais de uma vez, o que pode significar que, se houver uma nova ditadura, ele cedo ou tarde seria preso por alguma coisa. A história registra que Carlos Lacerda, o maior defensor do golpe de 1964, foi vítima da ditadura que apoiou, tendo até uma morte suspeita, embora aparentemente "natural", em 1977.
A própria ditadura era paranoica e seus militares nem sempre se entendiam. Olímpio Mourão Filho comandou as tropas que, em seus tanques, rumaram de Minas Gerais para o Rio de Janeiro efetivar o que chamavam de "revolução", foi deixado de lado por outros generais que tomaram o poder, e nos bastidores o generalato era marcado pela fogueira das vaidades e disputas de poder.
O Brasil já está sofrendo os efeitos danosos de uma ditadura militar que provocou uma séria crise de valores. E, quando estamos tentando resolver as feridas do país, eis que há uma delirante direita que investe em qualquer desculpa para querer que o PT saia do poder. Agindo assim, eles acabam fortalecendo o PT que eles querem tanto combater. Raiva demais atrapalha.
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