Todo mundo erra, é verdade. Mas pelo jeito as pessoas estão errando demais.
Isso está virando um pesadelo, causando mau estar. E isso porque está provocando uma inversão de valores.
Agora, quem demonstra saber, coerência e integridade é que são amaldiçoados na Internet, num meio em que idiotas brincam de ser "intelectuais" para usarem desculpas das mais diversas para proteger suas convicções.
A sordidez mais parece um pré-vestibular para falsos certinhos que se tornam pretensas unanimidades.
Até a Rádio Cidade (102,9 mhz), para chegar a essa fase "mamãe eu quero ser a Fluminense FM" dos últimos meses, cometeu vergonhosos erros que se deixou passar sem crítica.
Ou, se alguém contestava, como eu, os "bolsocidadãos" estavam a postos para fazer sua réplica violenta, enquanto a emissora fazia sua "Jovem Pan com guitarras" para chegar a esse arremedo "correto", a esse pastiche sem alma da Flu FM que se tem hoje nos 102,9 mhz.
É o "espírito" do tempo. Um tempo em que pessoas de 40 a 69 anos cometem gafes e outros erros (e até crimes) com uma intensidade que antes se via na adolescência. Um tempo em que jovens adultos tentam explicar sua burrice com simulacros de argumentação intelectual.
Que sabedoria se pode encontrar no Brasil? Evidentemente, longe desse establishment da estupidez e da incoerência.
É um país que fica tranquilo porque os envolvidos na plutocracia se desentendem mutuamente.
O PSL, partido do governo, é uma alcateia de lobos que agridem e devoram uns contra os outros.
Tivemos o Supremo Tribunal Federal censurando Crusoé e O Antagonista, ambos da empresa Empiricus (da farsa da Bettina, que prometia uma fórmula "milagrosa" de ganhar dinheiro), que era uma das instituições que apoiaram o golpismo político dos últimos anos.
E agora temos Deltan Dallagnol recebendo processo disciplinar porque chamou a segunda turma do STF de "panelinha".
Dias atrás foi divulgado um áudio no qual o presidente Bolsonaro, através de nota divulgada por Lauro Jardim em O Globo:
"Bolsonaro tem estimulado alguns de seus líderes a descerem a borduna no vice.
A coluna teve acesso a um áudio de WhatsApp em que Bolsonaro lança algumas de suas marcas registradas verbais ("valeu aí" e "é isso aí") para agradecer e, mais grave, incentivar um aliado que lhe informara que vinha criticando Mourão nas redes sociais.
Em outro diálogo, com uma frase, Bolsonaro prevê que a batalha doméstica contra o companheiro de caserna vai perdurar pelos próximos três anos anos. Mais: dá a entender que pensa mesmo em disputar a reeleição. "Em 2022, ele vai ter uma surpresinha". Palavras de capitão".
Olavo de Carvalho, guru de Jair Bolsonaro, e os três filhos de Jair (Carlos, Eduardo e Flávio) andaram também atacando os generais.
Eles pressionaram Jair para mandar esses críticos "baixarem a bola".
Estamos num clima horrível para o Brasil. Um clima que os internautas reaças que, desde o tempo do Orkut ou até antes dele, "odiavam acordar cedo" para a vida, deixaram produzir e se ampliar.
Hoje todos se acham no "direito de errar", mesmo cometendo desastres diversos. Frequentemente esses reaças digitais falam besteira e cometem crimes, e primeiro fazem o pior para recuarem ou pedirem desculpa depois do estrago feito.
Mas esse "orgulho de ser errado" está indo além dos limites e só os arrivistas é que "têm o direito de acertar" depois de terem transformado no erro em seu trampolim.
Os arrivistas não arrependeram dos antigos erros, apenas se aposentaram deles e, eventualmente, manifestam seu orgulho de terem chegado onde estão através deles.
De que adianta eles bancarem os certinhos, num país em que os verdadeiros corretos viram "vidraça" nas redes sociais?
Os atos errados acabam se tornando a "receita do sucesso" para os futuros "certinhos de proveta" que, nem por isso, passarão a se tornar íntegros.
Falta aquele respeito humano, aquela responsabilidade social, aquela consciência do risco de assumir alguma atitude.
Hoje se vê a farra dos que cometem desastres hoje para forjar um bom-mocismo amanhã.
Será que o Brasil será sempre um país onde todo mundo erra demais para bancar a certinha depois?
Tudo virou uma bagunça. E o Brasil acaba virando refém desse viralatismo existencial.
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