Dias atrás, a atriz Letícia Sabatella cometeu uma lamentável gafe que somente é "bom exemplo" para a "galera tudo de bom" (que na verdade é tudo de ruim) que povoa as mídias sociais, desde os golpistas de boate que se escondiam na comunidade "Eu Odeio Acordar Cedo" no Orkut.
Em estadia em Brasília para a temporada local da peça Trágica.3, Letícia foi se divertir com amigos na boate Taypa, na Zona Sul da cidade, e exagerou nas doses de vodca que bebeu. De tão animada, ela se embriagou tanto que ficou deitada no chão, na saída da boate, sem poder se levantar. Teve que ser ajudada por uma amiga para ficar em pé.
É o que a dita "galera tudo de bom" entende como "aventura irada" ou "maó curtição, brou". Letícia bebeu até cair, se animou na badalação e, com a cara cheia e a mente zonza, a gata caiu no chão e teve que ser ajudada para levantar.
Se ela se recompõe no dia seguinte (o que, com certeza, ocorreu), a "galera tudo de bom" (misto de Instituto Millenium com rave e mídias sociais) entende como "ato heróico", como se fosse uma vitória passar incólume por uma aventura dessas. Até o dia em que um câncer no fígado não permitir mais sobreviver sequer a uma dor de barriga.
Já no Facebook eu notei que teve muita gente aprovando a atitude de Letícia Sabatella. Certo, ainda não são os "Bolsonaros de rave" que tive que enfrentar no "Eu Odeio Acordar Cedo" (cujo reacionarismo faz a marcha pró-ditadura parecer uma edição ao ar livre do festival Ploc 80's), mas preocupa essa alegria toda em torno de uma embriaguez festiva.
Letícia, atriz talentosa, ativista notável, cantora esforçada, mãe de uma moça crescida e, além disso, iniciando uma nova relação conjugal, é uma celebridade formadora de opinião, e isso torna-se um péssimo exemplo para a sociedade, apesar dos aplausos feitos pelo pessoal que já enche a cara normalmente.
O pessoal acha divertido se embriagar, ficar caído no chão e coisa e tal. Tudo é bacana na ocasião da festa. Mas, daqui a poucos anos, essa festa poderá antecipar as tragédias que ocorrem com tanta gente na casa dos 55 anos. E o pior é que não falta muito para o pessoal que aplaudiu Letícia chegar a essa idade, sobretudo ela.
Recentemente, tivemos o caso da atriz norte-americana de ascendência latina, Elizabeth Peña, que havia feito La Bamba (1987) e ultimamente participava de Família Moderna (Modern Family). Ela faleceu de cirrose poucas semanas de completar 55 anos, em outubro passado.
O que preocupa é que a festa da embriaguez é muito divertida quando é vivida nos áureos tempos dos 18 aos 40 e tantos anos, mas com toda a alegria que isso pode causar, essa festa da bebedeira quase sempre gera uma ressaca não muito feliz, e não raramente trágica.
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