Várias coisas sombrias ocorreram no Brasil de hoje, mais precisamente o Rio de Janeiro.
No último domingo, um músico e segurança, Evaldo dos Santos Rosa, foi vítima de um massacre provocado por militares do Exército, em Guadalupe.
Eles alvejaram o carro com mais de 80 tiros. O sogro do músico saiu ferido. No carro, além dos dois, estavam o filho de Evaldo, a esposa dele, Luciana, e uma outra mulher.
Um pedestre que tentou dar socorro às vítimas também ficou ferido.
Luciana pediu socorro aos militares, que reagiram com deboche. Eles achavam que haviam matado um "bandido", mas Evaldo, muito querido na sua comunidade, não tinha antecedentes criminais.
Era um inocente que se somou às estatísticas de centenas de inocentes mortos pela violência carioca.
O incidente ocorreu no mesmo dia que três truculentos homens, num protesto pró-Lava Jato, agrediram uma mulher que atravessava o local e gritou "Lula Livre".
Sob a desculpa de que evitavam que a mulher fosse agredir usando um objeto, eles tentaram enforcá-la diante de uma multidão em São Paulo.
Os agressores foram identificados. Um casal "gay de direita", o engenheiro Jaderson Santana e seu companheiro Eliezer e o empresário Francisco Medeiros.
Apesar de ter ocorrido em São Paulo, essa truculência segue o "pragmatismo" que é muito comum nos rincões ultraconservadores do Sul e Sudeste, no qual o Rio de Janeiro é seu maior reduto.
E aí tivemos o temporal. Na noite de anteontem não deu para usar o computador devido a muitos raios, que fazem a fotossíntese que as árvores enfraquecidas pela erva de passarinho não têm mais condição de fazer.
Há muitos desastres no Rio de Janeiro, resultantes desse pragmatismo viciado que faz com que cariocas e fluminenses se contentem com pouco.
Aqui em Niterói, então, onde as pessoas se irritam ao serem alertadas pelos próprios problemas, como quem não aguenta ouvir conselhos, a situação das chuvas, evidentemente, é tão grave.
O Rio de Janeiro é que ganhou visibilidade maior pelas ocorrências. Até a edição deste texto, dez pessoas morreram na ex-Cidade Maravilhosa.
Vários lugares foram inundados e, mais uma vez, a ciclovia Tim Maia, em São Conrado, desabou.
Em Niterói, vários imóveis no Morro do Cavalão, entre Icaraí e São Francisco, desabaram.
Há um grande rastro de destruição que é rotineiro nesse Rio de Janeiro que pensa que o mito do "Rio 40 Graus" é positivo, de praia, Carnaval, Maracanã lotado, borogodó, ginga, bossa ou o estereótipo da "mulata assanhada".
O lado cruel do "Rio 40 Graus" é que é real: deslizamento de terra, alagamentos, gente morrendo, água da enchente contaminada e escondendo fiação elétrica solta, o que pode matar as pessoas por choque elétrico.
É trovoada, vendaval, trânsito congestionado, compromissos profissionais cancelados, atraso no trabalho no caso de ser possível chegar ao seu ambiente.
Tudo isso é tragédia cotidiana, num Rio de Janeiro que teima em aceitar retrocessos porque "dá para viver".
Um Rio de Janeiro que se contenta com pouco, porque "não é aquela maravilha, mas é melhor que nada" sofre as consequências e paga o preço caro dessa mania de aceitar as coisas precariamente.
Culpam os políticos pelo descaso público, mas a própria "cultura" fluminense é que mantém uma situação ambiental degradante, com árvores fragilizadas e morros ocupados por favelas.
E imaginar que tem gente idiota achando que ar condicionado - mesmo sem manutenção nem limpeza adequadas - substitui o ar puro que não se tem nas ruas. Quanta tolice.
O Rio de Janeiro deixou como legado eleger pessoas como Eduardo Cunha e Jair Bolsonaro e a antiga capital federal hoje contribui para o sucateamento do Brasil.
Porque, se não fossem as votações para Cunha e Bolsonaro em 2014, o Brasil não teria vivido o pesadelo golpista que vivemos nos últimos três anos.
É um pesadelo tão grande que nem os bolsonaristas e reaças em geral estão gostando de viver.
Um desastre recente do governo bolsonarista é a queda de Ricardo Velez Rodriguez, Abraham Weintraub, ligado ao mercado financeiro e também indicado por Olavo de Carvalho.
O desavisado que acreditou que seria uma troca por critério técnico, se enganou. Foi aquela troca que vai dar no mesmo.
Mas mesmice é o paraíso dos pragmáticos, e dessa forma, o pessoal do Rio de Janeiro e de Niterói deve estar defendendo a unificação das zonas municipais.
Em vez de haver Zona Norte, Zona Sul e Zona Oeste, se terá uma só: a Zona de Conforto. Até que o próximo temporal venha provocar novos estragos.
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