Terminou em tumulto a reunião na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, que ontem discutiu a proposta da reforma da Previdência Social.
Legado do governo Michel Temer para o sucessor Jair Bolsonaro, a proposta, encampada pelo "superministro" Paulo Guedes, quer editar no Brasil o padrão de Previdência Social que o próprio Guedes ajudou a implantar na ditadura de Augusto Pinochet, no Chile.
A sessão foi mediada pelo presidente da CCJ, Felipe Francischini, do PSL paranaense.
Guedes esteve na CCJ para debater com os parlamentares a proposta, com o objetivo de encaminhar para o Legislativo.
O "superministro" esbanjava muita arrogância. Sobretudo quando debateu com os deputados da oposição, de partidos como o PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) e o PT (Partido dos Trabalhadores).
Acusado de beneficiar os mais ricos, Guedes debateu acusando os petistas de favorecerem empresários da JBS e diretores do BNDES.
“Vocês estão há quatro mandatos no poder. Por que é que não botaram imposto sobre dividendo? Por que é que deram benefícios para bilionários? Por que é que deram dinheiro para a JBS? Por que é que deram dinheiro para o BNDES?", perguntou, irritado, Paulo Guedes.
Em outra ocasião da discussão, Guedes, aumentando o tom de sua arrogância, disse que aqueles que não acham a reforma da Previdência necessária devem ser "internados".
"Quem acha que não é necessária? É um problema sério. É caso de internamento. Tem que internar", disse o ministro "super pavio-curto".
Guedes não foi claro em como vai adotar a aposentadoria dos mais pobres, segundo sua proposta, ou como irá cobrar tributos aos mais ricos.
O tom da discussão já era inflamado, até que o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR), filho de José Dirceu, resolveu criticar o ministro.
"Eu tõ vendo, ministro, que o senhor é 'tigrão' quando é com os aposentados, com os idosos, com os portadores de necessidades, o senhor é 'tigrão' quando é com os agricultores, com os professores, mas é 'tchutchuca' quando mexe com a turma mais privilegiada do nosso país", disse Zeca.
A declaração é referência ao sucesso do "funk" do Bonde do Tigrão, cuja letra machista se referia às mulheres submissas como "tchutchucas" e aos homens atrevidos, como "tigrões".
Houve um tumulto e uma grande barulheira no local. Guedes, irritado, disse: "Você não falte com o respeito comigo. Tchutchuca é a mãe, tchutchuca é a vó". Guedes parece ter esquecido de xingar o pai do parlamentar, como é de praxe dos anti-petistas histéricos.
Na confusão, a deputada Maria do Rosário, do PT gaúcho, desafeta do presidente Jair Bolsonaro, foi agredida por uma assessora do Ministério da Economia, Daniella Marques.
Rosário chamou a polícia para levar a assessora, denunciada por agressão, para a delegacia da Polícia Legislativa. Daniella foi depor, acompanhada do procurador-geral da Fazenda Nacional, José Levi Mello.
Voltando ao bate-boca, Felipe Francischini pediu para Dirceu e Guedes retirarem as palavras e, pressionado com a confusão, decidiu encerrar a sessão e deixar os debates para hoje.
A confusão influiu na Bolsa de Valores de São Paulo, que fechou com queda de 0,79% no dia em que a bolsa de valores da Ásia fecharam em alta, entre 1% e 2%, com a expectativa do acordo comercial entre EUA e China.
Sabe-se que a reforma da Previdência, nas mãos de Paulo Guedes, tende a sucatear o sistema público e priorizar a previdência privada, sobretudo os próprios negócios do ministro com fundos de pensão.
Atualmente a reforma da Previdência é um dos carros-chefes do governo Jair Bolsonaro, e tende a ser prejudicial para as classes trabalhadoras, que praticamente não serão mais amparadas e terão que continuar trabalhando para poderem sobreviver.
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