Falecida hoje, devido a uma infecção generalizada, a sambista Beth Carvalho é considerada uma das grandes mestras do gênero.
O que ela fez para a cultura brasileira ficará na memória e na história da Música Popular Brasileira.
Foi um dos nomes que lutou para permanecer o legado do rico patrimônio musical brasileiro, cada vez mais condenado a ser peça de museu (de preferência um Museu Nacional sob chamas).
A intelectualidade "bacana" finge admirar o rico patrimônio musical, porque, evidentemente, sempre quis enfiar o joio da bregalização no trigo da MPB.
E Beth Carvalho, também uma das figuras progressistas mais dedicadas do Brasil, filha de um esquerdista e esquerdista como ele, deu uma grande lição nos funqueiros.
Estes, que muito se passaram de "bons esquerdistas" em troca de umas verbas da Lei Rouanet, fizeram todo tipo de vitimismo.
E usaram o samba para forjar esse coitadismo, tentando nos fazer acreditar que a sociedade de 1910 e 2010 são rigorosamente a mesma coisa.
Só que esses "cabos anselmos" pós-modernos se esqueceram que a sociedade moralista rejeitou o samba porque o moralismo elitista era tão rígido que via pornografia até em moça bem vestida mostrando um dedo do pé.
Muito diferente do "funk", rejeitado por uma sociedade moralmente mais aberta, mas nem por isso receptiva, por exemplo, a funqueiras que balançam os glúteos na cara da plateia.
A lição de Beth Carvalho foi denunciar que o "funk" era agente da CIA. Disse ela:
"O samba perdeu espaço para o funk. (...) Isso tem tudo a ver com a CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA), que quer acabar com o samba. É uma luta contra a cultura brasileira. Os Estados Unidos querem dominar o mundo através da cultura. Estas armas dos morros vêm de onde? Vem tudo de fora. Os Estados Unidos colocam armas aqui dentro para acabar com a cultura dos morros, nos fazendo achar que é paranoia da esquerda. Mas não é, não".
Muita gente apoiadora do "funk" caiu na gargalhada, gente que se dizia "de esquerda" reagindo como se fosse bolsomínion.
Esse pessoal acha ridículo o "funk" ser agente da CIA, sempre nos fazendo acreditar que o ritmo, surgido do miami bass da Flórida reacionária, "nasceu no Quilombo de Palmares".
Mas Beth Carvalho tem razão.
Vejamos quem apoia o "funk". Instituições como o Observatório das Favelas e o Instituto Overmundo são patrocinados por organizações ligadas à CIA, a Fundação Ford e a Open Society Foundation, do multimilionário George Soros.
São entidades que tentam comprar a domesticação das esquerdas identitárias, minimizando a força dos movimentos sociais, sob a desculpa de "viabilizá-los financeiramente".
Essas instituições "filantrópicas" atuam como "espiãs" dos movimentos de esquerda, com o objetivo de reduzir o teor dessas manifestações, criando uma "esquerda cordeirinha" de "socialistas de comercial da Benetton".
O "funk" nunca foi esquerdista, porque se serve de referenciais culturais herdados da bregalização televisiva do SBT, Bandeirantes, Record e, antigamente, da TV Tupi dos últimos anos e, recentemente, da Rede TV!.
A intelectualidade "bacana" queria vender essa bregalização como "movimento libertário de esquerda", mas as emissoras de TV que produziram essa cultura se manifestam, hoje, bolsonaristas.
Exceto a Rede Globo, que transformou o "funk" em "movimento sócio-cultural", mas ela também nunca foi esquerdista, embora preferisse o PSDB.
Em todo caso, não colou esse papo de "riqueza musical" do "funk", feita por intelectuais porraloucas e "esquerdistas fashion", porque, ouvindo os funqueiros, sempre há um rigor estético nivelado por baixo, dentro da "ditabranda do mau gosto".
Muito diferente é e sempre foi o samba autêntico, cheio de variantes rítmicas e dotado de uma diversidade musical muito grande.
E Beth Carvalho se foi, mas deu sua valiosa contribuição para o ritmo que se tornou patrimônio histórico brasileiro.
Beth Carvalho foi uma grande batalhadora pela memória cultural brasileira. Agora, ficam suas lições para serem respeitadas e seguidas. E fica a gratidão de todos nós a essa importante artista brasileira e ativista das causas progressistas.
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